Santa Dulce peregrina por data festiva e pelo fim da pandemia

Depois de Senhor do Bonfim, imagem de Dulce rodou a cidade em carro aberto como parte da programação da 1ª festa em homenagem à sua data litúrgica

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  • Alexandre Lyrio

Publicado em 9 de agosto de 2020 às 17:10

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Nara Gentil/CORREIO

Era pra ser como ela merece: santuário lotado, cânticos entoados por um coral de milhares de fiéis e uma multidão saindo em procissão pelas ruas. Mas o mesmo povo que estaria acompanhando tudo bem de pertinho, talvez disputando um toque em sua imagem, teve que se contentar com acenos, reverências à distância e, como bons católicos, tiveram que exercitar a resignação. "As coisas não podem ser como a gente quer, mas como Deus quer. O importante é que a fé é a mesma", disse um homem que acompanhava a saída da imagem de Santa Dulce do seu santuário, neste domingo, um dos poucos fiéis a ir ao local. 

Na verdade, seriam 13 dias de festas, uma trezena de aglomerações cheias de fé. Seriam. A procissão em carro aberto foi uma exceção em toda a programação da Primeira Festa em Homenagem a Santa Dulce dos Pobres, o único momento não apenas on line dos festejos, que começaram no dia 1 de agosto e seguem até o dia 13 deste mês, data oficial de celebração de sua festa litúrgica. Às 11h09 deste domingo, a imagem de Santa Dulce dos Pobres deixou o seu santuário, no bairro de Roma, e seguiu em peregrinação pela cidade. Depois de Senhor do Bonfim, cuja a imagem peregrina visitou 48 bairros da capital baiana em abril, agora a primeira santa brasileira também une suas forças para operar um milagre pelo fim da pandemia.  Imagem de Santa Dulce deixa o santuário (Foto: Nara Gentil/CORREIO) Todas as demais homenagens tiveram que ser adaptadas à vida atual. Os espaços foram ajustados, as missas presenciais canceladas. Eventos diários são transmitidos ao vivo pelas redes sociais. Antes da pandemia, imaginava-se outro cenário. "Até cadeiras do lado de fora pensamos em colocar. Isso aqui estaria cheio nos 13 dias", acredita Roberta Daltro, coordenadora do Santuário Santa Dulce dos Pobres. "Tivemos que nos reinventar. Estávamos preparando tudo há muito tempo, mas tivemos que mudar tudo e transformar a maneira com a qual iríamos chegar às pessoas". 

Clima Dessa vez pelo menos Santa Dulce conseguiu sentir o clima da cidade, ainda tensa com a pandemia. Recebeu acenos e ouviu orações de 40 localidades de Salvador, entre bairros e avenidas. Da Feira de São Joaquim à Barra, da Boca do Rio aos Alagados, da Paralela ao Bonfim, ninguém pôde toca-la. Mas houve quem se se ajoelhasse ou se curvasse à sua capacidade de realizar milagres. “Acho que é um privilégio isso tudo o que estamos vivendo, sabe? Ela é muito próxima de nós, do povo baiano, e continua trabalhando lá em cima. Não tem ninguém melhor para recorrer neste momento”, afirmou Carla Ferreira, que esperou a imagem passar no Corredor da Vitoria com toda a família. Apenas 48 pessoas puderam assistir a missa de perto (Foto: Alexandre Lyrio/CORREIO) Até mesmo a divulgação da peregrinação em carro aberto teve que ser feita com cautela para não virar uma grande carreata. A própria missa realizada antes deveria estar reunindo milhares de fiéis. Mas apenas 48 pessoas foram autorizadas a entrar na Igreja. A missa foi celebrada pelo frei Giovanni Messias, reitor do santuário. O frei estava feliz em poder, pela primeira vez nessa pandemia e durante o período em que aconteceriam grandes momentos de festa, levar a imagem de Dulce até o seu povo.

"Santa Dulce saía muito para caminhar ao encontro das pessoas. Agora somos nós que temos que repetir isso. Nesse tempo de pandemia, estamos dando um jeito, não deixamos de fazer esse movimento de levar esse sinal de esperança e fé à nossa cidade. Queremos ser essa luz para as pessoas, especialmente para os que estão sofrendo mais", disse frei Giovanni. Havia emoção por onde quer que a imagem passasse. Os devotos descreviam a passagem de Santa Dulce como uma espécie de gota de paz no meio de uma chuva de dor causada pelo coronavírus.  Santa Dulce reverenciada em Ondina (Foto: Nara Gentil/CORREIO) "Para quem teve a oportunidade de ver e conhecer o trabalho de Irmã Dulce em vida e hoje está vendo a imagem dela como Santa , é  um sentimento de gratidão e paz de espírito, apesar desse momento difícil", disse a auxiliar administrativa Cristiane Sousa Santos, 34 anos, que desceu da comunidade de São Lázaro para ver a imagem passar por Ondina. Tava com o filho, duas tias, dois sobrinhos e duas primas. "Somos devotos, somos unidos e acreditamos muito na fé em Santa Dulce. Foi um momento único e especial".  

Em quase cinco horas de peregrinação, Santa Dulce levou suas bênçãos para boa parte da cidade. Seguiu pela Octávio Mangabeira, a Orla, cruzou a Orlando Gomes, a Paralela, a Bonocô, o Vale de Nazaré e a Avenida Caminho de Areia. No percurso também não poderiam faltar locais importantes da história de amor e serviço de Irmã Dulce, como o Largo da Calçada, os Alagados, o Largo da Madragoa e a Baixa do Bonfim. Antes de voltar para o santuário, perto das 15h, subiu a Colina Sagrada, em um dos pontos altos da "procissão". Pessoas ergueram as mãos e se ajoelharam enquanto tocava o hino ao Senhor do Bonfim, em frente à basílica. No dia 4 de abril, foi a própria imagem de Senhor do Bonfim que peregrinou pela cidade. "Será que agora vai?", perguntou um motorista de táxi. Já era quase 16h quando Dulce se recolheu. 

Internet A programação da primeira festa em homenagem à Santa Dulce dos Pobres segue cheia, mas na Internet. "Passamos a produzir muito conteúdo on line. Um trabalho gigantesco", afirma Roberta Daltro. A programação diária transmitida por Youtube, Instagram e Facebook tem quadros virtuais para as redes sociais e séries com os mais diversos temas. Além disso, segue a ação que Irmã Dulce gostava de fazer. "Dedicamos mais tempo ao cuidado com os pobres. Distribuímos cestas básicas e todos os dias levamos comida para os moradores de rua. Essa demanda cresceu bastante. Voltamos nosso olhar para o cuidado do outro, como Santa Dulce fazia". 

Uma missa solene está marcada para o dia 13 de agosto, data litúrgica de Santa Dulce dos Pobres. Às 9h, a celebração será presidida pelo arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, cardeal Dom Sergio da Rocha. Na programação, também há o lançamento de um documentário e um curta metragem sobre Santa Dulce, além de sarau, programas sobre o legado de amor da mãe dos pobres, concurso virtual e romaria virtual. Veja toda a programação com datas e horários. 

1ª FESTA DA SANTA DULCE DOS POBRES

(PROGRAMAÇÃO)Transmissões Online e Diárias Período: de 1º a 13 de agosto09h00:  Missa 10h30: Santa Dulce mudou minha vida 14h30: Bate papo sobre espiritualidade 14h45: Sementes de amor 14h46: Pilares do Dulcismo (1º a 4/08); A escola vive os valores de Santa Dulce dos Pobres (05 a 08/08)

Quadros infantis (09 a 13/08)14h50: Cartas de Santa Dulce dos Pobres 14h53: Passos de Santa Dulce dos Pobres 14h58: Eu vou pelo caminho da fé 15h00: Terço de Santa Dulce dos Pobres, com Bênção do Santíssimo 18h00: Memorial na sua casa 18h03: Sementes de amor 18h05: Eu vivi a Canonização 18h07: Romaria virtual 18h12: Eu vou pelo caminho da fé 18h16: Santa Dulce mudou minha vida 18h20: Cartas de Santa Dulce 18h25: Novena Programação em Dias Específicos De 13/07 a 05/08: Inscrições para o I Concurso Virtual Altar de Santa Dulce dos Pobres                                     (informações no site www.irmadulce.org.br/concurso)01/08:  Palavra do Pastor (logo após a transmissão da missa das 9h)07/08:  Vigília conduzida pelas comunidades Shalom, Maranatá, Nascidos da Cruz e Lúmem (das 22h às 6h, com transmissão pelo YouTube: obrasirmadulce)09/08:   Peregrinação da imagem de Santa Dulce dos Pobres pelas ruas de Salvador (carreata terá início após a missa das 9h)09/08:   Lançamento do documentário “Santa Dulce dos Pobres - Rogai por nós” (estreia online às 17h. Ingressos à venda no site www.filmesantadulce.org.br)11/08:   Lançamento do curta-metragem “A Vida Interior de Santa Dulce dos Pobres” (às 19h, com transmissão pelo YouTube: obrasirmadulce)12/08:   Sarau de Santa Dulce, com artistas convidados (às 19h, com transmissão pelas redes sociais do Santuário)13/08:   Missa Solene Presidida pelo Arcebispo de Salvador e Primaz do Brasil, Dom Sergio da Rocha.

(às 9h, com transmissão pelas redes sociais do Santuário)