'Queremos justiça pra minha mãe descansar', diz filha de corretora morta pelo namorado

Crime ocorreu em novembro de 2017 no bairro do Barbalho

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  • Bruno Wendel

Publicado em 27 de junho de 2019 às 12:24

- Atualizado há um ano

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A última audiência de instrução do caso da corretora de imóveis Janaína Silva de Oliveira, 42 anos, assassinada a facadas pelo companheiro em novembro de 2017, acontece na manhã desta quinta-feira (27) no Fórum Criminal de Sussuarana. Esta é a última etapa antes do juiz decidir se o réu, Aidilson Viana de Souza, 44, irá ou não a júri popular. Ele era namorado da vítima e responde pelo crime em liberdade.

"Queremos justiça para que minha mãe possa descansar. A gente quer que ele vá a júri popular. Minha mãe está morta e ele está solto, vivendo a vida dele como se nada tivesse acontecido", declarou Priscila Nuane da Silva, filha única de Janaína. A corretora de imóveis morava no bairro do Barbalho, em Salvador.

Na audiência serão ouvidos o acusado e uma testemunha de defesa dele. Os interrogatórios são realizados pelo juiz Paulo Sérgio da 1ª Vara do Júri.

Priscila  questionou o argumento de defesa do acusado. "Como foi legítima defesa? Minha mãe foi esfaqueada pelas costas dentro do apartamento dela. Ele está solto e vivemos com medo do ele poderá fazer", declarou Priscila. Corretora foi morta dentro do apartamento onde morava, no Barbalho (Foto: Reprodução/Arquivo CORREIO) Janaína foi morta na madrugada do dia 10 de novembro de 2017, por volta de 1h. O corpo dela só foi encontrado pela filha dela no final da tarde do mesmo dia. Por conta das brigas, seu companheiro não tinha mais as chaves da casa da vítima.

"Numa briga que eles tiveram, ela (Janaína) mudou a fechadura e ele não tinha mais a chave. Mesmo assim, ele ficava indo lá”, contou a filha da corretora, ao CORREIO, dois dias após o crime. 

O crime foi apurado pela 3ª Delegacia de Homicídios, que concluiu o inquérito e o remeteu ao Ministério Público do Estado da Bahia (MP-BA) no dia 30 de novembro de 2017. Aidilson foi indiciado por feminicídio.  

O autor foi preso dia 14 de novembro, por força de mandado de prisão temporária. No inquérito, também foi solicitada a conversão da prisão temporária em preventiva, mas segundo a família o autor está em liberdade. 

Sempre pedia perdão Sempre, após as brigas, Aidilson voltava e perdia perdão a Janaína. Ele chegava a fazer com que sua mãe e o filho ligassem, pedindo para que ela o aceitasse de volta. Aidilson sempre brigava com a companheira por ciúmes, ao longo dos cinco anos em que estiveram juntos. 

“Na hora que ele cismava, partia para violência”, disse a prima de Janaína, a funcionária pública Tuca Moura. Durante os cinco anos de relacionamento, Tuca acompanhou o sofrimento da prima. Por várias vezes, foi socorrê-la depois que era espancada. Segundo ela, Janaína chegou a dar queixa da violência doméstica mais de uma vez.  O corpo de Janaína foi enterro na manhã do dia 12 de novembro de 2017, no Campo Santo (Foto: Betto Jr./ARQUIVO CORREIO) Em 2014, Aidilson chegou a ser preso por uma semana. “Na época, ela me contou que estava em um posto de gasolina e foi agredida por ele. Um policial presenciou e deu voz de prisão”, continuou Tuca. No entanto, a mãe do suspeito ligou para a corretora, implorando que retirasse a queixa. Janaína acabou cedendo e o aceitou de volta.

De acordo com a jornalista Luanda Matta, amiga de Janaína, ela costumava mostrar as fotos das agressões para a família. “Ela tinha muito medo, sempre avisava para a família. Só que ela era uma pessoa muito boa, então sempre achava que ele estava melhorando, que ele ia mudar”. Numa das últimas vezes, passou três meses com o olho roxo e chegou até a correr o risco de perder a visão. 

À família de Janaína, Aidilson dizia que trabalhava como juiz de conciliação. “Não sabemos se ele era isso mesmo ou se era um picareta”, explicou Luana Matta, amiga da família. Sua mãe mora no Curuzu, enquanto o filho tinha se mudado recentemente para o Tocantins.