Promoção de gasolina a R$ 3,50 provoca filas em postos de Salvador e Alagoinhas

Teve gente que chegou 3h da manhã para abastecer

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  • Gabriel Moura

Publicado em 16 de fevereiro de 2021 às 11:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arisson Marinho

A gasolina foi um dos itens que mais subiu de preço em 2021, superando os R$ 5 nos postos de Salvador e preocupando motoristas. Os donos de postos e petroleiros também estão descontentes com os valores praticados e, por isso, nesta terça-feira (16), realizaram uma ação em que venderam o combustível a R$ 3,50 em estabelecimentos na capital baiana e Alagoinhas.

A ação, que antecede a greve da categoria marcada para esta quinta-feira (18), foi organizada pelo Sindipetro Bahia. O objetivo é mostrar que é possível vender os derivados de petróleo a um preço justo, levando-se em consideração o custo de produção nacional, mantendo o lucro das distribuidoras, revendedoras, da Petrobrás e a arrecadação dos impostos dos estados e municípios. 

Em Alagoinhas a promoção começou 7h, no Posto Laguna, localizado na Avenida Dantas Bião. Os 120 primeiros carros abasteceram 20 litros do combustível e as 50 primeiras motos que chegarem ao local, terão direito a abastecer 5 litros de gasolina. O litro da gasolina será vendido por R$ 3,50.

Já em Salvador a ação aconteceu também às 7h, no Posto Apache, Dique do Tororó. Os 150 primeiros motoristas a chegarem no local abasteceram os carros com 20 litros de gasolina pagando o mesmo de Alagoinhas. Os 50 motociclistas mais rápidos também foram beneficiados, podengo colocar 5 litros.

O primeiro da fila no Dique era motorista de aplicativo Tiago Maia, 25, que chegou ao local às 3h da manhã. Com a ação ele calcula ter economizado entre R$ 30 e R$ 40. 

"Cheguei cedo porque sempre que tem promoção assim a fila fica enorme, e tive que garantir o abastecimento. O valor realmente não é alto, mas na situação em que estamos vivendo, pagando mais de R$ 5 na gasolina, qualquer ajuda é bem vinda", analisa o autônomo.

Quem também fez questão de abastecer foi o professor Rafael Mota. Para ele o importante não era só a economia, mas também a denúncia dos preços altos cobrados.

"São abusivos. É importante ações como essa para mostrar isso. O cálculo do combustível não pode ser feito com base no dólar. Quase tudo que a gente consome no Brasil é calculado com base no real - água, luz, telefone, cesta básica... Não pode só o combustível, produto de extrema necessidade, ser baseado em outra moeda", defende.

As fichas para abastecer com desconto acabaram nas primeiras horas desta terça. "Acabou tudo em 3h30, foi uma correria. Quando a gente abriu o posto, 7h da manhã, já tinha fila na porta. Em determinado momento ela bateu quase na Fonte Nova", detalha Kelvin Correia, gerente do posto. Teve motorista que esperou 4 horas para abastecer (Foto: Arisson Marinho / CORREIO) Críticas a Petrobrás Na visão dos petroleiros, é a política de preços adotada pela Petrobrás que tem causado a alta nos preços da gasolina, diesel e gás de cozinha. 

“Ao adotar o Preço de Paridade de Importação (PPI), a Petrobrás atrela os preços dos combustíveis no Brasil ao valor do barril de petróleo no mercado internacional, ou seja, a estatal produz em real, mas vende em dólar para o povo brasileiro”, denuncia o coordenador do Sindipetro, Jairo Batista.

O diretor de comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa, alerta para as consequências da venda da Refinaria Landulpho, anunciada pela Petrobrás. “Os consumidores serão ainda mais atingidos, pois os preços dos combustíveis devem ficar ainda mais altos. E ainda será criado um monopólio regional privado e sem competitividade, como apontou estudo da PUC Rio ao analisar os efeitos da privatização das seis das oito refinarias colocadas à venda pela Petrobrás”.