‘Pum de árvores’ é origem de mais de 20% dos gases do efeito estufa; entenda

Segundo estudo, arbustos mortos em áreas pantanosas aumentam emissões de carbono

Publicado em 20 de maio de 2021 às 14:42

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Melinda Martinez/Divulgação

Um estudo divulgado pelo site Biogeochemistry aponta que algo entre 20% e 25% dos gases do efeito estufa são provenientes do chamado “pum de árvore”. O termo é usado por alguns cientistas para designar gases emitidos por árvores e plantas mortas em regiões pantanosas e “brejos”. As informações são do Olhar Digital.

Os cientistas ressaltam que isso não vem de qualquer árvore, ou mesmo qualquer região. Especificamente, ele se refere a árvores em regiões costeiras que morreram envenenadas pelo avanço de águas salgadas, que tornaram uma determinada região não só pantanosa, mas altamente salinizada, transformando-as em “florestas fantasmas”.

Essas árvores mortas tornam-se esqueléticas e definham, liberando uma quantidade mais alta que o comum de dióxido de carbono – um gás que contribui para a piora do efeito estufa na atmosfera e, consequentemente, torna o “pum de árvore” (“tree farts”, como chamam em inglês) uma ferramenta de avanço do aquecimento global.

Ainda de acordo com o levantamento, a situação pode piorar. Mesmo que esse volume seja facilmente ignorável frente a outras fontes de gás – motores de carros, uso de combustíveis fósseis, emissões decorrentes do mercado agropecuário, por exemplo –, os pesquisadores lembram que o mar não parou de avançar. Ano após ano, a água salgada fecha o cerco em florestas, tornando-as salinizadas e matando as árvores locais por envenenamento de sal, resultando em mais gases liberados por elas em seu momento de morte.

Segundo Melinda Martinez, líder da pesquisa e graduanda da Universidade da Carolina do Sul, nos Estados Unidos, foram avaliados cadáveres secos de pinheiros e árvores ciprestes em cinco “florestas fantasmas” na Península Albemarle-Pamlico, no estado americano. 

“Mesmo que essas árvores mortas ainda em pé não emitam tanto [gás] quanto aquelas enraizadas, elas ainda emitem algo”, ela disse. “Mesmo o menor ‘punzinho’ conta”.

A importância desse monitoramento vem do fato de que as florestas fantasmas estão aumentando de tamanho ao longo da costa norte-americana. 

E o avanço do mar não é o único risco, já que estruturas de canalização da água salgada – amplamente usadas na agricultura – podem conter vazamentos que a distribuem em florestas costeiras. Isso traz um efeito negativo na flora e fauna local: arbustos e plantas rasteiras resistentes ao sal estão tomando o lugar da vegetação nativa, colocando em perigo algumas espécies de pássaros, como o pica-pau; e até animais carnívoros, como alguns tipos de lobo.

“É uma pergunta difícil de responder porque cadáveres [de árvores] podem virar habitat para outros animais”, disse Martinez. “Nós esperamos ter uma ideia melhor de como gases do efeito estufa mudam conforme as árvores morrem e também obter melhores estimativas de emissões vindas de árvores vivas”, conclui.