Saideira diferente: bares fecham mais cedo e sem vender bebida

No fim de semana, os bares em Salvador cumpriram o decreto estadual

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 12 de abril de 2021 às 05:00

- Atualizado há 10 meses

. Crédito: Paula Fróes

Ficar no barzinho até tarde da noite, tomando uma cervejinha gelada e jogando conversa fora com os amigos em pleno domingo nos bares lotados de Salvador é coisa do passado. As restrições mudaram a cara dos finais de semana. Ontem, muitos estabelecimentos não abriram e, naqueles que funcionaram, o movimento foi fraco. A venda de bebida alcoólica está proibida e a alternativa encontrada por muitos foi a cerveja sem álcool, mas em alguns locais as regras não foram obedecidas. 

O toque de recolher estadual tem início às 20h. Porém,  para que a população possa estar em casa neste horário, os bares e restaurantes já não podem  receber clientes a partir das 19h. No Rio Vermelho, os  agentes da Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Urbanismo (Sedur) chegaram por volta das 19h45 de ontem. Os bares fecharam as portas às 20 horas em ponto.

Este foi o primeiro final de semana de bares funcionando com horário reduzido desde o retorno das atividades. Contudo, de acordo com funcionários e donos de estabelecimentos, foi  difícil lucrar. A garçonete Taíse Oliveira, de 30 anos, trabalha no bar e restaurante Cabral 500, que fica no Rio Vermelho. Ela contou que, no último sábado, suas vendas somaram apenas R$ 100. “O movimento está muito fraco, com todas essas restrições fica difícil”, disse. No Largo de Santana, mais conhecido como Largo de Dinha, apenas um bar funcionou ontem. No Largo da Mariquita e na Vila Caramuru, os estabelecimentos até abriram suas portas, mas muitas mesas ficaram vazias. Por lá, nada de bebida alcoólica. O jeito foi se contentar com cerveja sem álcool, refrigerante ou suco.  “Vou ter que falar que não está bom. A roska sem álcool fica complicado, não agrada. Mas, fazer o quê? Pelo menos a gente sai um pouco de casa”, opinou uma cliente de um bar no Rio Vermelho que preferiu não se identificar.

German Molina, de 41 anos, é cozinheiro de um restaurante de Salvador e foi um dos clientes que ocuparam as mesas do único bar aberto no Largo de Dinha. Para ele, como consumidor, encontrar o Rio Vermelho vazio foi uma surpresa positiva. “Hoje marquei uma reunião com uma amiga aqui e confesso que estou adorando. Estou conseguindo curtir o Rio Vermelho, pois normalmente não tem como, já que sempre fica muito cheio”, completou. 

Esta tranquilidade não foi o cenário encontrado em todas as localidades de Salvador. Em Itapuã, apesar dos bares fechados ou vazios, diversos depósitos de bebidas na orla estavam abertos e vendendo cerveja. Na Avenida Jorge Amado, no Imbuí, um Restaurante tentou dar um jeitinho de disfarçar o desrespeito à regra. Lá, a reportagem do CORREIO flagrou cerveja sendo servida na jarra de suco. 

Outras táticas utilizadas em alguns estabelecimentos de Salvador foram tentar esconder garrafas debaixo das mesas ou levar a cerveja até o cliente já dentro dos copos, sem mostrar os recipientes. Vale lembrar que a proibição da venda de bebidas alcoólicas, inclusive por sistema de entrega, foi estabelecida das 18h do dia 9 até às 5h de hoje.  Outro bar da  Pituba, uma regra também foi descumprida: a proibição de som. No local, flagramos uma apresentação musical acontecendo. De acordo com os decretos estabelecidos, estão proibidas apresentações ao vivo e qualquer tipo de uso de aparelhagem de som em estabelecimentos. 

Segundo o coordenador de fiscalização da Sedur, Everaldo Freitas, a central de denúncias não identificou nenhuma ocorrência em relação ao bar da Pituba, localizado na Vila dos Namorados, tampouco no  restaurante localizado na Praça do Imbuí, na Avenida Jorge Amado. “Infelizmente, alguns estabelecimentos tentam burlar a fiscalização, mas nosso trabalho é sempre tentar identificar e, quando encontrada irregularidade, fechar o local”, frisou o coordenador.

De acordo com a Sedur, entre a última sexta-feira e ontem, 69 bairros foram visitados e mais de 1.900 vistorias foram feitas. Dez estabelecimentos foram interditados, sendo 9 deles bares. Além disso, 11 aglomerações de rua foram dispersadas. “Alguns excederam o toque de recolher e outros estavam com aglomerações, além de pessoas sem máscaras. Os bairros com maior ocorrência foram Uruguai, São Marcos, Fazenda Grande, Nazaré, Tororó e Massaranduba”, informou o coordenador Everaldo Freitas.  

“Pedimos o apoio da população e orientamos para que as pessoas verifiquem se os estabelecimentos estão seguindo os protocolos de segurança para poderem, então, frequentar. Caso se sinta inseguro, não entre”, finalizou Freitas. Através do canal 160, a população pode denunciar o descumprimento das medidas restritivas para conter o avanço do coronavírus na capital. No site da prefeitura de Salvador, um informativo está disponível com todos os protocolos. 

O estudante Antonio Seixas, de 20 anos optou em tomar uma cervejinha em casa mesmo. Para ele, ainda não é hora de frequentar bares e é preciso que um sacrifício seja feito para que a circulação do vírus diminua e a população possa sair novamente. “Eu comprei minha bebida com antecedência, já que não vende no final de semana. Abri umas latinhas neste domingo, sozinho mesmo, enquanto cozinhava e fazia chamada de vídeo com os amigos. Preferia estar aglomerando, claro, mas é preciso ter consciência”, disse.

*Com orientação do chefe de reportagem Jorge Gauthier