'Querem nos colocar em um lugar insalubre', diz feirante de São Joaquim

Comerciantes reclamam da forma como processo está sendo feito

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  • Da Redação

Publicado em 12 de janeiro de 2021 às 18:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Acervo pessoal

O Sindicato dos Feirantes se reuniu nesta terça-feira (12) com a associação de Feirantes de São Joaquim e comerciantes que trabalham no local. O encontro aconteceu por causa da segunda etapa de requalificação do espaço, que estaria sendo realizada sem que os principais envolvidos fossem ouvidos. 

Dona de uma bomboniere no local, a empresária Francisca Luciene explica que as mudanças propostas vão gerar um impacto negativo nos comerciantes locais, podendo levar a um alto número de demissões.

"Estamos reivindicando a permanência na Feira, porque o governo entrou com uma licitação e iniciou uma movimentação de fazer a segunda etapa da reforma sem ouvir a necessidade do feirante. Estão querendo nos colocar em um lugar com 10% do espaço físico que temos em funcionamento hoje, sem depósito e em condições insalubres. Um lugar com teto de amianto. Precisamos de reforma, sim, mas que isso ocorra sem grandes impactos, senão vamos ter que demitir funcionários, o que vai gerar uma crise econômica gigantesca", critica.

Segundo a empresária, o prazo para a mudança está previsto para abril, o que, para ela, é inviável de cumprir. "Não temos condições de aborver isso de uma hora para a outra. Estamos cansados dessa situação. Tivemos reuniões com o governo e garantiram que iam nos dar o passo a passo de tudo, mas com a pandemia isso acabou. Eles resolveram adiantar a obra sem ouvir a gente".

A falta de diálogo também é criticada pelo presidente da Associação de Feirantes de São Joaquim, Nilton Ávila Filho. "O povo está muito apreensivo. O ano de 2020 foi perdido, então essa mudança vai ser outro baque para o feirante. Na primeira etapa de requalificação houve muito diálogo, eram uns oito profissionais da Conder e da Setur explicando tudo. Agora estão fazendo tudo sem explicação", diz.

Segundo Nilton, a queixa do galpão tem sentido. "Aquele galpão não tem condição nenhuma, é um equipamento muito quente. Na primeira etapa foi muito melhor, a maioria também trabalhava com artigos religiosos, então a temperatura não empatava tanto. Agora, nessa etapa, serão envolvidos os comerciantes que trabalham com secos e molhados, como camarões, além de bomboniere, que não pode pegar calor", completa. 

Apesar da reunião e do manifesto, o grupo organiza uma assembleia para oficializar o debate, mas ainda não há uma data definida, já que não há como reunir toda a categoria em tempos de pandemia.

Procurada, a Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder), responsável pela obra, informou que o galpão em questão é prosivório e que, ao fim da obra, a estrutura final será "moderna, metálica". Informou ainda, através da sua assessoria de comunicação, que prevê a locação de um container para que equipes da pasta, juntamente com Sedur e Setur, possam passar mais de perto as informações referentes à obra para os feirantes. O tempo de permanência dos feirantes na estrutura provisória ainda não foi informado.

Posteriormente, as secretarias de Turismo (Setur) e de Desenvolvimento Urbano (Sedur) enviaram a seguinte nota, em conjunto:

"As secretarias estaduais de Turismo (Setur) e Desenvolvimento Urbano (Sedur) atuam junto com a Conder para a viabilização da segunda etapa da requalificação da Feira de São Joaquim. O trabalho integrado já envolveu uma série de reuniões para alinhamento das ações.

A frente de diálogo está aberta e encontros com os representantes dos feirantes também foram realizados. O primeiro deles foi na sede da Setur, com público limitado devido à pandemia, enquanto o segundo ocorreu em São Joaquim, na semana passada, durante visita do secretário de Desenvolvimento Urbano, Nelson Pelegrino; do chefe de Gabinete da Setur, Benedito Braga; e do presidente da Conder, Sérgio Silva, à feira. Nesta segunda (11), foi a vez das equipes técnicas também realizarem visita ao local.

Atualmente, está em andamento a construção do Galpão Água de Meninos, que vai abrigar os feirantes provisoriamente durante a intervenção, sob a responsabilidade da Conder. Será disponibilizada estrutura física para o atendimento presencial e diálogo com os feirantes durante todo o processo de requalificação da feira de São Joaquim, assim como ocorreu na primeira etapa.

A obra de execução das instalações provisórias do galpão provisório contempla quase 3.700,00m² de área construída, com boxes de usos diversos, restaurantes e açougues. Sua cobertura é inteiramente em estrutura de madeira de lei, tipo angelim vermelho, e o telhado em telhas de fibrocimento - sem a presença de amianto, cuja fabricação é proibida desde de 2019, no Brasil. 

O projeto detalhado deve ser apresentado em breve, à comunidade da feira, seguindo protocolos de biossegurança."

Projeto da mudança O Governo do Estado publicou no Diário Oficial do dia 6 de janeiro a licitação para mais uma etapa de requalificação da Feira de São Joaquim. O local passará por uma reforma que custará R$ 28 milhões, com recursos em parceria com o Governo Federal pelo Ministério do Turismo.

No projeto de construção, está prevista a construção de uma nova estrutura com galpões, estacionamento e uma via com calçadão na borda da Baía de Todos os Santos. Ao todo, a previsão é que sejam construídos mais de 9 mil metros quadrados de área requalificada, partindo da área já reformada pela Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado da Bahia (Conder) em direção ao ferry boat.

Para que as atividades não sejam suspensas durante a reforma, o governo começou a construir o Galpão Água de Meninos, próximo ao pátio de carga e descarga da feira, próximo ao ferry boat. O espaço realocará temporariamente os boxes dos comerciantes.

A estrutura provisória deve ser concluída até abril, quando os permissionários serão realocados. O galpão custou R$4 milhões do Governo do Estado e prevê também a ampliação da via de acesso ao ferry boat, que passará a contar com duas faixas a mais.