Presença da Física no dia a dia é ferramenta de aprendizado para o Enem; entenda

Professores dão dicas de como perceber e usar a onipresença da disciplina a seu favor no exame

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  • Wendel de Novais

Publicado em 25 de agosto de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Pixabay

No pão dormido, na garrafa de café e até nas roupas no varal. A Física, disciplina das mais temidas pelos estudantes que vão prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) 2021, está em todo lugar e explica muitos fenômenos que até sabemos que acontecem, mas não entendemos o motivo. E é justamente o processo de assimilar a razão pela qual o pão fica rígido, o café permanece em alta temperatura no quente-frio e as roupas secam com mais velocidade ao vento, que pode facilitar a aprendizagem, dizem professores, que afirmam, ainda, que a matéria pode deixar de ser dor de cabeça quando o fenômeno físico é ligado ao conceito na mente dos alunos. 

Alessandro Barros, professor e coordenador da Licenciatura em Física do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia (Ifba) no Campus Salvador, salienta a importância de se questionar e aprender o porquê das mais simples decisões. "Em termos gerais, os estudantes não conseguem fazer a relação entre a física da sala de aula com a física do seu dia a dia. E muitas decisões que eles tomam são baseadas em física. Por exemplo, quando está frio, escolhe a roupa com tecido mais grosso sem saber explicar que aquele tipo de roupa é um condutor térmico pior, que o calor vai se transmitir por ele com dificuldade maior", diz Barros.

Para todo lado

Ainda segundo o professor, que também é supervisor do Programa Institucional de Iniciação à Docência (Pibid) no Ifba, tentar observar e relacionar conceitos pode facilitar o processo de aprendizado na sala de aula. "É fundamental fazer essa ligação entre coisas simples e a física. Quando o aluno vê isso na prática, assimila melhor o conteúdo porque entende o conceito e não decora a fórmula. A física vai além das equações. O Enem hoje é mais que resolver exercícios, ele traz coisas do seu dia a dia para você analisar e resolver o problema", explica.

O professor Joelson Souza, que dá aula no Colégio Antônio Vieira, concorda e salienta que esse tipo de assimilação casa perfeitamente com a prova desde 2009 para cá. "Parece que o que eles vêm na física não tem nada a ver com a realidade. Para minar isso, a gente inverte a lógica. Começamos a partir do fenômeno para a teoria. Física é uma ciência que estuda a natureza, a vida deles. Então, a grande sacada é trazer esse cotidiano para a sala de aula", diz Souza, alertando que não é com todo conteúdo que dá para fazer isso.

Estudantes

Geovanna Cairo, 17, até se dá bem na parte teórica da matéria, mas diz ter dificuldade com as contas e fórmulas, que pioraram sua relação com a disciplina. Isso, no entanto, não a impede de fazer relações entre a física e a realidade, melhorando seu entendimento do conteúdo"Relacionar a física ao meu cotidiano me ajudou muito a entender melhor elétrica, como naqueles choques que tomamos ao abrir o chuveiro. Eles, normalmente, acontecem quando você tem um machucado no dedo porque a corrente que escapa da resistência do chuveiro elétrico é bem baixa e, em muitos casos, não rompe a resistência da pele. Claro que tem assuntos que é mais complicado pensar na prática, mas essa relação ajuda muito, diz ela, que quer cursar Medicina. Geovanna tem dificuldade em física, mas assimila relações da disciplina com o dia a dia (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Paola Fioravante, 17, pondera que, para fazer essa relação, é importante o incentivo do professor. "Para um aluno enxergar isso, é necessário que o assunto não seja muito específico e que o professor tenha didática que forneça esse tipo de visão, o que no meu caso, foi muito raro. Sou muito grata a um dos meus professores do 2ª ano [do ensino médio].  Ele me ensinou tudo da parte de elétrica, justamente usando esse método de relacionar com o cotidiano. Foi o único assunto de física que realmente aprendi", conta Paola, que fará o Enem buscando aprovação em História

Mas, tem estudante que não se vê fazendo as associações e tem receio de que isso seja mais uma coisa para "decorar", como Clara Coutinho, 17, que pretende fazer Psicologia e está em aulas de reforço desde o 1º ano do ensino médio para aprender melhor a disciplina."Tenho dificuldade de fazer essa relação no dia a dia. Quando estou estudando com a professora até consigo captar algumas das relações, mas sozinha não é algo tão simples. Eu também não sinto que essas relações ajudam na compreensão do assunto, só é mais uma informação para decorar", afirma Clara. Clara têm dificuldade de relacionar conteúdo aprendido na sala com o dia a dia (Foto: Reprodução/Acervo Pessoal) Dificuldade antiga 

Para Clara, a relação difícil com a Física não é coisa recente. No primeiro contato com a matéria, quando estava no 9° ano, não conseguia entender a lógica e assimilar as fórmulas, o que só piorou com o tempo. "Eu sinto mais dificuldades de entender os assuntos de ótica e ondas sonoras, sinto que o raciocínio lógico é mais complicado. Assuntos que consigo entender como Mecânica e Força se tornam complicados pela grande quantidade de fórmulas. Tenho medo que o possível baixo desempenho na matéria diminua minha média do Enem". 

A maior facilidade em fazer relações com o cotidiano de Geovanna não a livrou dos problemas com a matéria. Segundo ela, que conta com a importante ajuda do pai e de amigos com mais facilidade, os assuntos mais difíceis para sua compreensão são os mais cobrados no Enem, como mecânica e elétrica.

"Mecânica pelo motivo de ter muita fórmula e tem questão que tenho que usar várias fórmulas diferentes para chegar no resultado. Elétrica é menos pior pois tem bastante teoria, mas tem muito detalhe que você tem que saber para não errar a questão. Fico com muito medo! Até porque quero medicina, então o peso de ciências da natureza é grande e isso pode acabar me prejudicando", lamenta.

Quem não tem tanto medo assim é Paola. Isso porque ela acredita que o seu curso não é tão concorrido e a física não pesa tanto para a área de humanas. Boa notícia para ela que acha que usa o último ano para melhorar seu processo de aprendizagem.

"Agora no terceirão, percebi que é aprender para poder fazer Enem e vestibular. Passei dois anos decorando fórmulas e conceitos que nem lembro mais. Poucos são os assuntos que realmente aprendi. Cinemática é o pior de todos por conta das inúmeras fórmulas e ramificações. São muitos conceitos que você realmente tem que saber". Paola corre para recuperar tempo perdido aprendendo da maneira correta (Foto: Reprodução/Acervo Pessoal) Dica de mestre

Para quem convive com esses problemas e tem na física uma disciplina em que não vai tão bem como em outras, os professores aconselham que, em primeiro lugar, é preciso entender dos assuntos para depois de preocupar com as fórmulas e as equações. Sem esse entendimento, a lembrança das fórmulas não livrará o estudante do erro. 

Ao falar da importância de entender estes assuntos, o professor Alessandro Barros alerta que é preciso ficar atento também aos conteúdos mais cobrados no exame e como estudá-los."É preciso focar nos estudos e prestar atenção na interpretação de texto, que é importante. Isso precisa ser treinado para entender informações que são dadas nas questões para lidar com assuntos mais comuns que são mecânica, elétrica, energia térmica e óptica. São conteúdos que caíram praticamente em todas as provas nos últimos anos, indica ele. Joelson Souza aponta os mesmos assuntos como os principais e dá mais orientações sobre a melhor maneira de se preparar para ir bem nessas áreas. "Minha dica é consumir vídeo-aulas de conteúdo e resoluções de questões. Física não é a matéria mais fácil do mundo. Por isso, os alunos se complicam para entender a linguagem sozinhos. Então, quando estiver em casa, tem que partir para as vídeo-aulas que estão disponíveis aos montes com ótimos professores e resolver as questões", conclui.

Copo especial para refrescar os estudos

A edição do CORREIO desta sexta-feira (27) trará um copo exclusivo, que faz alusão ao Enem 2021, para os leitores que comprarem o jornal em todos os pontos de vendas onde a publicação é comercializada, exceto as grandes redes de supermercado. A versão impressa será vendida por R$ 1,50 e, com mais R$ 1,00, o leitor leva o copo Enem para casa.

Mara Salmeron, gerente de mercado leitor do CORREIO, diz que os copos exclusivos serão vendidos com tiragem de 13.400 exemplares. Além disso, quem adquirir a edição desta sexta, terá acesso a um conteúdo exclusivo sobre o exame."Educação é informação. Comprando o exemplar nesse dia, além de bem informado, o leitor adquire o copo com o tema Enem e acessa, através do QR Code, um conteúdo exclusivo do Correio sobre a prova", revela.O assinante que quiser o copo pode ligar para a Central de Atendimento na sexta-feira e solicitar o utensílio, através do telefone (71) 3480-9140 ou enviar um e-mail para [email protected]. A promoção é válida até durar o estoque e a entrega para o assinante é feita apenas na capital.

Canal de revisão com vídeos e simulados

O Revisão Enem é um projeto multiplataforma - impresso, digital e redes sociais - do CORREIO em parceria com a SAS, plataforma de educação, com o objetivo de auxiliar os estudantes no preparo para as provas.

O projeto traz conteúdos especiais com reportagens, artigos, dicas para a redação e de livros, filmes e séries que têm relação com o exame; além de estratégias de resolução de questões. Há também um canal especial que reúne todos os simulados e videoaulas para os alunos.

O Enem exige uma rotina intensa de estudos. Por isso, o CORREIO disponibiliza uma série de simulados interativos, com questões objetivas para os estudantes testarem os seus conhecimentos. Os alunos podem acompanhar semanalmente a resolução das questões, conferir os gabaritos e analisar seu desempenho, além de revisitar as questões no dia e hora que quiserem.

Nas redes sociais (@correio24horas), o jornal traz conteúdos nos grupos de leitores do Whatsapp e vídeos no Instagram/IGTV com dicas sobre como fazer a redação dentro das competências avaliadas no Enem; e também o Raio X do ENEM, que tira dúvidas de cada disciplina

Conteúdos da 4ª semana já estão disponíveis:

- Simulado

- Vídeo aula 

- Video direto ao ponto

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro