'Quer apenas vender a porra do livro', diz Paulo Coelho sobre biógrafo de Raul Seixas

Escritor mudou postura sobre suposta delação de parceiro roqueiro na ditadura

Publicado em 24 de outubro de 2019 às 21:45

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Divulgação

O escritor Paulo Coelho, 72 anos, voltou a comentar a possibilidade de seu ex-parceiro, o baiano Raul Seixas, morto em 1989, tê-lo delatado à ditadura militar nos anos 1970. Segundo o autor, que atualmente vive na Áustria, o jornalista e escritor Jotabê Medeiros, que levantou a suspeita na nova biografia do roqueiro, quer apenas vender livros.

"Começo a ter sérias dúvidas dos documentos que o Jotabê Medeiros me enviou, dizendo e insistindo que Raul tinha me denunciado (emails arquivados). O que se passou entre Raul e eu fica entre nós. Vou deletar o tweet da FSP [Folha de S. Paulo]. Acho que o cara quer apenas vender a porra do livro", escreveu em seu perfil no Twitter nesta quinta-feira (24). 

Após a revelação, o escritor já havia afirmado que ficou quieto por 45 anos e imaginou que "levava o segredo para o túmulo". Horas depois, contudo, ele atenuou o discurso afirmando que “não confirmo nada. Apenas vi o documento e me senti abandonado na época. Por isso que não quis dar entrevista”. Mais tarde, ele deletou tais tuítes.

Raul e Coelho foram amigos próximos e parceiros na composição de canções de sucesso como 'Eu nasci há dez mil anos atrás', 'Gita' e 'Sociedade Alternativa', entre outros.

Os documentos acessados por Jotabê, para escrever o livro 'Raul Seixas: Não Diga que a Canção Está Perdida', são do Arquivo Público do Rio.

No texto, o autor menciona a proximidade de datas em que o músico prestou depoimento à polícia militar no ano de 1974. 

"Comparei as datas e vi que, entre o primeiro depoimento de Raul ao Dops e o segundo depoimento, no qual ele levou Paulo Coelho, demorou pouquíssimo tempo", disse Jotabê.

Os depoimentos de Raul foram seguidos dos depoimentos de Paulo Coelho, assim como sua prisão e a de sua namorada na época, Adalgisa Rios.

O escritor foi torturado por duas semanas. Medeiros acredita que Paulo Coelho "não tem a menor dúvida , hoje, após ver o documento, que Raul o entregou", escreveu ele na biografia, que deve ser lançada no próximo dia 1º.