Cadastre-se e receba grátis as principais notícias do Correio.
Da Redação
Publicado em 26 de outubro de 2022 às 19:11
Mais do que a possibilidade de gerar renda a partir do aprendizado de um ofício, o projeto Núcleo Produtivo Moda e Sustentabilidade, promovido pela Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) Salvador, representa, para 20 mães de jovens assistidos, o resgate da autoestima e, consequentemente, da autoconfiança. >
É o caso da dona de casa Maria de Fátima Silva, 60 anos, que frequenta a Apae desde os primeiros 15 dias de vida de sua filha Titaiana, 26, que tem síndrome de Down. “Durante muito tempo, eu fiquei só cuidando dela e esqueci que era mulher e que poderia seguir minha vida normalmente”, conta. >
Até então, o sustento da família dependia exclusivamente do trabalho de seu esposo. “Agora, a gente tá começando a caminhar e retirando um pouquinho da renda, pra se sentir gente, útil”, comemora Maria de Fátima. “Eu posso fazer o que eu quiser. Basta eu querer”, enfatiza. >
No fim da manhã desta quarta-feira (26), foi exibido, no Shopping Piedade, o resultado da coleção ‘Origens’, a primeira de roupas confeccionadas por essas mulheres e cujos modelos e estampas remetem a matrizes africanas. Acompanhados por suas matriarcas, jovens com deficiências intelectual ou múltipla estrelaram as peças em uma passarela improvisada no piso L4 do centro de compras. >
O evento, que ainda deu espaço a uma apresentação da Companhia de Dança Opaxorô, da próprio Apae, foi só a primeira parte da concretização do projeto, patrocinado pela Companhia de Gás da Bahia (Bahiagás). A ‘cereja do bolo’ será a venda das mesmas roupas, além de bolsas e bijuterias, na Festa Literária Internacional do Pelourinho (Flipelô), no dia 3.>
A analista de Comunicação da Bahiagás, Carla Santana, ressalta o valor das ações de cunho social para a companhia. "A pauta do desenvolvimento da igualdade de gênero, que um evento como esse estimula, para nós, é muito importante", afirma. Maria de Fátima Silva, 60, sempre se dedicou à filha e agora vai poder obter renda por meio da costura (Foto: Marina Silva/CORREIO) Histórias de Mãe Até a criação de uma marca, a Histórias de Mãe, foram cinco meses de preparação técnica e palestras com temas transversais. Segundo a instrutora do Moda e Sustentabilidade, Geisebel Vasconcelos, o nome foi inspirado, justamente, na vivência de cada mulher com o cuidado de seus filhos.“Cada uma tem uma história única, mas o que une todas elas são essa força e coragem de seguir em frente”, explica Geisebel.O ‘Sustentabilidade’ vem do fato de, na confecção, ter sido feito o reaproveitamento de refugos da indústria têxtil. “A gente utilizou sacas de feiras e retalhos da indústria têxtil e transformou em bolsas lindas e conseguiu reaproveitar recortes de tecidos para criar vestidos muito únicos”, lembra Geisebel. >
Todos os produtos estarão à disposição do público em geral no dia 3, com preços entre R$ 10 e R$ 80 e ampla oferta de tamanhos para os públicos feminino e masculino. >
Caráter permanente Apesar de o primeiro ciclo estar sendo finalizado, as atividades do Núcleo Produtivo em Tecidos têm caráter permanente, garante a gestora de Assistência Social da Apae Salvador, Jaqueline Braz. “Lá, na Apae, elas encontram espaço e equipamento, para estar produzindo e gerando renda para suas famílias”, diz. >
A oportunidade serve tanto para quem quer aprender ‘do zero’, a exemplo de Maria de Fátima, como para quem quer se aperfeiçoar, a exemplo de Regina Sousa, 55, que já era costureira. Durante as oficinas, ela também pôde aprender noções de empreendedorismo e mídias sociais.“Hoje em dia, se eu pegar uma encomenda, eu tenho como entregar, ou não vou recusar, como já fiz, por ter medo”, celebra Regina.A autoconfiança adquirida, inclusive, ajudou a mãe de Wesley, 28, na hora de desfilar ao lado de seu filho vestindo uma das peças produzidas. “Se eu fiz, por que eu não vou poder vestir?”, revela sorridente.>
Esse foi apenas mais um obstáculo superado por mãe e filho juntos. "Gostei que ela desfilou também. Eu ajudo ela, e ela me ajuda", acrescenta o jovem modelo, que ainda coleciona experiências como atleta de judô e integrante da banda do Apae.>
Como buscar assistência Organização filantrópica, a Apae Salvador tem o objetivo de prestar assistência integral às pessoas com deficiência intelectual. Por ano, mais de 340 mil pessoas de toda a Bahia têm acesso a programas de assistência social, educação e saúde. >
É possível agendar uma triagem pelo telefone (71) 3270-8300. >
Na aba ‘Quero doar’ no site apaesalvador.org.br, há informações sobre como ajudar: pode ser prestando trabalho voluntário ou fazendo doações de itens ou financeiras. >
Nesse último caso, uma opção é enviar a quantia desejada via Pix: [email protected]. >