Policiais exigem transferência de presos e suspendem atividades na Baixa do Fiscal

Dos 30 presos da Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos, 26 já possuem prisão preventiva decretada

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  • Da Redação

Publicado em 22 de março de 2022 às 19:28

- Atualizado há um ano

. Crédito: (Foto: Haeckel Dias/Ascom-PC (Ilustrativa))

A Delegacia de Repressão a Furtos e Roubos (DRFR), na região da Baixa do Fiscal, em Salvador, suspendeu suas atividades, nesta terça-feira (22), sob o argumento de que 30 presos que estão custodiados no local já deveriam ter sido transferidos para o presídio.    O Sindicato dos Policiais Civis da Bahia (Sindpoc) afirma que, dos 30 presos na delegacia, 26 já possuem prisão preventiva decretada e deveriam estar no sistema prisional. De acordo com o presidente da entidade, Eustácio Lopes, existe uma decisão judicial de 2017 que determina que não deveria existir presos em delegacias, mas o estado não cumpre.    Eustácio afirma que a delegacia já faz a custódia desses presos há cerca de 30 dias e, por isso, as atividades exercidas no local só voltarão à normalidade depois que os presos forem transferidos para o presídio. “Temos mais de mil presos em todas as delegacias da Bahia e isso não deveria acontecer”, diz o presidente. 

Segundo ele, algumas delegacias de Salvador ficam com mais de 150 presos diariamente e isso atrapalha na função dos policiais civis, já que essa função de cuidar dos presos é do agente penitenciário. “Ao invés de investigar os homicídios, que estão sem controle, a gente tem que custodiar presos, a gente não pode mais fazer isso. O preso tem que ser removido após o flagrante”, finalizou. 

A Polícia Civil informou, por meio de nota, que a gestão das vagas no sistema prisional é de atribuição da Secretaria de Administração Prisional (Seap) e que eles realizam diariamente tratativas com a pasta para a transferência de custodiados.    A Seap esclareceu que há um acordo, celebrado entre a pasta e a Polícia Civil, em que os presos com Prisão Preventiva, seriam recepcionados pelo Centro de Observação Penal (COP). “O COP é a porta de entrada para o Sistema Carcerário aos que ingressam ao mesmo uma vez por semana e assim está sendo feito. Na semana passada, a SEAP recepcionou cerca de 60 novos internos oriundos das delegacias de Polícia Civil”, declarou a pasta através de nota.    A Polícia Civil também detalhou que, em julho de 2021, a corporação aderiu ao Programa de Gestão de Riscos, quando foi iniciado o mapeamento dos riscos e consequências da custódia de presos em unidades da Instituição. A proposta do plano de ação, que destaca questões como a segurança do policial, o desvio da atividade investigativa e os elevados custos com a manutenção da custódia, foi apresentada à Secretaria da Segurança Pública (SSP) em fevereiro deste ano.   Procurada, a SSP não respondeu até o fechamento desta reportagem.