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Da Redação
Publicado em 8 de abril de 2019 às 17:00
- Atualizado há 2 anos
Foto: Reprodução/TV Globo O repórter da Globo, Carlos de Lannoy, compartilhou em seu Twitter, na noite do último domingo, 7, uma ameaça que recebeu por meio de uma rede social após a exibição de uma reportagem no Fantástico sobre a morte de um homem após o carro em que estava com sua família ter recebido cerca de 80 disparos por parte do Exército.>
"Minutos depois de fazer reportagem no Fantástico sobre mais uma morte em blitz do exército, recebi essa ameaça no meu Instagram. Não ficará assim", escreveu Carlos em seu Twitter.>
Na sequência, ele publicou uma captura de tela em que um usuário do Instagram o ameaça: "Se você escolher falar m*** e defender bandido é escolha sua! Seu m***!" >
O perfil ainda afirma que o jornalista "assinou sua sentença" e que "sua família vai pagar": "aguarde cartas!">
De Lannoy compartilhou o comentário e fez um adendo: "Você vai responder por essa ameaça. O que você fez não é apenas uma afirmação vergonhosa, infeliz e lamentável, mas um crime previsto em lei. Aguarde!">
Procurada pelo E+, a Globo, por meio de sua assessoria, afirmou que "não vai comentar" o caso.>
Entenda o caso Pelo menos dez militares do Exército foram presos em flagrante pelo envolvimento no fuzilamento do carro de uma família em Guadalupe, na zona norte do Rio, no domingo, 7. O músico Evaldo Rosa dos Santos, de 46 anos, morreu depois que o carro foi alvejado por mais de 80 tiros. >
O músico levava a família para um chá de bebê no momento em que foi atingido por três disparos. O sogro de Evaldo também ficou ferido, mas se recupera bem. Outras três pessoas estavam dentro do carro.>
O filho mais velho do músico, Daniel Rosa da Silva, de 29 anos, contou que além dos 80 tiros disparados contra o carro de sua família, foram encontradas mais de 200 cápsulas no chão. >
Segundo a polícia, os militares teriam aberto fogo contra o carro ao confundir o veículo com o de criminosos que atuam na região. >
"Para mim, isso é uma execução", afirmou Silva. "Foram 80 tiros no carro, mais 200 cápsulas de munição pelo chão. Vão botar o exército na rua para garantir a segurança? Que segurança foi essa? Acabaram com uma família.">
Silva contou que não houve nenhuma abordagem oficial, nem mesmo um pedido para parar o carro ou prestar esclarecimentos. Os militares apenas atiraram contra o carro. O irmão mais novo de Silva, de apenas 7 anos, estava no carro alvejado mas não ficou ferido.>
Confira também a nota oficial divulgada pelo Exército Brasileiro sobre o ocorrido:>
"Acerca dos fatos envolvendo militares do Exército que realizavam patrulhamento regular no perímetro de segurança da Vila Militar (RJ), no dia 7 de abril, e que resultaram no óbito de um civil e em ferimentos em outros dois, o Comando Militar do Leste informa que:>
1. com base em informações iniciais transmitidas pela patrulha, foi emitida Nota segundo a qual a tropa teria reagido a uma agressão oriunda de criminosos a bordo de um veículo;>
2. em virtude de inconsistências identificadas entre os fatos inicialmente reportados e outras informações que chegaram posteriormente ao Comando Militar do Leste, foi determinado o afastamento imediato dos militares envolvidos, que foram encaminhados à Delegacia de Polícia Judiciária Militar para tomada de depoimentos individualizados. Esse procedimento prolongou-se pela madrugada, tendo sido coletado também, até o presente momento, o depoimento de uma testemunha civil. Um membro do Ministério Público Militar acompanhou todo o procedimento;>
3. na manhã de hoje, após a conclusão dessas oitivas, foi determinada a lavratura da prisão em flagrante de 10 dos 12 militares ouvidos, em virtude de descumprimento de regras de engajamento;>
4. a partir de agora esses militares passam à disposição da Justiça Militar da União, a quem cabe, obedecido o prazo legal, realizar a Audiência de Custódia e determinar como será dado prosseguimento;>
5. cumpre esclarecer que o decurso de prazo entre os acontecimentos propriamente ditos e as providências no sentido da decretação das prisões deveu-se aos cuidados necessários para com o devido processo legal, por orientação do Ministério Público Militar, órgão encarregado do controle externo das atividades das Forças Armadas;>
6. por fim, o Exército Brasileiro reitera seu estrito compromisso com a transparência e com os parâmetros legais impostos pelo Estado de Direito ao uso legítimo da força por seus membros, repudiando veementemente excessos ou abusos que venham a ser cometidos quando do exercício das suas atividades." >