Quais são os 10 maiores erros ao mudar de profissão?

Confira as principais ciladas que colocam em risco o sucesso de quem decide trocar de carreira

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  • Priscila Natividade

Publicado em 10 de outubro de 2020 às 11:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Imagem: Shutterstock

Alguns descobriram novos talentos durante a pandemia. Outros estão mudando de profissão por necessidade de garantir renda. Seja qual for o motivo, existem inúmeras ciladas que acabam impedindo que a nova carreira dê certo.

Para evitar estas armadilhas, especialistas no assunto destacaram os maiores erros na hora de mudar de profissão. Entre eles, está o “efeito de manada” de seguir um ou outro amigo que diz que alcançou dinheiro e sucesso, ou não saber vender bem “seu peixe”, que agora se chama de hard e soft skills (habilidades técnicas e comportamentais). 

Não dá para deixar de lado também um bom planejamento, a definição da melhor estratégia e visão de longo prazo. Isso sem contar ainda com a busca contínua por qualificação.

“O erro mais básico que a pessoa pode cometer nesse processo é se guiar por pressões externas, não olhar realmente os seus desejos, vontades, habilidades, aquilo que ele pode fazer”, chama atenção o professor Antônio Virgílio Bastos, titular de Psicologia Social das Organizações no Departamento de Psicologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba).“O que o motiva? Quais são suas habilidades? Quais são suas competências? O que é que dá satisfação? Essa autoavaliação é fundamental”, acrescenta.

EVITE OS SEGUINTES ERROS

1. Não evidenciar  suas habilidades de forma correta Muitos profissionais têm dificuldades de deixar claro quais são suas principais habilidades e competências, como explica a diretora de Soluções de Talentos para o LinkedIn Brasil, Ana Plihal. “Pessoas que listam mais de cinco habilidades em seu perfil de LinkedIn têm 27 vezes mais chances de serem descobertas em pesquisas de busca na plataforma por recrutadores. É importante mapear estas habilidades requeridas para a posição e avaliar se elas coincidem com aquelas que você possui”.

2. Parar de buscar capacitação O mundo ficou ainda mais volátil, incerto, complexo e ambíguo (V.U.C.A) diante de uma pandemia. A especialista em Felicidade Corporativa — Fundadora e Diretora da Reconnect | Happiness At Work, Renata Rivetti, reforça que junto com todo esse movimento vem a necessidade constante de capacitação. “Ao buscar uma mudança de profissão, sobretudo, na pandemia,  garanta que você tenha todos os hard e soft skills (habilidades técnicas e comportamentais, respectivamente) exigidos e saiba que você terá que continuar aprendendo sempre”, considera.

3. Agir sem planejamento O doutor em Psicologia Social e CEO da Connekt, plataforma inteligente de recrutamento digital, Celson Hupfer, explica que planejamento de carreira é determinante para evitar a escolha errada. “Um bom plano tem etapas e conta com coisas como: que cursos ou treinamentos precisa, quais os contatos que deve buscar. Se você tem um plano razoável e uma execução perfeita, certamente terá algum nível de sucesso. Mas se  tiver um plano maravilhoso e uma execução ruim, vai ficar difícil chegar a algum  lugar”.

4. Deixar de se atualizar sobre as notícias gerais e mercado Manter-se atualizado ajuda a compreender o cenário do setor de atuação de maneira mais responsável, a produzir conteúdos relevantes e consequentemente chamar mais atenção de recrutadores. A dica é da diretora de Soluções de Talentos para o LinkedIn Brasil, Ana Plihal. “Ou seja, quanto mais alinhado com o mercado, melhor. Não há profissão fácil, mas é preciso estar preparado para o que der e vier. Tenha um plano A, B, C e D”.

5. Não considerar o contexto e não ter uma visão sistêmica e estratégica Isso quer dizer que não adianta só decidir mudar. É preciso entender como e quando passar por esta transformação. “É necessário se informar sobre a tendência daquela profissão no mercado, ter papos com profissionais, criando assim, diversas conexões para entendê-la melhor. Além disso, também é essencial buscar o seu diferencial, ou seja, o posicionamento para se destacar dentro dessa nova carreira”, recomenda a especialista em desenvolvimento humano e autora do livro o Poder da Simplicidade (2018), Susanne Anjos Andrade.

6. Esquecer sua rede de contatos Dados do LinkedIn mostram que os candidatos têm quase quatro vezes mais chances de conseguir um emprego em uma empresa onde tenham contatos, como destaca a diretora de Soluções de Talentos, Ana Plihal. “Outro ponto determinante é manter conexões com profissionais do setor no qual o profissional quer trabalhar. Isso potencializa as oportunidades de encontrar oportunidades que façam sentido para o novo momento”, acrescenta a diretora do LinkedIn.

7. Confundir sua competência e motivação O professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), pesquisador e consultor em desenvolvimento de carreiras Mauro Magalhães alerta para a diferença entre fazer algo bem feito e gostar efetivamente de fazê-lo. “O autoconhecimento é uma tarefa para toda a vida. Ele serve para que o profissional seja capaz de perceber o que lhe é viável nesse trabalho, tanto em termos de motivações, quanto de habilidades. Ao decidir mudar de carreira, ou em qualquer outra atitude relacionada a isso, a avaliação deve ser do indivíduo e de seu contexto de vida e trabalho. Busque opções de trabalho que consigam reunir não só a aplicação de habilidades que domina, mas que também o estimulem”.

8. Mudar de profissão porque um amigo ou conhecido disse que é feliz e tem sucesso  nessa carreira Será que essa é mesmo a sua? “Isso para mim, é o essencial: é preciso identificar o propósito, o que faz realmente sentido e não apenas seguir a onda ou partir do zero, eliminando toda sua bagagem e experiência, porque tem vaga disponível em determinada área ou a área está crescendo. O que precisa ser feito é um movimento de dentro para fora, de autoconhecimento para fazer uma escolha consciente”, é o que diz a especialista em desenvolvimento humano Susanne Anjos Andrade.

9. Abrir mão de uma visão de longo prazo Pense na nova carreira não só como algo que vai  fazer momentaneamente ou que vai dar um resultado imediato. O professor da Ufba Mauro Magalhães defende a necessidade de pensar no que esta nova profissão vai proporcionar a longo prazo. “O trabalhador em dificuldades pode acreditar que não tem alternativas e acaba por seguir caminhos desinteressantes, casuais ou aleatórios. A realidade pode se impor, todos sabemos disto, mas isto deve ser visto como algo temporário. Mesmo diante de dificuldades, manter metas e planos de médio ou longo prazo é a estratégia para não desanimar”, diz.

10. Não ter um ‘fit’ cultural com a empresa Ou seja, trocar um trabalho por outro que não esteja alinhado com seus valores e propósitos: “Portanto, avalie e questione a empresa ao longo do processo seletivo para descobrir se existe, de fato, este alinhamento. Cada vez mais as pessoas percebem que não querem mais trabalhar somente pelo salário. Na verdade, elas querem trabalhar em algo em que acreditam, algo que possa fazer a diferença no mundo, facilitar processos e que também possa lhe trazer mais significado”, afirma a especialista em Felicidade Corporativa Renata Rivetti.