Polícia busca provas contra 'fake news' de venda de sentenças por desembargadores na Bahia

Foto de revista que acusa magistrados foi espalhada pelo Whatsapp

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  • Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2019 às 11:06

- Atualizado há um ano

Uma operação do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) da Polícia Civil da Bahia cumpriu quatro mandados de busca no estado e em São Paulo nesta quarta-feira (24). Foram apreendidos computadores, celulares e outros dispositivos móveis nas cidades de Barreiras, Formosa do Rio Preto, no Oeste baiano, e na capital paulista.

De acordo com a Polícia Civil, a operação busca identificar autores de "ações caluniosas contra juízes e desembargadores baianos" e foram iniciadas após denúncia dos magistrados sobre a publicação em uma revista. 

Foram alvos dos mandados uma residência em Barreiras e outra em Formosa do Rio Preto, um escritório de advocacia em Barreiras e uma editora em São Paulo.

"O material será analisado pelo Departamento de Policia Técnica para avaliar se houve ou não participação de suspeitos na produção da publicação", afirmou o diretor do Draco, delegado Marcelo Sansão.

Em nota enviada ao CORREIO, o Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA) se limitou a afirmar que "aguarda as informações que devem ser prestadas pela policia que desencadeou a operação". Os desembargadores e juizes não se manifestaram sobre o assunto. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) afirmou não acompanhar o caso.

O conteúdo que desencadeou a investigação utiliza fotos de desembargadores e juízes do TJ-BA os acusando de vender sentenças judiciais no Oeste baiano. Conteúdo taxava desembargadores e juízes como 'quadrilha' (Foto: Reprodução) Em maio deste ano a Associação dos Magistrados da Bahia (Amab) emitiu uma nota de repúdio sobre o assunto. Nela, a entidade afirma que uma "revista fake" circulava apresentando matéria intitulada “Era uma vez no Oeste” difamando magistrados baianos.

"Em uma atitude criminosa e covarde, ao lançar uma notícia falsa e sem identificação do autor, a publicação apócrifa produz informações com ilações sem base jurídica, agressões verbais e sem qualquer compromisso com a verdade, no intuito de constranger e intimidar, sem êxito, o Poder Judiciário baiano", diz a nota.

A Amab afirmou que o conteúdo era "uma agressão à magistratura, com ofensas à honra de vários cidadãos".

"Ataques à magistratura e ao Poder Judiciário se distanciam dos propósitos democráticos e representam ofensa à própria sociedade. A Amab, em nome dos magistrados baianos, reafirma seu posicionamento de relação harmoniosa e de colaboração recíproca com todos os segmentos da sociedade", disse a entidade na nota de maio.