Prefeitura entrega apartamentos para moradores da antiga Cidade de Plástico

No total, serão 257 família beneficiadas com moradias, escolas e outro equipamentos

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  • Da Redação

Publicado em 6 de abril de 2018 às 18:13

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Evandro Veiga/CORREIO

Foram mais de dez anos morando em barracos de lona e madeira até que na manhã desta sexta-feira (6) os moradores da comunidade Guerreira Zeferina, no bairro de Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador, receberam os primeiros apartamentos. O local, que era conhecido como Cidade de Plástico, foi revitalizado pela prefeitura e ganhou novos equipamentos.

Os moradores contaram que, quando foram morar na comunidade, o local era, na verdade, um imenso espaço deserto ao lado da Estação de Trem de Periperi. Sem dinheiro para construir as próprias casas, as famílias usaram pedaços de madeira e lonas plásticas para levantar os barracos, o que resultou no apelido de Cidade de Plástico. A pescadora Raquel foi uma das primeiras moradoras da comunidade (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) A pescadora Raquel Santana, 60 anos, contou sobre o sufoco que passou no começo de tudo. “A gente não podia entrar no terreno com material de construção. Era proibido, porque era uma invasão. Então, pegamos pedaços de madeira que tinha no local, alguns pedaços de plástico e começamos a fazer os barracos. Era um calor terrível lá dentro, e a gente não tinha nem água nem luz elétrica”, contou ela.

Em 2013, a prefeitura resolveu revitalizar o espaço e construir moradias dignas para as famílias que viviam naquele local. Os moradores sinalizaram nas reuniões a necessidade de uma escola e de uma quadra esportiva. Na manhã desta sexta, o prefeito ACM Neto entregou o que a comunidade pediu. Foram 125 apartamentos que fazem parte da primeira etapa da obra. A segunda vai contemplar mais 132 famílias, totalizando 257 imóveis. Para ACM Neto, a ação foi a representação de um sonho. Prefeito durante o evento (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) Mudanças Durante o discurso, o prefeito lembrou, emocionado, que foi mal recebido da primeira vez em que esteve na comunidade e que alguns moradores atiraram pedras. “Essa é uma obra marcante e histórica. Quem sabe o que era a cidade de plástico e quem vê o que é hoje a comunidade Guerreira Zeferina pode traduzir a dimensão do que foi feito aqui. Nós temos hoje o mais bonito conjunto habitacional popular do Brasil, onde era um local sem condição nenhuma de vida”, disse. Jovens brincam na quadra entregue junto com o condomínio (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) O novo condomínio tem apartamentos de 2 e 3 quartos, distribuídos em 10 prédios, sendo que 20 das moradias são adaptadas para pessoas com deficiência. Ele fica entre a linha férrea e o mar e tem 20 mil metros quadrados. O investimento total é de R$ 21 milhões com recursos da prefeitura.

Na segunda etapa, serão inaugurados os 132 apartamentos restantes, divididos em outros cinco blocos, além do centro comunitário, quatro boxes comerciais, distribuídos em dois quiosques, um parque infantil, uma academia de saúde, um espaço de lazer e convivência e estacionamento. Moradores visitam o novo condomínio (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) A Secretaria Municipal de Infraestrutura e Obras Públicas (Seinfra) é responsável pela obra, através da Superintendência de Conservação e Obras Públicas (Sucop). A prefeitura ainda não definiu o prazo para a entrega da última etapa.

Enquanto o condomínio está sendo erguido, os moradores estão recebendo auxílio-moradia da Secretaria Municipal de Promoção Social e Combate à Pobreza (Semps) para viver em casas de aluguel. A escola foi construída dentro do condomínio (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) Escola No terreno foi construída a Escola Municipal Guerreira Zeferina. A creche e pré-escola era uma reivindicação da comunidade. Com 830 m², ela tem capacidade para atender até 200 crianças. O prédio tem dois pavimentos, 10 salas de aula, três salas de descanso, diretoria, secretaria, sanitário, solário, playground, cozinha, dispensa, espaço para freezers, lavanderia e área de serviço.

Para a auxiliar administrativa Cira Paz, 50, o que mais chamou a atenção foi o tamanho da escola e o quanto ela é arejada. As duas filhas dela, as pequenas Catarina Leri, 3 anos, e Alice Miranda, 2, serão estudantes. “A escola ficou muito bonita. Tentei colocá-las em outras escolas, mais próximo de casa, mas eles não atendem crianças com 2 ou 3 anos. Essa escola veio na hora certa”, afirmou. Escola terá capacidade para atender até 200 crianças (Foto: Evandro Veiga/ CORREIO) Os moradores também estão recebendo cursos e oficinas de capacitação, como pedreiro, eletricista, produção de vídeo, doces e salgados, cuidador de idoso e de liderança. A entrega do condomínio faz das comemorações pelos 469 anos de Salvador.