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Roma Negra, o bar do Pelourinho para ‘aquilombar’ com gastronomia, cultura e arte

Restaurante completa um ano e participará do AfroPunk Bahia; conheça a história

  • D
  • Da Redação

Publicado em 27 de novembro de 2022 às 11:00

. Crédito: Foto: Paula Fróes/CORREIO

Entrar no restaurante Roma Negra é desestabilizar todos os sentidos com tantos gatilhos importantes. É comer cultura, saborear consciência e sentir o delicioso aroma da cultura e empreendedorismo negro. Completados um ano de existência, o local de alta gastronomia da diáspora africana se tornou um centro cultural providencial para o coração  de Salvador, o Pelourinho. Muito mais que isso. Se tornou referência gastronômica e cultural fora dos limites do Centro Histórico. Após um giro completo em torno do sol, o Roma Negra será referência no Afropunk Bahia, que acontece este final de semana em Salvador. 

A chef do Roma, Dona Severina Santana, vai disponibilizar para o público delícias da casa, como um pastel de bobó de galinha, além do bolinho cítrico, uma mistura de abobrinha, cebola recheada com queijo mussarela, acompanhado com uma maionese de coentro. “Queria poder levar todos os pratos, mas para fazer parte da nossa gastronomia vai o nosso famoso pastel de bobó de galinha, uma opção vegana. Também não pode ficar de fora o queridinho de todos os eventos, o escondidinho de carne do sol com chips de raízes”, disse a empresária Diana Rosa, uma das duas sócias do lugar. 

“Será uma honra fazer parte do Roma Negra e participar do Afropunk mais ainda, vamos nos divertir trabalhando, participar desse festival cultural vai ser uma grande responsabilidade, pois será nosso primeiro  festival  na cozinha fora do Roma Negra”, completa Diana. 

Outra sócia do restaurante, Mônica Tavares enxerga a participação do Roma Negra no AfroPunk como uma consolidação de algo que já estava demonstrado no público que frequenta o lugar. “Neste primeiro ano de funcionamento, foram muitos momentos marcantes e de aprendizagem. Não foi fácil, mas foi importante. Tivemos música, cultura e arte respirando durante todo o ano, mesmo com todas as incertezas que vivemos. Mas o que mais me deixou emocionada foi uma senhora, trazida pela filha, que chorou ao chegar no Roma Negra. Ela me disse: ‘que bom ter vivido para ver um lugar como este aberto’. O Roma é isso”, disse Mônica, emocionada. 

Durante um ano, o empreendedorismo de Mônica e Diana se transformou em acolhimento para reuniões, discussões, espetáculos de arte e debates de pautas pertinentes à sociedade. Foi palco de assuntos diversos, como inclusão social, racismo, homofobia e, principalmente, o foco inclusivo: o negro pode, sim, transitar em todas as esferas sociais, do popular ao mais sofisticado. Neste ponto, o Roma Negra passou a ser crucial para influenciar empreendedores pretos e a convivência numa gastronomia sofisticada e justa. O restaurante foi palco de lançamentos de livros, rodas de conversa, de música, exposições, entre outras artes. O palco está sempre aberto.

“Neste primeiro ano, não vou saber te informar a quantidade de eventos que abrigamos aqui. O Roma, de fato, se tornou um abrigo da cultura em todas as vertentes. Foi um ano intenso, extremo, mas que favoreceu para que o Roma fosse um lugar de acolhimento para pautas importantes. Um abrigo seguro, né? É um espaço de afeto para encontros, palestras, rodas de conversa e espetáculos artísticos. A arte salva, né?”, afirma Mônica, que não tira o restaurante do cunho comercial. Porém, ela acredita que ação social e empreendedorismo podem caminhar juntos, sim.

“Estes espaços como o Roma Negra conseguem existir por conta das pessoas que buscam acolhimento. Não se trata apenas de comer bem, ser bem atendido e sair satisfeito.  Isso deve ser automático. O Roma Negra quer despertar mais e vimos isso neste primeiro ano. O público foi a engrenagem daqui e superou tudo que esperávamos. Claro, é um negócio, mas tem o propósito social. Temos um público alvo, da classe média preta, mas a porta está aberta para todos. Temos um cunho coletivo”. 

Roma Negra fica no Terreiro de Jesus. Diversos gatilhos visuais roubam a atenção do cliente, como um painel com 128 personalidades pretas que se destacam no que fazem. “Este painel é muito interessante, pois as pessoas ficam longos períodos olhando, admirando, mas também sugerindo pessoas que não estão ali. Por isso, neste primeiro ano de casa, vamos inserir outras pessoas também. Somos cobrados, acredite”, brinca Mônica, que também tem em outra parede uma Frida pintada pelo artista plástico Flávio Oliveira, que morreu em 2021 vítima da covid-19.

Mônica também conta a importância dos colaboradores na construção da casa. São mais de 28 funcionários, todos pretos que se enxergam no lugar. “Se eu sou um polvo, eles são meus tentáculos. Aqui, se uma pessoa precisa levar o filho na consulta, vai sem delongas, nós cobrimos a falta. Todos são importantes e tratados igualmente. Existe uma relação bem forte de família. Além do cliente, não teríamos conseguido sem nossos funcionários”, completa. 

No menu do Roma, é possível saborear iguarias de raiz africana. Que tal um caldo de sururu acompanhado de taboca crocante? Melhor ainda um efó com camarões na pasta de amendoim com Gengibre e Leite de Coco fresco, empalhado na folha de bananeira. Tudo isso saboreando uma boa carta de vinhos, enquanto há um show de jazz no palco da casa. Para saber toda programação do Roma, basta seguir o perfil do Instagram (@romanegrasalvador). O restaurante também está abrindo nos jogos do Brasil durante a Copa, com muito samba e comida boa. O nome Roma Negra é referência à ialorixá mãe Aninha, do Axé Opó Afonjá, que batizou Salvador com esta alcunha. O Roma é isso: um espaço para aquilombar com gastronomia, cultura e arte.