'Precisei sair pra proteger minhas crianças', diz moradora do Alto da Terezinha

Em meio a chuvas, Codesal tocou sirene orientando saída da população

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  • Wendel de Novais

Publicado em 9 de abril de 2021 às 17:04

- Atualizado há um ano

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. por Foto: Nara Gentil/CORREIO

A comunidade do Mamede, localizada no Alto da Terezinha, no Subúrbio Ferroviário, foi uma das mais afetadas pelo alto volume de água que caiu em Salvador nos últimos dias. Por lá, durante a madrugada, os acumulados de chuva ultrapassaram 151,2, o que acionou o sistema de alerta e alarme, que emite mensagens sonoras e faladas sobre o risco de deslizamento de terra. A situação ficou tão complicada na região que, com orientação da equipe da Defesa Civil (Codesal), moradores deixaram suas casas e foram encaminhados para um centro de acolhimento instalado em escola municipal nas proximidades até que a situação se normalize.

As fortes chuvas na capital baiana têm afetado muitos bairros da cidade além da comunidade. De acordo com informações da Defesa Civil (Codesal), pelo menos 10 bairros registraram mais de 140 mm de chuva acumulados nas últimas 48 horas e ficaram em alerta para a possibilidade de desabamentos de residências, deslizamentos de terra e invasão de água nas casas. Porém, no Mamede, especificamente, a preocupação foi maior pelo alto volume em um menor período de tempo.

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Famílias abrigadas

Ao todo, seis famílias, sendo seis adultos e sete crianças, precisaram deixar a residência onde vivem para acompanhar a equipe de orientação até o abrigo. Entre estas famílias, estavam quatro mulheres, dois homens, cinco crianças e dois bebês. Uma das mulheres que estão por lá é a ambulante Marta Silva, 38 anos, que precisou levar os filhos ao abrigo depois da água invadir sua residência e os fiscais alertaram sobre o risco do imóvel ceder. 

Ela falou sobre a situação em que sua residência estava, o que a fez entrar no carro da equipe da Codesal para deixar a vida das filhas fora de risco. "A minha casa estava cheia de goteira de água, com muita água mesmo, sem condição de permanecer. Já estava alagando quando o pessoal da fiscalização passou por lá. Fora que ainda tinha o risco de ceder, precisei sair pra proteger minhas crianças", afirmou. 

A ambulante também contou como estava reagindo a tudo e o choque tomou ao precisar deixar tudo que tinha na casa para trás. "Com certeza, não foi fácil sair de casa, deixar tudo que a gente tem lá. É estranho, difícil entender tudo. A gente vê tudo na televisão, mas acha que nunca vai acontecer com a gente. É muito duro. Pelo menos, estamos todos bem, ninguém se feriu", contou Marta, que aguarda o recebimento do aluguel social para deixar o abrigo e procurar outro lugar.  Marta precisou levar filhos para abrigo em escola do Alto da Terezinha (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Plano de prevenção

O Plano de Prevenção de Defesa Civil (PPDC) estabelece normas de acompanhamento das condições do tempo e das situações de risco, a exemplo de deslizamento de terra e alagamentos, realizadas pelo Cemadec e demais setores do órgão, visando prevenir riscos e salvar vidas. Segundo Sosthenes Macêdo, o trabalho de avaliação de localidades em risco e posterior orientação das equipes do órgão continua sendo feito enquanto o volume permanece em alta. 

"Equipes da Defesa Civil de Salvador estão em campo realizando vistorias solicitadas pelo telefone 199, e também procedendo às inspeções previstas no PPDC nas regiões dotadas do sistema de alerta e alarme", declarou. Além da comunidade do Mamede na madrugada, a Codesal acionou as sirenes de alerta em Moscou, no bairro de Castelo Branco, e Bosque Real, em Sete de Abril, ao longo do dia.

*Sob supervisão da subchefe de reportagem Monique Lôbo