'Quando cheguei, ele estava caído no banco do carona', diz pai de salva-vidas morto

Crime aconteceu em Mata de São João; adolescente que estava próximo também morreu

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  • Bruno Wendel

Publicado em 7 de fevereiro de 2022 às 14:27

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução e Bruno Wendel/CORREIO

Sentado na porta de casa,  o contador Neure José Assis Silva, 56 anos, recebe o pesar da família e amigos. Entre um abraço e lágrimas, ele repetia: "Quando cheguei, ele estava caído no banco do carona, meu filho, meu único filho". Ele é pai do salva-vidas Andrey Lucas Almeida Assis, 20, morto a tiros na noite deste domingo, no município Mata de São João, Região Metropolitana de Salvador.

Andrey estava em um Sandero quando foi baleado por dois homens numa moto. Na hora, o adolescente João Alves de Araújo Neto, 13, estava sentado na porta da casa da avó quando um dos disparou o atingiu no pescoço. Ele também morreu. 

Segundo a família, Andrey trabalhava como salva-vidas em uma rede hoteleira em Costa do Sauípe. Na sexta, ele passou o dia com a filha, uma menina de três anos. No dia seguinte, ele levou a criança para ver o avô e depois foi para uma festa num espaço de eventos. "Umas três da tarde liguei para ele, pedindo para vir buscar a filha, mas ele não veio e fiquei preocupado. Então eu e minha mãe ficamos na porta de casa, esperando", contou.

Por volta das 20h, Neure ouvi disparos. "Na hora, peguei minha mãe e entrei. Depois um sobrinho meu que raramente aparecia chegou de moto. Quando o vi, percebi qual algo de ruim havia acontecido, que ele seria porta-voz de uma notícia ruim. Foi quando perguntei e ele disse para eu ser forte, que meu filho estava morto", contou ele emocionado.

Tiros Andrey estava no carro do pai, quando foi baleado. Testemunhas disseram que o carro vinha sendo seguido. "Pegaram ele na covardia. Ele vinha bem devagar", contou um morador. 

Depois dos primeiros disparos, momento em que João Neto é atingido fatalmente, Andrey perdeu o controle do Sandero, bateu em um outro veículo estacionado e depois colidiu no muro de uma casa. "Em seguida, a moto parou e o carona descarregou a pistola nele", contou um morador. No local, ainda havia cartuchos de uma pistola calibre 9 milímetros usada pelos criminosos. As marcas dos tiros ficaram ainda nas paredes e portões das residências. 

O corpo de Andrey será enterrado às 16h desta segunda-feira (7).  "Meu filho não não era envolvido com nada, trabalhador, tudo o que ele precisa, comprava com o suor do trabalho. Se ele fosse envolvido com  tráfico, entendia. Mas não foi isso. Eu fico sem entender o motivo", declarou o pai. 

Já o corpo de João Neto será velado amanhã em um ginásio esportivo depois enterrado no cemitério da isso. A família aguarda o pai da adolescente chegar a Mata de São João. Jair Nunes de Araújo trabalha ajudante de caminhão-guindaste no Mato Grosso do Silva e chega à Bahia no início da amanhã. 

 A família de João Neto disse que, na madrugada de domingo,  Andrey teria se envolvido numa briga no espaço de shows onde anteriormente funcionava uma pizzaria. Mas a informação não é confirmada pelo pai de Andrey. "Meu filho nunca foi de brigar, nunca deu um tapa em ninguém. Outra coisa: o espaço do show é do filho do meu irmão. Se tivesse uma briga lá, seríamos os primeiros a saber, inclusive outros primos dele estavam lá e me falariam comigo", contou Neure.