Revendedores de gás de cozinha protestam contra reajustes sucessivos no valor do produto

Reajuste acumulado é de cerca de 50% no valor dos botijão gás desde maio deste ano

Publicado em 6 de novembro de 2020 às 23:02

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Reprodução/Arquivo pessoal

Revendedores de Gás de Cozinha de Salvador e Região Metropolitana fizeram uma manifestação na manhã de sexta-feira (6) contra o reajuste acumulado de cerca de 50% no valor do botijão gás desde maio deste ano. Das 9h30 às 13h, cerca de 200 pessoas participaram da carreata entre o Centro Administrativo da Bahia (CAB) e dispersada após o Salvador Shopping, percorrendo a Paralela. 

Segundo a diretora do Sindicato Dos Revendedores de Gás do Estado da Bahia (SinRevGás), Rosana Mello, a Petrobrás já fez oito reajustes desde maio e um nono reajuste, de 5%, foi aplicado pelas distribuidoras, com a diluição do dissídio coletivo no produto. Caso os aumentos continuem, o botijão de gás liquefeito de petróleo (GLP) de 13 Kg pode bater R$ 100 no começo de 2021, informa a sindicalista. Ainda de acordo com ela, na capital e RMS, o preço médio do bujão de gás é de R$ 80, unindo a entrega e a retirada na porta no mesmo cálculo. Em maio, a média de preço era R$ 60.

“O reajuste das distribuidoras ocorre todo ano e já era esperado. Entretanto, a Petrobrás tem reajustado os preços praticamente todo mês”, afirma o diretor do sindicato, Robério Souza. A manifestação não foi convocada pelo sindicato, mas recebeu o apoio da entidade.

De acordo com ele, as revendedoras absorveram 25% do reajuste para manter o valor do gás mais acessível. Porém, as empresas não podem mais arcar com os aumentos sucessivos e o botijão deve encarecer. Rosana aponta que a população mais pobre é a que mais sofre com o encarecimento do produto.

“A revenda fez o que podia para não aumentar, mas eu já vou ter que aplicar o reajuste do produto na segunda. A ideia do protesto foi chamar a atenção da população pois esta também é uma batalha dela. O consumidor final arca com isso”, comenta.

O preço mais caro já tem afugentado os clientes, afirmam os sindicalistas. O movimento de compra ficou mais forte com o começo do pico da pandemia ao passo que mais consumidores ficaram em casa, mas a procura pelo produto caiu em até 5% em setembro, analisa Robério. 

Com os problemas, se manter no mercado tem sido complicado. Segundo Rosana, algumas revendedoras já fecharam e outras trabalham no vermelho. “Se todos os revendedores desistiram do negócio, a população vai ficar sem o fornecimento de gás. O negócio está ficando inviável. Um dos problemas causados por isso é a compra de gás na mão de vendedores clandestinos, o que não é seguro”, pontua.

Os revendedores pressionam para que a Petrobras mude sua política de preços. “A Petrobras se atenta a duas variáveis importantes: a cotação do barril de petróleo e a cotação do dólar. Com as oscilações, a empresa tem imputado reajustes atrás de reajustes. Os impostos incidem sobre o produto, mas o que mais impacta sãos os aumentos”, comenta Robério. O diretor da entidade acredita que a Petrobras deve buscar mecanismos para deixar o valor do gás de cozinha mais popular por ser um produto de primeira necessidade.

Na última quarta-feira (4), a Petrobras reajustou o preço médio do gás de cozinha em +5,0%. Segundo a estatal, o acréscimo puxa o preço médio da Petrobras para R$ 32,27 por botijão de 13kg. No acumulado do ano, houve um aumento de +16,1%, ou +4,47 R$/13kg no valor que o gás sai da refinaria, informa a empresa

“Importante esclarecer que, desde novembro de 2019, a Petrobras igualou os preços de GLP para os segmentos residencial e industrial/comercial, e que o GLP é vendido pela Petrobras a granel. As distribuidoras são as responsáveis pelo envase em diferentes tipos de botijão e, junto com as revendas, são responsáveis pelos preços ao consumidor final”, aponta a Petrobras.

Segundo a estatal, o acompanhamento da empresa aponta que, na semana de 18 outubro a 24 de outubro, 43% do preço ao consumidor final correspondiam à parcela da Petrobras e os demais 57% referiam-se a tributos e margens de distribuição e revenda.

*Com orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro