Prova de roupas do Afro Fashion Day dá um gostinho do que vem por aí no desfile

Entenda o porquê dessa etapa ser tão importante

Publicado em 26 de outubro de 2021 às 18:14

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Foto: Fagner Bispo/AFD

Está chegando a hora de gravar o desfile do Afro Fashion Day 2021. Para que nada corra fora dos conformes, é preciso deixar tudo alinhado. Para isso, a semana da equipe do AFD começou com prova de roupa na segunda (25) e terça-feira (26). Os cerca de 20 modelos foram divididos em blocos durante os dois dias para a etapa que aconteceu no Auditório II da Rede Bahia. 

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Ao todo, 15 agências baianas enviaram modelos para fazer a prova. Eles se juntaram aos 8 selecionados pelo Tik Tok. Uma das modelos é Thulasi Hindra, 20, uma das mais votadas na seleção. Chamada carinhosamente de Thula pela equipe e colegas, a modelo disse que ficou surpresa com os looks porque não imaginava que dava para melhorar um tema como o Black Power, que será o norte do projeto neste ano."Achei a proposta top, linkada com a Bahia, com a nossa africanidade e isso pra mim é maravilhoso. Os looks são maravilhosos, bem desenvolvidos. Tudo isso se soma à felicidade que eu já tinha porque almejo participar do AFD há muito tempo e pra mim é uma vitória vestir aqueles looks, fazer os ajustes de cada peça e acessórios. Foi uma mistura de realização e felicidade", disse.

Outra que fez a prova de roupa é Bruno Maria, que foi à Rede Bahia nesta terça (26), mas desde ontem já bisbilhotava os stories de outros modelos para alimentar a curiosidade. Assim que chegou, o curador do projeto, Fagner Bispo, foi enfático ao contar que o seu look está incrível. Bafônico. 

"Foi algo que nunca usei, mas consegue imprimir minha personalidade, quem eu sou. Tenho um toque fofo, um pouco misterioso, mas sexy também. Gosto muito desses adjetivos. Além de beleza, celebração do nosso povo preto, acredito que o público pode esperar novos rostos, novos talentos, muita ousadia, confiança e consciência negra - algo que precisamos ter e precisamos buscar o conhecimento de quem nós somos enquanto ser individual e enquanto ser coletivo, enquanto povo preto", disse.

Já experiente no Afro Fashion Day, onde desfila desde 2019, Montty, modelo que, assim como Bruno Maria, é não-binária, disse que se sente em casa quando está no AFD e realiza o seu sonho cada vez que participa do projeto. Neste ano, ela vai desfilar com uma calça e cropped bem brilhantes, valorizando tanto a pele retinta da modelo quanto a sua dança, que tanto explora nos desfiles. "Eu sou uma pessoa não-binária, preta, retinta. A roupa valoriza minha beleza, minha dança. O AFD sempre tem surpresa então diria para as pessoas aguardarem porque é certo ter inovação", disse Montty.Stylist do Afro há cinco edições, Filipe Dias explica a importância da prova de roupa com antecedência: por haver uma gama bem ampla de estilistas e de looks, é importante ver se o que a equipe pensou com antecedência realmente faz sentido no corpo de cada modelo. A produção analisa fluidez, estima como será o modelo e a modelo andando na passarela, caimento da roupa e estrutura de cada peça e acessório. 

"Não adianta colocar uma roupa muito volumosa num modelo baixinho para ele não sumir. É preciso analisar tudo isso para fazer a montagem dos looks. A prova também é bacana porque vai dando um gostinho pra gente, aumentando a ansiedade para o momento da gravação e do produto final", contou. Filipe Dias ajusta detalhes no look utilizado por Daniel Reis (Foto: Divulgação) Esse ano, o Afro Fashion Day desfile gravado como produto final. Na última temporada, o produto foi um fashion film, quando o dendê foi tema. O motivo é manter precaução em relação à pandemia do coronavírus. Fagner Bispo lamenta que ainda não será possível fazer um evento aberto ao público, como sempre foi o Afro, mas também se disse ansioso para as gravações que acontecerão no próximo domingo (31). 

"O desfile de moda é feito por etapas. Tem etapas que escolhemos os modelos, que compõem o casting e a prova de roupa, que é outra etapa muito importante. Delegamos antes qual roupa o modelo vai usar, mas roupa só sentimos que fica legal quando está no corpo. Esse momento é importante para ajustes, afinando tudo para no dia do desfile estar tudo lindo e bem afinado", explicou o curador.

Com Black Power de tema, o Afro Fashion Day vai passear por décadas passadas e tentar linkar passado, presente e futuro da negritude no Brasil e no mundo: uma maneira de fazer arte na moda, literalmente. Durante a prova de roupa, já houve uma ambientação com direito a playlist cheia de músicas Disco dos anos 1970. O cheirinho de Afro Fashion Day está no ar, viu?

O Afro Fashion Day é um projeto do jornal Correio com o patrocínio do Hapvida, Shopping Barra, Grupo Boticário, Prefeitura Municipal de Salvador e apoiado pelo Sebrae.