Produção florestal cresce na Bahia, mas gera menos valor

As plantações, principalmente de eucalipto, cresceram 1,9% no ano passado

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  • Georgina Maynart

Publicado em 19 de setembro de 2019 às 16:20

- Atualizado há um ano

. Crédito: Geison Rezende/ABAF

Em meio à polêmica envolvendo a derrubada e as queimadas de florestas nativas na Amazônia, dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta quinta (19) mostram que vem crescendo a área de florestas plantadas no país, produzidas especialmente para a exploração comercial da madeira. Segundo a pesquisa, a área destinada às florestas plantadas no Brasil cresceu 1,3% em 2018, em comparação com 2017.

A Bahia acompanhou esta tendência. As plantações, principalmente de eucalipto, cresceram 1,9% no ano passado e já se espalham por mais de 593 mil hectares no estado.

“Depois de dois anos de queda, a área destinada à silvicultura na Bahia voltou a crescer em 2018. Mesmo com a variação positiva, a área de florestas plantadas ainda estava um pouco menor do que o ponto mais alto da série recente, existente em 2015”, aponta o relatório do IBGE.

Em muitos municípios baianos o crescimento superou, e muito, os índices estaduais. Em Caravelas, no sul do estado, a área plantada cresceu 12,3%. Em Nova Viçosa o crescimento foi de 9,4%, e em Mucuri, tradicional produtor de eucalipto, as árvores foram plantadas em uma área 9,3% maior do que em 2017.

Os municípios de Alcobaça, Ouriçangas e Caravelas continuam sendo os maiores produtores do estado. E alguns municípios, como Feira de Santana, Ibicoara e Nova Canaã também passaram a ter florestas plantadas.

O desempenho garantiu ao estado a manutenação da 7ª posição nacional no setor. Hoje as florestas plantadas da Bahia correspondem a 5,7% do total do país.

“Este índice de crescimento tem se repetido nos últimos oito anos. E o mais importante é que o setor florestal na Bahia não desmata. Temos crescido graças às plantações em áreas antes degradadas, ou em áreas que tinham sido abandonadas pela pecuária ou por outras culturas", afirma Wilson Andrade, diretor executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF).

VALORES

Apesar do crescimento da área na Bahia, os valores gerados pela produção de florestas plantadas em 2018 caíram em relação ao ano anterior e atingiram o menor patamar desde 2008.

Segundo os dados do IBGE, o segmento gerou R$ 1,1 bilhão, um valor cerca de 6,2% menor do que o registrado em 2017. A queda nos valores arrecadados também aconteceu no segmento de extração vegetal, que registrou um faturamento 0,1% menor em 2018, não ultrapassando os R$ 145,056 milhões."Os preços internacionais tiveram uma pequena variação, principalmente devido ao impasse entre os Estados Unidos e os chineses, que provocou uma redução no comércio internacional global, não apenas das florestas. Mas estas oscilações de preços não foram expressivas. O Brasil é líder nas exportações e acreditamos que estas condições vão continuar favoráveis. Vamos continuar crescendo já que a demanda é cada vez maior por celulose, papel e outros produtos derivados como fraldas geriátricas e produtos higiênicos", analisa Wilson Andrade.Juntos, os segmentos de extração vegetal e a silvicultura geraram R$ 1,178 bilhões, aproximadamente 5,5% a menos do que em 2017.

MADEIRA DA NATUREZA

Um outro dado se destaca no relatório. A extração de madeira da natureza caiu. A quantidade de lenha extraída da Bahia foi 11,9% menor em relação a 2018. E a produção de carvão a partir de madeira nativa também está menor,  8,1% comparada com o ano anterior.

“A produção extrativista de madeira vem perdendo espaço ao longo dos anos em virtude da legislação ambiental que estabelece mairo rigor e controle em operções que envolvem espécies nativas. Estas vêm sendo gradativamente subistituídas pela produção oriunda das áreas de florestas plantadas”, diz o relatório do IBGE.

Apesar do recuo, municípios baianos, como Baianópolis e Cristópolis, continuam entre os maiores produtores de carvão de extração do país, e o estado ainda é o segundo maior produtor de lenha por extração do Brasil.

PIAÇAVA E UMBU

A tradicional piaçava continua gerando divisas para o estado, mas em menor volume. A extração desta fibra caiu 13,3% entre 2017 e 2018. Oito municípios baianos continuam entre os dez maiores produtores do país, entre eles Canavieira, Nilo Peçanha e Ituberá.

O umbu, um dos frutos mais típicos do Nordeste, também registrou queda na extração na Bahia, mas foi uma redução leve, apenas 1% menor do que no ano anterior. Outro destaque fica por conta ainda da extração de mangaba, que cresceu 17,4% no último ano, e do babaçu, que subiu 30% entre 2017 e 2018