Relatório de março já atestava problemas em barragem de Maiquinique

Entre as irregularidades estão umidade nas áreas à jusante (abaixo do barramento)

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  • Yasmin Garrido

Publicado em 11 de abril de 2019 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ascom/Governo do Estado

Um relatório elaborado pela Agência Nacional de Mineração em 1º de março deste ano, assinado pelo Responsável Técnico de Barragem Luís Cláudio Serpa, enviado pelo próprio órgão ao CORREIO, atestava a estabilidade da Barragem nº 1, em Maiquinique, apesar de, já nesta data, terem sido encontrados problemas no equipamento, principalmente, relacionados a umidade nas áreas de jusante, além de presença de vegetação arbustiva. A barragem está interditada e, segundo a ANM, corre 'risco iminente de rompimento'.

Ainda em fevereiro, o relatório da ANM sobre a situação das barragens brasileiras, classificou a estrutura nº 1 de Maiquinique na categoria médio, tanto para risco quanto para dano potencial associado. Este último, segundo a Agência, se refere ao dano que pode ocorrer devido a rompimento, vazamento, infiltração no solo ou mau funcionamento de uma barragem.

Já a partir do dia 18 de março, com a presença da Força-Tarefa de Barragem, outras questões foram levantadas pela equipe e levaram à interdição da estrutura. Por meio de nota, o Ministério Público do Trabalho (MPT) afirmou que “um dos principais problemas é a falta de projeto da barragem, uma vez que não se pode saber como ela foi construída, porque a Grafite do Brasil não tem o projeto para apresentar”.

“Os peritos detectaram também um movimento de material líquido que estava atravessando o barramento e aparecendo na parte externa da barragem através do solo. Esse movimento subterrâneo da água, chamado de percolação, é lento, mas pode indicar instabilidade da barragem”, diz nota do órgão estadual.

A percolação já havia sido detectada no relatório produzido em março pela ANM, no qual afirmava que a barragem possuía “umidade ou surgência nas áreas de jusante, paramentos, taludes ou ombreiras sem implantação das medidas corretivas necessárias”. No mesmo documento, a Agência também afirmou ter localizado “existência de trincas e abatimentos sem implantação das medidas corretivas necessárias, bem como falhas na proteção dos taludes e paramentos”.

Após a atuação da Força-Tarefa, a ANM emitiu novo documento, classificando a barragem de Maiquinique como de risco alto, sendo uma das três de maior ameaça no país. Em conversa com o CORREIO, a procuradora do MPT, Verena Borges, afirmou que não pode divulgar quais as outras 14 barragens que devem ser, até julho, inspecionadas pelo grupo.

* Com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier