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Da Redação
Publicado em 21 de julho de 2022 às 00:10
- Atualizado há 2 anos
A prefeitura de Araci, no nordeste da Bahia, exonerou, nesta quarta-feira (20), quatro servidores envolvidos na denúncia de homofobia dentro da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte do município. O caso veio à tona depois que áudios e prints de uma conversa com teor homofóbico em um 'grupo secreto' no Whatsapp vazaram e viralizaram nas redes sociais. >
Nas conversas, uma servidora pede a outro que pare de enviar novos funcionários LGBTQIA+ para o setor em que ela trabalha.>
"Informamos a todos que os servidores envolvidos com a denúncia de falas e ações que descumprem os preceitos éticos da administração pública foram exonerados de suas respectivas funções.", diz a prefeitura, em nota. Ainda de acordo com a administração do município, os fatos denunciados ainda estão sendo investigados. >
Foram retirados dos cargos o diretor administrativo, assessora de educação, a diretora geral, e a assessora de gabinete da Estrutura Administrativa da Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte.>
Conversas vazadas Após uma conversa com especulações sobre a vida amorosa de outras pessoas, uma das integrante do grupo, com quatro servidores da prefeitura, começa: "Que tanto veado junto. Consiga um homem para trabalhar na secretaria. Diabo de tanto veado".>
Em outros trechos, a conversa passa a desenrolar via áudio. A mulher então dá instruções para o colega falar com a prefeita do município, Keinha Jesus. "Zé, quando você estiver com Keinha, você fala: 'Keinha, as meninas da secretaria tá pedindo pra você mandar homem pra trabalhar lá'. Chega de tanto veado. Porque veado junto é problema.", diz. "Zé, tem que ter um homem aí pra animar. Minha gente, pra todo lugar que você olha só tem veado.", continua. >
Em outra parte da conversa, ainda em áudios, um homem avisa que tem uma pessoa em vista para ocupar uma vaga e diz que ele "é bom pra tudo", pois cozinha e descarrega carros. "É veado ele", diz rindo. "Como eu já tava para falar com Keinha, ia dizer assim: 'olha, como lá já tá cheio, um veado a mais ou a menos não vai fazer diferença, não'. Mas eu tenho medo dela", disse. >
"Toda sala que você vai ali tem um veado. Quando não é veado assumido, é um que [...] só Jesus na causa, viu!?", diz outra mulher nos áudios. >
Um morador da cidade, que denunciou o caso em suas redes sociais, fez questão de marcar a prefeita Kinha Jesus e a vice, Gilmara Magalhães. "Homofobia é crime, e eu quero que isso chegue ao máximo de pessoas. Espero que tomem uma providência cabível sobre essa situação, nós LGBTQIA+ merecemos respeitos, nosso lugar é em qualquer lugar. Pq não podemos ocupar cargos públicos? Pq associam nossa orientação sexual a nossa competência? O que tem haver? Não vão nos calar!", protestou. >
Em nota, a Prefeitura de Araci disse na terça-feira (19) que havia tomado conhecimento do ocorrido e informou que todas as medidas administrativas eram tomadas. Até então, a gestão não informou se as pessoas envolvidas na conversa eram servidores efetivos do municípios ou se possuíam cargos de confiança. As medidas adotadas pela prefeitura também não haviam sido detalhadas. >
"A Administração Municipal e a Secretaria Municipal de Educação, Cultura e Esporte de Araci vêm a público declarar que não tolera e que repudia qualquer fala, ação ou exposição que signifique atitude de homofobia, bem como preconceitos de qualquer natureza.", finalizou o comunicado. >