Produção de veículos deve aumentar 22% este ano no Brasil

Resultado poderia ser ainda melhor, não fossem as dificuldades para acesso a componentes

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  • Donaldson Gomes

Publicado em 21 de julho de 2021 às 05:01

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

A produção nacional de veículos deve registrar uma alta de 22% este ano, na comparação com o desempenho registrado no ano passado, de acordo com uma projeção anunciada ontem pela Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea). No primeiro semestre deste ano, a alta registrada no volume de veículos licenciados foi de 33%, com um total de 1.074.173 unidades, sendo pouco mais de 40 mil comercializadas na Bahia. 

Apesar do aumento significativo, o resultado poderia ser melhor, não fossem as dificuldades que o segmento vem enfrentando no acesso a insumos, destacou ontem o presidente da entidade, Luiz Carlos Moraes, durante um encontro virtual com jornalistas.  

A indústria automotiva, que possui uma capacidade fabril de 5 milhões de unidades por ano, em 59 fábricas, espalhadas 41 cidades, projeta para 2021 a produção de um total de 2.459 unidades, após encerrar 2020 com um total de 2.014 veículos fabricados. Em janeiro, a expectativa para 2021 era de um total de 2.520. 

Para os veículos comerciais leves e os caminhões, as expectativas são de altas de 33% e 36%, respectivamente. Em relação ao mercado de automóveis, o segmento espera uma ampliação de 7% para este ano. “O Brasil fechou o ano de 2020, em termos de produção, como o 9º mercado. A indústria mundial foi afetada”, diz Luiz Carlos Moraes. Ele cita como exemplo o volume total de produção no planeta, que caiu de 95 milhões de unidades, para 76 milhões. “O mercado global perdeu cerca de 19 milhões de vendas”, ressalta. 

Nas vendas nacionais, os resultados do primeiro semestre deste ano, mesmo crescendo na comparação com 2020, ainda ficaram abaixo do cenário anterior à pandemia. 

A dificuldade para comprar insumos é a principal explicação para a queda nas expectativas de vendas no país este ano. Desde o final do ano passado, a indústria estava atenta às dificuldades na oferta de componentes. Mas agora o mercado enfrenta também problemas para encontrar semicondutores, matérias-primas para a produção de chips. Segundo Moraes, os veículos produzidos atualmente saem de fábrica com algo entre 500 e 1000 peças do tipo. “Não usadas para controlar tudo no carro e simplesmente não tem como fabricar sem elas. Tem coisas que podem ser colocadas depois, mas essas peças não”, explica. 

“A gente tem falado muito com nossos sistemistas, nossos fornecedores, mas fomos também atrás de especialistas da BCG, que analisou o impacto da questão na indústria global, e num destes estudos a estimativa é de que o mundo perdeu 3,6 milhões veículos por conta deste problema, sendo que 162 mil unidades foram na América do Sul”, conta Moraes. Ele acredita que novas perdas de produção devem se repetir no segundo semestre e a situação só se estabilizaria no primeiro semestre de 2022. Até lá, cerca de 7 milhões de veículos devem deixar de ser produzidos.