Salvador ficará com 20% das vacinas da Pfizer que chegam hoje à Bahia

Os outros 80% de doses irão para as 12 cidades da região metropolitana

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  • Carolina Cerqueira

Publicado em 11 de maio de 2021 às 05:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Arisson Marinho/CORREIO

O Ministério da Saúde começou a distribuir nesta segunda-feira (10), o segundo lote que chegou ao Brasil da vacina Pfizer/BioNTech, com 1,12 milhão de doses. Desta remessa, a Bahia ficou com 69.030 doses, que chegaram ao estado nesta terça-feira (11). A distribuição será feita com 20% das ampolas para Salvador e 80% para os 12 municípios da região metropolitana.

As doses são destinadas para a primeira aplicação em pessoas com comorbidades, gestantes e puérperas; além de pessoas com deficiência permanente. Na semana passada, o governo federal distribuiu o primeiro lote de vacinas da Pfizer com 1 milhão de doses. Com este segundo envio, a Bahia soma 95.940 imunizantes da Pfizer/BioNTech. Além dessas, o estado já recebeu 2.794.200 doses da CoronaVac e 216.3950 Oxford/AstraZeneca, totalizando 5.054.090.

No Centro de Distribuição do Ministério da Saúde, em Guarulhos (SP), as doses foram armazenadas a uma temperatura de -90°C a -60°C. Ao serem enviadas aos estados, as ampolas estiveram expostas à temperatura de -20°C. Nas salas de vacinação, onde a refrigeração é de 2 a 8°C, as doses precisam ser aplicadas em até cinco dias.

Por conta das restrições de temperatura, a orientação do Ministério é de que a vacinação com o imunizante da Pfizer seja realizada apenas em unidades de saúde das 27 capitais brasileiras. Mas, conforme definido na reunião da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) desta segunda-feira (10), as doses serão destinadas à capital (20% do total) e aos 12 municípios da Região Metropolitana de Salvador (80% do total). As Secretarias Municipais de Saúde farão a retirada gradual das vacinas na Central Estadual de Armazenamento e Distribuição de Imunobiológicos (CEADI), em Simões Filho, em virtude do prazo de aplicação de até cinco dias quando refrigerado em temperaturas de 2°C e 8°C.

O secretário da Saúde do Estado, Fábio Vilas-Boas, destaca que a ideia é ir avançado gradativamente para que a logística deste tipo de vacina seja testada. Ele ainda explica que isso não significará acréscimo na distribuição do total de doses para a capital e estas demais cidades.“Os 417 municípios baianos continuarão a receber equitativamente as vacinas, tendo como referência a quantidade de pessoas de cada público-alvo nas localidades”, afirmou o titular da Sesab.O Ministério da Saúde recomenda que o intervalo entre a aplicação da primeira e da segunda dose seja de 12 semanas, o que será adotado na Bahia. O prazo recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) é de 21 dias, com base nos estudos da fabricante.

De acordo com a Secretaria de Saúde do Estado (Sesab), também ficou decidida em reunião e será publicada no Diário Oficial da próxima quarta-feira (12) a ampliação dos grupos prioritários, o que incluirá a vacinação de lactantes, sem doenças crônicas, até o sexto mês de amamentação e trabalhadores de transporte aquaviário (lancha e transporte de passageiros). Além disso, a CIB incluiu agentes do sistema sócio-educativo, bem como pessoas com doenças crônicas e deficiência permanente a partir de 18 anos. Fila no Drive Thru em busca da segunda dose da CoronaVac (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Atraso na entrega da Coronavac

Além da Pfizer, o Brasil também está vacinando a população contra a covid-19 com as vacinas Oxford/Astrazeneca e CoronaVac. O abastecimento de doses desta última, no entanto, segue comprometido. Por conta do não cumprimento dos prazos de entrega de imunizantes pelo Instituto Butantan, a população de diversos estados tiveram que atrasar a aplicação da segunda dose da Coronavac. 

Na Bahia, mais de 200 mil pessoas estariam com a segunda dose atrasada até o dia oito de maio. O dado é do último levantamento feito pela Comissão Intergestores Bipartite (CIB) junto aos 417 municípios baianos e publicado no Diário Oficial do dia seis de maio. Em Salvador, de acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), 78.433 pessoas estavam nesta lista de espera até esta segunda (10). 

No último sábado (8), a Bahia recebeu 60.200 doses da Coronavac. Deste total, a capital ficou com 26.190 doses e todas foram destinadas à segunda aplicação, mas o número ainda não é suficiente para atender todos da fila. Por isso, a vacinação deste público está acontecendo de forma escalonada. Neste domingo (9), a Prefeitura de Salvador disponibilizou 8 mil vagas para agendamento através da plataforma Hora Marcada para pessoas que estavam com a segunda dose marcada para data igual ou anterior a 30 de abril e entre os dias 2 e 10 de maio. As vagas foram preenchidas em menos de três horas.

Quanto às pessoas que estavam com o dia 1º de maio marcado no cartão de vacinação, o atendimento não aconteceu por hora marcada. As pessoas inseridas neste grupo puderam ir até os postos para demanda espontânea/aberta nesta segunda-feira (10). Aquelas com o dia 2 de maio marcado no cartão, podem ir até os postos de vacinação nesta terça-feira (11). 

A aposentada Mariângela Teixeira, de 63 anos, tomou a primeira dose da Coronavac no dia 3 de abril. No cartão de vacinação, a data para a aplicação da segunda dose era 1º de maio. Ela conta que, ao saber do atraso na entrega de doses e que o prazo não ia poder ser cumprido, ficou preocupada.“Eu gosto de tudo muito certinho, planejado, no horário. Eu fiquei com medo do atraso comprometer a eficácia e também quanto mais cedo imunizada, melhor, até porque eu tomo conta de minha mãe, que tem 85 anos”, diz ela.  Salvador recebeu pouco mais de 26 mil doses de CoronaVac no sábado, 08; Nesta segunda, 10, Butantan entregou 2 milhões de ampolas ao MS (Foto: Arisson Marinho/CORREIO) Desde que recebeu a notícia, ela vem acompanhando os sites oficiais e tentando agendar a aplicação da segunda dose, mas sem sucesso. Nesta segunda, finalmente conseguiu se vacinar. “Eu consegui, mas depois de muita ansiedade e incerteza. Fiquei tentando agendar no site da prefeitura, mas não consegui a hora marcada. Quando eu soube que teria aplicação hoje (ontem, segunda-feira, 10), decidi ir para a fila o quanto antes porque não ia ter dose para todo mundo. Eu saí de casa às 5h e fui para o Centro de Convenções. Saí de lá 9h e a fila estava muito maior do que quando eu cheguei. Ainda bem que eu consegui. Foi um alívio”, acrescenta Mariângela. 

De acordo com a SMS, a opção de agendamento ainda está com números limitados, pois há incertezas quanto às datas de recebimento de novas doses. Um lote de 2 milhões de doses da Coronavac foram entregues ao Ministério da Saúde pelo Instituto Butantan nesta segunda (10), mas ainda não há prazo para que os estados e municípios recebam os imunizantes. A entrega faz parte de um lote de 5,1 milhões de doses a serem entregues até o final desta semana. 

Durante a entrega para o Programa Nacional de Imunizações (PNI), do Ministério da Saúde, o Instituto Butantan demonstrou preocupação com os próximos prazos. O diretor do Instituto afirmou que a indefinição para o governo da China liberar a exportação do Insumo Farmacêutico Ativo (IFA), necessário para a produção da Coronavac, pode afetar o cronograma de vacinação contra a covid-19 a partir de junho. Há a expectativa de que o insumo seja liberado até próxima quinta-feira (13) e, assim, chegaria até o dia 18, mas o envio ainda não foi confirmado.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab), não há relatos de atrasos por conta da falta de doses das vacinas Oxford/Astrazeneca na Bahia. Já segundo a SMS, em Salvador, 5.133 estão com atraso na imunização com essa vacina. Mas esse número, de acordo com a pasta, corresponde às pessoas que ainda não procuraram os postos de vacinação para receberem a segunda dose da vacina de Oxford, mesmo após o fim do prazo de três meses entre uma dose e outra. Segundo a SMS, não há falta de imunizantes da Oxford/Astrazeneca, para aplicação da segunda dose. 

Balanço da vacinação

Até às 17h30 desta segunda (10), o vacinômetro da Bahia indicava que 2.728.059 pessoas já tinham recebido a primeira dose da vacina, o que corresponde a 18,8% da população total estimada para o estado em 2020 pelo IBGE. Dessas, 1.259.982 pessoas foram imunizadas também com a segunda dose. Já o vacinômetro de Salvador apontava que 597.690 pessoas tinham sido vacinadas com a primeira dose. O número corresponde a 29% da população acima de 18 anos vacinável da cidade. Dessas, 275.524 receberam também a segunda dose. 

*Com a orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro