Prefeito flexibiliza uso obrigatório de máscaras por autistas

"Foi uma demanda das famílias que nós resolvemos atender", diz Neto

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  • Da Redação

Publicado em 8 de junho de 2020 às 11:35

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arquivo CORREIO

O prefeito ACM Neto anunciou nesta segunda-feira (8) que vai flexibilizar o uso de máscaras para pessoas com autismo. Na semana passada, ele chegou a falar do assunto, dizendo que a prefeitura não criaria dificuldades para famílias com autistas. Um decreto oficializou a medida.

"Foi uma demanda das famílias que nós resolvemos atender. Uma nova sede será construída para a AMA, através da intervenção do deputado João Roma. Hoje, aqui são atendidas 250 família e na nova sede serão 800", afirmou Neto.

A Associação de Amigos do Autista da Bahia (AMA) foi quem solicitou que o uso não fosse obrigatório, já que as pessoas que têm algum transtorno do espectro autista podem ter dificuldades para colocar a máscara, usando-a incorretamente ou se recusando a usar a proteção facial. 

O deputado federal João Roma (Republicanos) também fez um ofício pedindo essa flexibilização, incluindo ainda pessoas com deficiência intelectual ou algum outro tipo de deficiência que implique em dificuldade no uso da máscara.

O vice-presidente da AMA, Leonardo Martinez, comemorou a decisão. Ele explicou que o equipamento causa incomodo e agonia nesses pacientes, e disse que essa era uma reivindicação antiga dos pais. A recomendação da Associação é para que as pessoas fiquem em casa e nas situações em que o autista não tiver problemas em usar a máscara, façam uso do equipamento. Ir à rua sem a proteção somente se não houver outra solução.

“Muitos autistas não usam a máscara por uma impossibilidade. Existem relatórios técnicos, por exemplo, que afirmam que eles sentem dor, então, não é um simples incomodo. Um relatório técnico da Universidade Federal da Bahia atesta que com o comportamento e com a impossibilidade de uso da máscara por parte dos autistas, porque muitos deles lambem a máscara e empurram para o interior da boca, ela deixa de ser um equipamento de proteção individual e passa a ser um meio de contaminação. Então, é muito importante saber tecnicamente o motivo dessa flexibilização, porque ela causa inclusão social e qualidade de vida”, afirmou.

Giovana Oliveira, 22, é mãe do pequeno Jonatas, de apenas 3 anos. Ela contou que já tentou diversas formas de fazer o filho usar a máscara, mas todas falharam. Os dois passam por constrangimento sempre que precisam sair de casa.

“Ele não gosta, e fica bastante inquieto. Ele morde a máscara, coloca a mão, depois tira e põe a mão na boca ou no olho. Ele também não deixa a nossa (dos adultos), quer pegar e mexer. É difícil porque preciso ir ao mercado ou à farmácia, e muitas vezes não tenho com quem deixá-lo. Preciso levar ele comigo, mas aí as pessoas ficam olhando e falando pelo fato dele estar sem máscara”, contou.

Com a nova medida, os responsáveis por esses pacientes vão poder apresentar o laudo médico que atesta o autismo para ter acesso ao interior das lojas, e os estabelecimentos poderão liberar a entrada dessas pessoas sem correr o risco de serem penalizados pelo fato do cliente estar sem o equipamento de proteção individual.

Cestas básicas Também nessa segunda-feira, a prefeitura entregou 250 cestas básicas para a AMA. Cada uma delas tem 18 itens, além de produtos de higiene. Elas serão destinadas às 250 pessoas que são atendidas pela instituição. Os pacientes têm de 2 a 37 anos.

O vice-prefeito Bruno Reis aproveitou para anunciar que a prefeitura vai construir uma nova sede da instituição. Atualmente, ela funciona em Pituaçu e vai mudar para a região do Curralinho, na Boca do Rio.

A construção vai retirar a entidade do aluguel e permitir que o número de pessoas atendidas seja ampliado de 250 para 800. O recurso R$ 12 milhões é do governo federal e foi conseguido através da iniciativa do deputado federal João Roma. O projeto está pronto para licitação.

“A prefeitura cedeu o terreno para a AMA e também fez o projeto executivo para a construção da nova sede. Com a articulação do deputado federal João Roma nós viabilizamos esse recurso através do FNDE (Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação). O Ministério da Educação entendeu que por eles (AMA) desenvolvem trabalhos de educação para crianças com espectro autismo poderia executar essa obra por meio de recurso da Educação. O recurso já está sendo empenhado, e à medida que for liberado a prefeitura fará a licitação”, afirmou.