Saiba quem são os quatro presos sob suspeita de hackear autoridades

Dois advogados negam envolvimento dos clientes no caso

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  • Da Redação

Publicado em 24 de julho de 2019 às 23:20

- Atualizado há um ano

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Os quatro presos pela Polícia Federal na terça-feira (23) sob suspeita de invadir contas e telefones de autoridades são todos de Araraquara, em São Paulo, embora morassem em cidades diferentes. Eles têm de 25 a 33 anos e são três homens e uma mulher. Entre as autoridades atacadas está o ministro da Justiça, Sergio Moro.

O juiz federal  Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do Distrito Federal, que autorizou a prisão temporária dos quatro, afirma que há "fortes indícios" contra eles. A prisão é de cinco dias, mas pode ser prorrogada. Para o juiz, há sinais de que os quatro "integram organização criminosa para a prática de crimes e se uniram para violar o sigilo telefônico de diversas autoridades brasileiras via invasão do aplicativo Telegram".

 O juiz determinou a quebra do sigilo bancário dos suspeitos no período de 1º de janeiro a 17 de julho deste ano e o bloqueio acima de R$ 1.000 em suas contas. Veja quem são os quatro presos:

Gustavo Henrique Elias Santos, 28

Conhecido como DJ Guto Dubra, em Araraquara, Gustavo foi preso em São Paulo. Ele organizava a festa Harlem Shake, um tipo de música eletrônico, em cidades do interior paulista.

Um dos vídeos do YouTube do DJ traz menção a um apoio do ex-vereador Ronaldo Napeloso, investigado pela Polícia Federal e condenado em 2017 por lavagem de dinheiro e fraude processual.  (Foto: Divulgação) Gustavo já foi preso por receptação de uma caminhonete Hilux em 2013. O julgamento foi em 2015 e ele foi condenado a cumprir seis anos e meio em regime semiaberto. O advogado Ariovaldo Moreira, que também o representa agora, recorreu da decisão e pediu redução de pena. Por isso, Gustavo passou a cumprir a pena em regime aberto.

De abril de 2018 a junho de 2019, ele movimentou R$ 424 mil, mesmo tendo renda mensal de R$ 2.866. O advogado diz que o cliente tem como comprovar a legalidade do dinheiro. "Ele é DJ e opera bitcoins e ele prova a origem do dinheiro", afirmou ao G1.

Amigos da região dizem que a prisão foi um choque em Araraquara. Ontem, a mãe de Gustavo afirmou acreditar que tudo não passava de um "erro" da PF.

Suelen Priscila de Oliveira, 25

Mulher de Gustavo, foi presa no mesmo endereço que ele, em São Paulo. Suelen foi criada pela avó em Araraquara, mas saiu de casa há seis anos para morar com Gustavo. Sem ensino superior, ela fez um curso de informática pago pela avó.

​"Ela não é formada, assim, de curso e tal. 'Malemá' fez curso de informática, que a avó pagou. Então, ela era uma menina simples e inteligente, mas foi tola e caiu no lugar errado e na hora errada. Entrou de laranja nessa história", disse uma fonte à Folha de S. Paulo.

A investigação mostra que Suelen movimentou R$ 203 mil entre março e maio de 2019 - sua renda mensal declara é de R$ 2.192.

Walter Delgatti Neto, 30

Preso em Ribeirão Preto, Walter é conhecido como "Vermelho" e gostava de se apresentar como alguém influente em Araraquara. Ele afirmava ser investidor e lidar com contas na Suíça. Já chegou a fingir também ser estudante de medicina na USP, o que não é verdade.  (Foto: Reproduçaõ) Em 2015, foi acusado por uma garota de 17 anos, que namorava seu irmão, de estupro. Na época, ele foi alvo de um mandado de busca e apreensão em casa. A adolescente depois modificou o depoimento.

Pelo Twitter, depois de ficar muito tempo inativo, Delgatti voltou recentemente e passou a fazer mensagens criticando o presidente Jair Bolsonaro e Sergio Moro. Apesar de compartilhar muito conteúdo ligado à esquerda, era filiado ao DEM desde 2007.

​Danilo Cristiano Marques, 33

Dono de uma microempresa que fazia comércio na área de equipamentos de telefonia e comunicação, Danielo foi preso em Araraquara. 

A defensora pública Manoela Maia Cavalcante Barros, que o representa, diz que Danielo era motorista de Uber e estava fazendo um curso de eletricista quando foi preso. 

Manoela diz que a únia prova contra Danielo é um endereço de IP rastreado pela PF que, embora registrado em seu nome, não era usado por ele. O endereço é registrado em Ribeirão Preto, mas o cliente vive em Araraquara, afirma. "Ele ficou totalmente surpreso com a situação. Ele conhece as outras pessoas [suspeitas] porque todos eram de Araraquara. O que o vincula é o IP que teria dado origem às ligações [para a prática da invasão dos celulares], mas ele não fazia uso", diz. "Ele não tinha conhecimento [das mensagens obtidas ilegalmente], não viu nenhuma mensagem."

Em nota, a Uber informou que Marques fez apenas três viagens pelo aplicativo e que não realizava corridas há cerca de três meses.