Realeza desperta a nobreza em empreender

Tiago Azeviche atua com a marca Realeza ao tempo em que investe em diversas ações em prol da comunidade periférica

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 29 de julho de 2021 às 11:30

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

“Se a Apple saiu de uma garagem por que a Realeza também não pode?”. O questionamento do empreendedor baiano Tiago Azeviche, CEO da grife de roupa masculina Realeza(@vistarealeza), resume a esperança e disposição de alguém que já foi menor aprendiz, integrou a Band’Erê (projeto do Ilê Aiyê), trabalhou como peão de obra, vendeu feijão, mas sempre desejou criar um diferencial de identidade e afirmação para a população negra de Salvador. Em 2015, Tiago deixou um emprego formal, com carteira assinada como assessor de comissões para políticas de inclusão e afirmação, e partiu no sonho de ser dono do próprio negócio e transformar a marca Realeza em algo que pudesse gerar dividendos para ele e para toda a cadeia de colaboradores que atuam com ele, desde as costureiras até os motoboys responsáveis pelas entregas. 

“Eu acredito que o sonho está dentro e fora da Realeza, a realeza somos nós e o nosso lema é despertar a nobreza em cada ser”, comentou durante a realização do programa ao vivo Empregos e Soluções, nessa quarta-feira, na página do Jornal Correio, no Instagram.

Durante a conversa com a consultora e especialista em pequenos negócios Flávia Paixão, contou sobre todo o processo que o levou a trabalhar a marca e os erros que cometeu durante essa trajetória. “Quando comecei, queria ser uma marca a atuar nos eventos de hip hop, na verdade, queria comercializar para esse público, mas percebi que quem, realmente, desejava e podia consumir era um outro público, que deseja usar roupas para trabalhar, mas que essas vestimentas também trouxessem representatividade”, contou.

Erros e acertos

Até criar uma rede de profissionais capazes de colaborar com a produção das peças e coleções, Tiago conta que teve muito prejuízo e precisou aprender a trabalhar com estampas em silkscreen como uma forma de reduzir custos e levar adiante a proposta de manter o trabalho do ateliê, que funciona na garagem da casa da família. 

“As pessoas me diziam: ‘você só anda bonito, onde você compra essas roupas?’. Percebi que estava ali a oportunidade de resgatar uma tradição familiar que sempre costurou para poder se vestir bem. Inicialmente, achei que trabalharia com roupas para mulheres e homens, depois percebi que o público seria o masculino”, relembrou.

Na oportunidade, Flávia fez questão de ressaltar que a flexibilidade precisa ser uma característica forte nos empreendedores e que ao disponibilizar um serviço ou produto, é preciso ter em mente que ele não deve agradar apenas ao dono do negócio, mas, sobretudo, ao público consumidor. “Nosso serviço nunca é só para a gente, mas para o outro”, completou a consultora.  Na conversa comTiago, Flávia destacou a importância da flexibilidade nos negócios para encontrar as melhores oportunidades de crescimento (Foto: Reprodução)  Enquanto se estruturava, Tiago ficou trabalhando apenas com camisas pólo e sunga, para depois ampliar a produção das peças. Nesse intervalo, enquanto fortalecia a rede de colaboradores, o empreendedor foi buscar aprimoramento por meio do Sebrae e de outros programas de aceleração, inclusive no Vale do Dendê, onde teve a oportunidade de conhecer Regina Casé e ampliar o network. 

Atualmente, Tiago vem trabalhando para divulgar o fundo colaborativo Enfrente ( www.benfeitoria.com/realeza) que tem a meta de reestruturar a cadeia produtiva da Realeza, por meio de doações. Aliado a isso, ele leva paralelamente o projeto Diga Ai Masculinidades, que propõe discutir com o público masculino questões como o machismo e a violência doméstica. 

O programa ao vivo Empregos e Soluções é exibido todas às quartas-feiras, às 18 horas, na página do Jornal Correio no Instagram. Vale lembrar que os programas ficam gravados para quem quiser acompanhar num outro momento.