Respeitando quem sente desconforto com 'Black Friday', Boticário abandona termo

CEO citou ausência de dados para comprovar que termo não se relaciona com escravatura; empresa usará 'Beauty Week'

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  • Da Redação

Publicado em 29 de setembro de 2020 às 18:22

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação

O CEO do Grupo Boticário, Artur Grynbaum, informou nesta terça-feira (29) que a empresa não usará mais o termo "Black Friday" em suas campanhas. Segundo ele, a decisão ocorre pela falta de ausência de dados científicos que comprovem que a expressão não se relaciona à questão da escravatura.

"A dois meses da 'Black Friday' – um dos períodos mais relevantes do ano para o varejo e a data mais importante para o comércio eletrônico em todo o mundo, nos deparamos com um incômodo recorrente: há anos conversamos sobre a possível origem do termo “Black Friday”, sobre a ausência de dados científicos que comprovem que ele realmente não se relaciona à questão da escravatura", iniciou o CEO.

E concluiu: "Respeitando os movimentos que sentem desconforto com o termo, decidimos parar de refletir e começar a agir - não teremos mais o termo Black Friday no Grupo Boticário. Precisamos de algo maior e essa transformação deve começar por nós. Esse movimento emergiu nas equipes do Grupo Boticário, a discussão ganhou força e esse é o resultado", escreveu Grynbaum no LinkedIn. As informações são do jornal Extra.

O CEO destaca que há riscos de perdas para o negócio, mas defende que "melhor que esperar a perfeição, é construir juntos aquilo em que acreditamos". O Grupo Boticário deve usar o termo "Beauty Week" para identificar a temporada de descontos.

Não há nenhuma evidência que prove a ideia de que a tradição da temporada de descontos deriva do tráfico de escravos. No ano passado, a equipe do Fato ou Fake publicou uma checagem desmentindo um boato sobre o tema.

O primeiro registro do uso do termo nos EUA data de 24 de setembro de 1869, seis anos depois da abolição da escravidão no país. Outra origem para o nome do movimento comercial data de 1951 e é uma ironia de patrões para as várias ausências de empregados na sexta-feira seguinte ao feriado de Ação de Graças.

Nos anos 1960, na Filadélfia, o termo também se popularizou entre policiais, que reclamavam do trânsito e do alto fluxo de motoristas e pedestres nas ruas para fazer compras, o que tradicionalmente ocorria na sexta e no sábado seguintes ao feriado. No Brasil, a Black Friday ocorre desde 2010. As informações são do jornal Extra.