Rita Batista vence ação contra apoiador de Bolsonaro e ganhará indenização

Jornalista baiana apresentou programa do PT nas eleições de 2018

Publicado em 21 de outubro de 2019 às 16:20

- Atualizado há um ano

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Rita Batista apresentou o programa eleitoral de Fernando Haddad, do PT (Foto: Reprodução) A jornalista baiana Rita Batista, apresentadora do programa eleitoral do PT durante as eleições do ano passado, ganhou uma ação contra um apoiador de Jair Bolsonaro que a ofendeu pelas redes sociais.

O militante pró-Bolsonaro Alex Jorge Dias Soares terá de pagar indenização por danos morais. De acordo com o processo, o acusado chamou Rita de "criatura horrenda que se prestou a fazer um trabalho sujo e que desejava seu mal e também de sua família e filhos", diz a sentença assinada pela juíza Anna Karla Pereira Vianna de Castro.

A ofensa aconteceu após o período eleitoral. Além do pagamento da indenização, o Alex, que mora no Maranhão, terá que se retratar com a jornalista em suas redes sociais.

"Sentimento de dever cumprido. Eu fiz o que deveria ser feito, mas que as vezes a gente se acovarda de fazer. Porque é dispendioso, dá trabalho... Eu acho que é pedagógico e importante que as pessoas, ao serem ofendidas, juntem provas e não deixem barato. A ideia não é ganhar dinheiro, mas que todos possam saber o que ele fez e o porquê da punição", comemorou a jornalista.

Rita Batista atualmente é apresentadora da TVE e foi alvo de críticas e ofensas de bolsonaristas durante a campanha eleitoral.

Relembre o caso Ao todo, foram mais de 30 páginas de prints de ataques de diversas pessoas – a maioria impublicável – sofridos pela jornalista e apresentadora baiana Rita Batista, reunidos por ela em uma espécie de “dossiê” que apresentou à Polícia Civil e ao Ministério Público do Estado (MP-BA), há um ano.

Entre as ofensas divulgadas pela apresentadora na época, estavam: “Negona piranha”; “O que é isto? O saci Pererê”; “Frígida”; “Imunda”; “Agora vai vim (sic) o mimimi só porque ela é negra”.

Antes da campanha, ela já tinha ouvido alguns xingamentos e ataques, conforme relatou na ocasião. Mas foi em 12 de outubro do ano passado, data em que apareceu pela primeira vez na televisão, apresentando o programa eleitoral do então candidato à Presidência, que ela sentiu que as coisas mudaram. A cada aparição no programa, mais ofensas em seus perfis nas redes sociais. Todos os dias, de forma difícil até de mensurar.“As pessoas estão cegas. Então, para cada leitura, porque tem muito perfil falso, eu via exatamente o estado em que estão as coisas. Infelizmente, nosso país é, de fato, misógino, porque tem muito de ‘puta’, ‘vadia’. É a misoginia clássica, o machismo. O país é homofóbico e racista e isso só evidencia tudo que a gente fala há 518 anos”, disse Rita, em entrevista ao CORREIO, na época. Durante as eleições de 2018, outras mulheres – negras e que costumam se expressar politicamente de forma pública – foram atacadas e ameaçadas. Entre elas, a jornalista Maíra Azevedo, a Tia Má, a atriz Erika Januza e a youtuber Nátaly Neri.