Raio-X da eleição que decide novo comando da Câmara dos Deputados

Disputa é marcada pelos nome de Arthur Lira, apoiado por Jair Bolsonaro, e Baleia Rossi, apoiado por Rodrigo Maia

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  • Da Redação

Publicado em 1 de fevereiro de 2021 às 08:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Agência Brasil

A Câmara dos Deputados decidirá nesta segunda-feira (1º) quem será o próximo presidente da Casa nos anos de 2021 e 2022, substituindo o atual presidente, Rodrigo Maia. A eleição será realizada a partir das 19h, de maneira secreta e presencial.

Principais nomes do pleito, os deputados Arthur Lira, do PP, e Baleia Rossi, do MDB, são integrantes de uma disputa travada pelo presidente da República, Jair Bolsonaro, e Rodrigo Maia, que tenta emplacar seu sucessor no cargo.

Além de Lira e Rossi, também estão na disputa os parlamentares Alexandre Frota, do PSDB; André Janones, do Avante; Fábio Ramalho, do MDB; General Peternelli, do PSL; Luiza Erundina, do PSOL, e Marcel van Hattem, do Novo. 

Não necessariamente estes serão os nomes que disputarão a eleição, já que é possível incluir ou retirar candidaturas até às 17h de hoje. Para a vitória em primeiro turno, é necessário que o candidato conquiste maioria absoluta dos votos. Caso isso não aconteça, haverá segundo turno entre os dois mais votados.

Além do cargo de presidente da Câmara, também serão decididos outros dez cargos na mesa diretora, como os integrantes da vice-presidência, os secretários e seus suplentes. A distribuição de vagas na mesa é feita de acordo com o tamanho dos blocos parlamentares e/ou partidos.Cronograma da eleição Formação dos blocos - até 12h Registro de candidaturas - até 17h Início da sessão e discurso dos candidatos - 19h Votação - por volta das 20h30

Véspera da eleição

Neste domingo, véspera da eleição para a presidência da Câmara, o DEM -  partido do atual presidente, Rodrigo Maia (RJ) -  decidiu manter-se isento em relação ao pleito. O partido  tomou a decisão de neutralidade por unanimidade após reunião realizada na noite de ontem, na sede da legenda, em Brasília. A proposta de ficar isento na disputa partiu do presidente do partido, ACM Neto, e teve a anuência de nomes importantes na legenda, como o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, o ex-governador da Pernambuco  Mendonça Filho e o senador José Agripino. 

Em discurso, ACM Neto defendeu a decisão, afirmando que o partido está dividido e que é melhor manter a unidade do que ter um cargo na mesa diretora. Maia não participou da reunião. 

"A Executiva Nacional optou por não aderir nem a um bloco nem a outro, a escolha foi pela neutralidade", disse Mendonça Filho. Um dos aliados do deputado Arthur Lira (PP-AL), líder do centrão e candidato do presidente Jair Bolsonaro na disputa, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) confirmou que o partido não faz mais parte da base de apoio de Baleia Rossi. 

O DEM não havia formalizado a adesão a nenhum dos blocos, mas era contabilizado por Baleia Rossi e por Maia como parte da base do presidente do MDB. Com o DEM, o bloco de Baleia tinha 238 parlamentares, enquanto o de Lira tinha 272. Sem o partido, o número de parlamentares no lado do aliado de Maia cai para 207. 

Apoio

Tanto Arthur Lira quanto Baleia Rossi possuem o apoio de pelo menos dez partidos. Enquanto o candidato governista é apoiado por PSL, PP, PL, PSD, Republicanos, PSC, Avante, Patriota, PTB e Pros, o emedebista é apoiado por PT, MDB, PSDB, PSB, PCdoB, Rede, PV, Solidariedade, Cidadania e PDT. Ainda não declararam apoio os dez parlamentares do Podemos.

Além do Democratas, outras legendas como o PSDB e o Solidariedade também foram alvo de especulações acerca da saída do bloco de apoio à Baleia Rossi. Com uma eventual saída destes dois partidos, Arthur Lira acabaria virando amplo favorito, por larga vantagem, para conseguir chegar à presidência da Câmara.

Considerando as bancadas dos partidos em questão, Rossi possui um total de 236 deputados, 13 a menos do que Arthur Lira, cujo apoio é de 249 parlamentares. Vale citar que esses números são apenas estimativas, já que não há garantias de que o posicionamento partidário será seguido pelos deputados, pois o voto é secreto.

Pandemia

O formato das eleições causou polêmica em Brasília. Aliados de Baleia Rossi defendiam a possibilidade de votação remota, inclusive o atual presidente, Rodrigo Maia. No entanto, a opção de votação totalmente presencial, defendida pelo grupo próximo à Arthur Lira, foi escolhida, a fim de assegurar o sigilo do voto.

Com isso, cerca de 3 mil pessoas devem circular na Câmara nesta segunda-feira. Os parlamentares que são grupo de risco da covid-19 terão três cabines de votação exclusivas, localizadas no Salão Nobre da Casa. No plenário, foi estabelecido um limite de 146 pessoas; no Salão Verde, 210, já no Salão Negro, local destinado aos jornalistas, poderão circular 105 pessoas ao mesmo tempo por vez.