Polícia prende mulheres que aplicavam golpe de falso aluguel na Barra, Graça e Vitória

Criminosas anunciavam imóveis pelo OLX; lucro foi de R$ 6 mil

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  • Tailane Muniz

Publicado em 24 de setembro de 2019 às 15:41

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação/Polícia Civil

Duas moradoras do bairro da Barra, um dos mais turísticos de Salvador, lucraram cerca de R$ 6 mil aplicando golpes que envolviam o anúncio de apartamentos de áreas nobres da cidade que sequer estavam disponíveis para venda ou locação.

As amigas Rosimeire Cruz Casaes, 49 anos, e Suiane dos Santos Rodrigues, 25, agiam há cerca de dois meses. Nesta segunda-feira (23), quase fizeram mais uma vítima, quando chegaram a receber R$ 1.750 de um jovem, que pretendia alugar um imóvel no local.

A negociação, que terminou com a prisão em flagrante da dupla, foi realizada por uma equipe do Serviço de Investigação (SI) da 14ª Delegacia (Barra). Titular da unidade, a delegada Carmen Dolores Bittencourt apresentou Rosimeire e Suiane à imprensa nesta terça-feira (24). A Polícia Civil investiga o envolvimento de uma terceira mulher nos golpes.

Embora ambas neguem o crime, a polícia afirma que a dupla agia nas regiões da Barra, Graça e Vitória. A dinâmica dos golpes, explica a delegada, variava de acordo com a disposição das vítimas, que em alguns casos questionavam o porquê da obrigatoriedade de fazer um depósito antes de ter contato com o imóvel.

"Eu me ative aos casos da região em que cubro, mas pode ser que existam situações em outros pontos da cidade. A Barra é um bairro turístico, o que facilita esse tipo de golpe", explica a delegada. Ela acrescentou ainda que, no caso do imóvel anunciado pela dupla na última tentativa, o verdadeiro proprietário afirmou não ter nenhuma intenção de alugar ou vender.

A polícia diz ainda que Suiane e Rosimeire não só anunciaram o imóvel, como chegaram a receber um valor antecipado, conhecido como um sinal - espécie de adiantamento do dinheiro para que dessem a preferência àquele interessado.

"Com imagens falsas, elas divulgaram imóveis reais, mas não necessariamente disponíveis para vender, ou mesmo imóveis da cidade. Sempre abaixo do valor do mercado, mas não tão abaixo, para que fosse convincente", pontua a delegada. Foto: Polícia Civil/Divulgação O golpe A polícia explicou como as mulheres agiam para tentar convencer os interessados. Primeiro, anunciavam um imóvel existente com fotos atrativas, tanto do interior do apartamento quanto da região onde ele fica localizado. Quando um interessado entrava em contato, elas pediam o valor do "sinal" para segurar o apartamento, sob o argumento de que, com o valor abaixo do mercado, existiam outros interessados. 

"Um imóvel de R$ 1.200, por exemplo, elas negociavam por R$ 900. Colocavam alguma coisa para atrair, alguma facilidade. Com isso, não necessariamente chegavam a marcar um encontro com a pessoa. No caso de ontem, sim, encontraram o rapaz, e tinham chaves de um lugar que definitivamente não abriria a porta do imóvel que anunciaram, mas quando conseguiam esse depósito antes, não avançavam a esse ponto", explica a delegada. 

Quando se encontravam com os interessados, contudo, o imóvel mostrado nunca era o mesmo que o do golpe anterior. Esses dados levam em conta os quatro apartamentos usados para a prática e que chegaram até o conhecimento da polícia.

O jovem, que por pouco não foi vítima do golpe, disse à delegada que até chegou a desconfiar que havia algo errado. Ele estranhou o fato de, quando chegou em frente ao prédio onde alugaria o imóvel para encontrar Suiane, ter recebido a orientação dela para que aguardasse com Rosimeire, do lado de fora do edifício, enquanto ela ia buscar as chaves.

"Ele já tinha até entregue o dinheiro a elas. Toda a negociação foi feita em um shopping, por volta das 16h, mas chegamos a tempo de realizar o flagrante. Isso porque elas já estavam sendo investigadas, assim como a terceira pessoa, uma criminosa que a gente também já investiga", esclarece Carmen Dolores.

Durante a coletiva, as amigas, que não têm histórico criminal, mantiveram os rostos cobertos por uma camisa e apenas negaram os estelionatos. Segundo a delegada, elas seguem à disposição da Justiça e, caso tenham a prisão preventiva decretada, responderão por estelionato - crime que implica em obter vantagem própria sobre o prejuízo alheio, em geral, por meios fraudulentos.

O CORREIO procurou a OLX, plataforma pela qual elas atuavam. Por meio de nota, a empresa afirmou que "não teve acesso às evidências de que esse caso específico ocorreu na plataforma, mas está à disposição das autoridades para colaborar na apuração dos fatos".

A plataforma disponibilizou ainda dicas para negociação online, para evitar que usuários caiam em golpes. Confira: Tire todas as dúvidas sobre o imóvel com o contato do anúncio. Use o chat e, quando houver o interesse de fato, ligue no telefone informado para validar o número. Não hesite em perguntar e tirar todas as dúvidas; Ligue para o condomínio ou para imóveis vizinhos (busque o telefone na internet, se necessário) e confirme a existência da casa e da locação. Use ferramentas e aplicativos de localização para checar a veracidade do imóvel. Verifique no mapa se as informações estão de acordo com o explicado pelo locatário. Se possível, visite o imóvel antes de efetuar a locação; Formalize um contrato na hora da locação e verifique se os dados condizem com o que foi negociado. Não se esqueça de discriminar tipo e número de cômodos, garagem, entre outros detalhes. Se o imóvel for mobiliado, inclua no contrato a descrição da mobília, a relação de móveis e utensílios e o estado de conservação; Os contratos devem possuir cláusulas que buscam assegurar que nenhuma das partes seja prejudicada. Elas incluem valores da locação, período, quantidade máxima de pessoas para o imóvel, além de dados dos responsáveis, como RG e CPF; Verifique se os dados do contrato conferem com os do proprietário do imóvel. Solicite uma cópia/foto da escritura/IPTU que auxilie na comprovação; Se possível, faça uma vistoria no imóvel com o responsável do anúncio e/ou proprietário, listando toda a relação de móveis e utensílios. Ao fim da locação, faça nova vistoria; Evite fazer depósitos antes de se certificar da veracidade dos dados e de confirmar a existência do imóvel;