Rio Vermelho ganha centro cultural instalado em casarão histórico do começo do século 20

Espaço da Associação Viração, que será inaugurado dia 13 de janeiro com show do cantor e compositor Mateus Aleluia, anuncia programação de Verão

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  • Ronaldo Jacobina

Publicado em 8 de janeiro de 2022 às 07:15

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Divulgação

Foram mais de quatro anos de reforma e de um cuidadoso trabalho de restauro, executados na calada e protegidos por um enorme tapume de alumínio. O belo casarão de estilo neoclássico - cuja fachada é decorada com vitrais belgas coloridos e ostenta no alto, jarros e estatuetas em faiança portuguesa - foi erguido no começo do século 20 e pintado em tons de cor-de-rosa, tornando-se um dos símbolos do patrimônio arquitetônico que integra a paisagem da Praça Colombo, ali próximo ao Largo da Mariquita, no Rio Vermelho.  Piso de madeira forma mandalas no foyer Esta semana, o casarão reabre suas enormes portas e janelas, descortinando a vista para o mar, que a partir de agora poderá ser apreciada por quem passa pela sua calçada de pedra portuguesa. Os tons do projeto original não foram apenas mantidos nas paredes como agora batizam o centro cultural de Casa Rosa, que será inaugurado no próximo dia 13, às 19h, com um show do cantor e compositor Mateus Aleluia e do maestro Ubiratan Marques, depois de um ano promovendo shows, concertos e exposições virtuais.

Ao longo deste Verão, o espaço terá uma diversificada programação cultural, que vai da música clássica à gafieira, passando por shows de artistas da música brasileira. Cantores como Jussara Silveira, Luciano Bahia e Lazzo Matumbi passarão pelo palco Viração, instalado na área externa da casa, banhada pelas águas do mar do Rio Vermelho.  O palco ganhou este nome por trazer a brisa que sopra do mar para o pátio, a ampla área aberta onde foi instalado, que é apenas um dos aprazíveis ambientes do espaço, que conta ainda com teatro, salas de ensaio e de concerto, bar, cozinha, galeria, foyer e praça com vista total para o mar.  Teatro Cambará Tudo projetado de forma a unir e adaptar cada ambiente ao que se propõe. Um exemplo é o Teatro Cambará, separado da Praça Viração por uma gigantesca porta de vidro que serve para isolar ou integrar um espaço do outro, permitindo experimentações diversas nos eventos ofertados. O projeto arquitetônico leva a assinatura do escritório Rose & Fritz Arquitetos e privilegiou a integração dos espaços, resguardando materiais originais como os pisos de madeiras que foram retirados, tábua por tábua, restaurados e reassentados, respeitando os desenhos originais. Praça Viração tem vista para o mar e pode ser integrado ao teatro  Vale ressaltar os assoalhos de madeira nobre, arredondados e em dois tons que formam as belíssimas mandalas que revestem o piso do foyer. “Nossa preocupação era manter a originalidade do projeto, mesmo fazendo as intervenções físicas para atender às necessidades do projeto, cuidamos para que aquela áurea do começo do século fosse percebida pelo visitante e que, por outro lado, atendesse às necessidades do cliente”, explica a arquiteta Rose Lima, que é também responsável, em parceria com Patrícia Si Barreto, pela consultoria artística do centro cultural. Sala de ensaios tem vista para o mar do Rio Vermelho O cliente em questão é Zaba Moreau, diretora da Associação Viração, entidade sem fins lucrativos, criada em 2019, com o objetivo de promover arte, cultura, educação, e ações na área socioambiental. “Eu atuo há mais de quatro décadas nesta área, especialmente com captação de recursos, e quando vi que esta casa que eu sempre admirei estava à venda, decidi que aqui seria a sede da Viração”, conta a diretora da associação ,que tem na sua composição investidores da economia criativa que preferem se manter no anonimato. Praça e palco viração são integrados com a praia Para Zaba, que é ex-mulher e mãe de quatro filhos do cantor e compositor Arnaldo Antunes, e faz parte da família Clemente Mariani, a proposta da Casa Rosa é oferecer experiências ao público. “Aqui iremos abraçar e ajudar a promover todas as linguagens artísticas, desenvolver ações socioambientais e dialogar com a cidade”, diz. As experiências se estendem pela gastronomia. De janeiro a março,  os chefs Gabriel e Rosa Guerra, do Larriquerri, serão responsáveis pela cozinha da casa, que ganhou o nome de Puxadinho Larribar, e vai oferecer um cardápio elaborado exclusivamente para o espaço. A cada domingo, durante a realização do Domingão na Casa Rosa, os chefs prepararão aquelas comidas que os baianos costumam oferecer aos convidados como feijoada, sarapatel etc. Tudo embalado com boa música.  Teatro Cambará visto de outro ângulo A proposta do espaço é funcionar de quinta a domingo, sempre com uma programação variada que será distribuída por todos os cômodos da casa. Para além da programação musical prevista, a Casa Rosa planeja ocupar seus espaços também com a produção virtual desenvolvida no ano passado, quando estava preparada para abrir as portas e teve que adiar por conta da pandemia. Neste período, foram realizadas exposições, concertos, shows, gravações e outras atividades, disponibilizadas nos canais virtuais da casa e que agora poderão ser conferidas in loco. 

Curiosidades sobre o Palacete Rosa

No livro de Ubaldo Marques Porto Filho, publicado pela Associação dos Moradores do Rio Vermelho, em 1991, o construtor da casa, que já foi chamada de Palacete Cor-de-rosa, foi o milionário Artur Palácio, que tinha uma vida social intensa e teria mandado fazer a mansão para realizar ali bailes e saraus com16 quartos, dois salões, salas para orquestra e para jogos, etc. A badalação, segundo o autor, acabou na década de 1930, quando Palácios vendeu o imóvel para o comerciante José Nasser Borges que viveu ali com a mulher, sem filhos, até 1962. Com a morte do casal, a casa teria ficado de herança para um sobrinho residente no Líbano que veio a Salvador e a vendeu a um espanhol que o alugou para um restaurante, batizado de Casablanca, que durou pouco tempo. Em 1967, o imóvel foi adquirido pelo médico Mário Augusto Castro Lima, ex-ministro da Saúde, fixando residência com sua mulher Denacy que, após ficar viúva e sozinha, decidiu vende-la a Zaba Moreau que a transformou no Centro Cultural Casa Rosa. 

Serviço:

Praça Colombo, nº 106, Rio Vermelho. @casa_rosa_salvador

PROGRAMAÇÃO – JANEIRO. 2022 LOCAL: ESPAÇO VIRAÇÃO Capacidade de público: 240 pessoas

SHOW DE ABERTURA – 20h (Espaço aberto a partir das 19h) Mateus Aleluia com Maestro Ubiratan Marques Data: 13 de janeiro de 2022 Valor: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia), vendas pelo sympla

SARAU DA CASA ROSA – 21h (Espaço aberto a partir das 20h) Data: 21 de janeiro de 2022 Letieres Leite Quinteto – Homenagem a Letieres Leite Valor: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), vendas pelo sympla

Data: 28 de janeiro de 2022 Gafieira do Padre – Luiz Brasil & banda Valor: R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia), vendas pelo sympla

CASA ROSA EM FESTA – 21h (Espaço aberto a partir das 20h) Data: 22 de janeiro de 2022 Jussara Silveira & Luiz Brasil Valor: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia), vendas pelo sympla

Data: 29 de janeiro de 2022 Lazzo Matumbi Valor: R$ 80 (inteira) e R$ 40 (meia), vendas pelo sympla

DOMINGÃO NA CASA ROSA – a partir das 13h Data: 23 de janeiro de 2022 Mazzo e DJ Roger Valor único: R$ 100 com almoço, vendas pelo sympla

Data: 30 de janeiro de 2022 Luciano Bahia e DJ El Cabong Valor único: R$ 100 com almoço, vendas pelo sympla