Questão de múltipla escolha

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  • D
  • Da Redação

Publicado em 3 de novembro de 2018 às 05:00

- Atualizado há um ano

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Meu amigo Herbem Gramacho, editor da seção de Esportes em que este texto vai impresso todo sábado, me mandou esses dias uma enquete feita no site do CORREIO. A pergunta era simples e objetiva: “Quem você quer como centroavante do Vitória?”.

Na falta da opção “Minha avó de muleta” entre as alternativas disponíveis para votação, o torcedor-internauta se viu obrigado a clicar numa das seguintes respostas: A) Maurício Cordeiro; B) Walter Bou; C) Léo Ceará; D) André Lima; E) Jogaria sem centroavante.

Se isso fosse uma prova do Enem e fôssemos nos apegar aos detalhes e à ranzinzice, muito provavelmente tal questão teria que ser anulada, simplesmente porque se trata de uma explícita pegadinha que induz ao erro.

Observe bem, caro leitor ou bela leitora: se a pessoa marcar qualquer uma das quatro alternativas entre A e D, o resultado será o mesmo da alternativa E. Ou seja, independentemente da escolha de quem vota ou do treinador Carpegiani, o Vitória fatalmente jogará sem centroavante.

Já faz alguns anos que se espalhou, na teoria e/ou na prática, a ideia do falso 9, depois de uma mudança de posicionamento e movimentação que Guardiola outorgou a Messi no Barcelona. Desde então, muitos treinadores tentaram fazer o mesmo, devido à característica de algum jogador que tinha no elenco ou, pelo contrário, pelo que não tinha à disposição.

Na vanguarda, o Vitória deu um passo à frente para deixar o falso 9 na poeira da história e montou um elenco em que a figura do centroavante é mais do isso - é unicamente imaginária.

Desde que Tréllez foi embora, no início do ano, deixando um bom dinheiro em caixa, a diretoria rubro-negra torrou a grana com sabe-se lá quantas contratações para o ataque, nenhuma que efetivamente funcione no que, em tese, seria o dever de ofício: fazer gol. Isto posto, fica Carpegiani com o abacaxi nas mãos, tentando mil e uma composições para resolver um problema que já lhe entregaram pronto e mal ajambrado. 

Logo quando chegou, o treinador tomou uns sapecas porque o sistema defensivo também era imaginário. Aos poucos, ele deu alguma solidez ao time, contando especialmente com a ajuda de um zagueiro de 19 anos. O Vitória parou de tomar gols a rodo numa partida sim e na outra também e conseguiu até botar o nariz pra fora da água.

A respirada também foi possível porque, na outra ponta do campo, um jovem igualmente formado na divisão de base parecia inflamar sua aptidão a fazer gols, mas a chama logo arrefeceu. Daí que entra centroavante e sai centroavante e a dificuldade de botar a bola na rede segue latente.

Não à toa, o CORREIO promoveu a supracitada enquete. Via de regra, essas ideias só surgem quando existem variadas opções de qualidade e o torcedor-internauta é convidado a votar pelo prazer ou, por outro lado, quando nenhuma das opções convence, então é bom descobrir aquele que a torcida, percentualmente, considera menos pior.

Por sorte, o caso aqui não é de Enem, que terá suas primeiras provas amanhã. Se fosse, era capaz de muita gente ultrapassar o tempo da avaliação, queimando a mufa com essas tristes alternativas.

Binho, em nome da justiça, é melhor anular a questão e dar o ponto pra todo mundo.

Victor Uchôa é jornalista e escreev aos sábados.