Quinta-feira Santa é marcada por missas dos Santos Óleos e do Lava-pés

Celebrações são as últimas antes do Domingo de Páscoa

  • Foto do(a) author(a) Bruno Wendel
  • Bruno Wendel

Publicado em 13 de abril de 2017 às 22:10

- Atualizado há um ano

(Foto: Almiro Lopes/CORREIO)O gesto é milenar, mas até hoje lembrado como exercício de humanidade. Assim, mais uma vez marcando a Quinta-Feira Santa, Igreja de São Pedro dos Clérigos, no Pelourinho, recebeu hoje à noite a tradicional missa de Lava-pés.

Na celebração, que marca a Semana Santa, o arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Murilo Krieger, lavou os pés de 12 fiéis, imitando o gesto de Jesus Cristo a seus discípulos, na Última Ceia.

Os 12 foram pessoas escolhidas por causa de suas relações com o Centro Histórico. “Todos, de alguma forma, fazem ações sem olhar a quem”, declarou o padre Lázaro Muniz, pároco da Catedral Basílica. Entre eles estava o aposentado Evilásio Bertoldo dos Santos, 72 anos.

“É um momento muito significativo, um exemplo a ser seguido. Temos que praticar mais a humildade, um dos inúmeros ensinamentos que Deus nos deixou”, declarou Evilásio, diretor da Ordem Terceira de São Domingos de Gusmão e morador de Marechal Rondon.

A missa, celebrada por Dom Murilo Krieger, começou às 18h. Ela é a última antes do Domingo de Páscoa. “Como seria bom se a lição da humanidade entrasse em nossos corações. Onde foi parar o bom-senso? Se os políticos olhassem para o povo, dando segurança, saúde, moradia... A gente vê que os ensinamentos de Jesus estão longe de se colocar em prática. O que devemos fazer é escutar o Senhor e colar em prática seus ensinamentos e Ele virá em nosso socorro”, disse Dom Murilo, durante a homilia.

A catedral estava lotada e algumas pessoas tiveram que assistir à missa de pé, como foi o caso da vendedora Bruna Alcântara, 35, que foi pedir uma graça. “Frequento sempre. Vim renovar a fé e pedir pela minha filha, de 15 anos, que tem lúpus, doença sem cura”, disse ela, que mora no Jardim das Margaridas.

Já farmacêutica Mércia Rodrigues, 41, foi à missa pelo que a Semana Santa representa para ela. “Vim pela entrega de Jesus na cruz. É importante reviver todo o momento da crucificação, morte e ressurreição. Uma lição que jamais devamos esquecer”, declarou.(Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO)

Santos ÓleosO Lava-pés não foi a primeira celebração desta quinta-feira (13), a Quinta-feira Santa. Durante a manhã, a Missa dos Santos Óleos reuniu 250 padres e cerca de 400 fiéis no Santuário Nossa Senhora de Fátima, no Colégio Antônio Vieira.

A celebração, também presidida por Dom Murilo, marcou a renovação das promessas dos párocos, além da bênção dos óleos da unção dos enfermos, crisma e  batismos. Para ele, o encontro é para celebrar unidade e harmonia. O arcebispo explicou que, na Quinta Santa, nenhuma outra missa é realizada na cidade, já que todos padres que fazem parte da arquidiocese se unem para fazer as renovações e estreitar os laços dos compromissos com Deus. "É a única missa que reúne todos eles com o bispo, e é uma maneira de agradecer", pontuou.

Foi na Quinta-feira Santa que Jesus estabeleceu o sacerdócio e, por este motivo, a Igreja Católica simboliza a data promovendo um encontro entre os religiosos. "Eles têm a oportunidade de renovar as promessas feitas ao Senhor e servirem à Igreja. É uma uma linda união entre nós", completou Dom Murilo, momentos antes da cerimônia, que acontece todos os anos, sempre na quinta-feira da Semana Santa.

Com os olhos marejados, a aposentada Almira Santana, 62 anos, não escondia a emoção. Acompanhada da filha, ela contou que nunca havia assistido à celebração. "É a primeira vez que venho ver essa (missa). Muito bonita porque a gente viu que os padres são todos amigos, me deu tranquilidade todos juntos", comentou. Para ela, a bênção dos óleos também foi novidade. "Eu não sabia que aqueles óleos eram benzidos", completou.

Na celebração, não faltaram votos de paz, saúde, amor e harmonia. Dom Murilo ressaltou a importância do compromisso dos padres com suas paróquias. Posicionados no altar durante toda missa, os religiosos receberam a hóstia e, em seguida, saíram juntos, saudando os fiéis. O cumprimento do arcebispo deixou o rodoviário Lúcio Bindo, 46, realizado.

"É um ambiente de paz. Só sinto paz e felicidade de estar aqui hoje, véspera da Sexta-feira Santa, podendo receber tantas bênçãos", salientou ele, que faz questão de estar presente todos os anos. Os óleos são usados em todas as paróquias de Salvador, durante todo ano, e simbolizam a união dos padres com seu bispo. 

Quem também se sentiu abençoada foi a universitária Camila Trindade, 25, que acompanhou a avó, a aposentada Dalinda Trindade, 71. "Foi minha prima vez mas, certamente, não será a última. Cresci ouvindo minha família, que é muito religiosa, comentar sobre a Páscoa e resolvi participar um pouco. Me sinto muito bem", salientou.  

Ex-pároco da  Lapinha, Padre Pinto também esteve presente na celebração. Demonstrando tranquilidade, ele conversou com outros padres e participou da missa.