'Se foi ele, que apodreça na cadeia', diz mãe de comerciante morta em Itapuã

Para familiares de moradoras do bairro assassinadas, dono de lava a jato é principal suspeito dos crimes

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  • Thais Borges

Publicado em 2 de outubro de 2017 às 18:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Arquivo pessoal

“Se foi ele, que apodreça na cadeia, para que mais nenhuma mãe passe pelo que eu estou passando”. Foi com essas palavras que a doméstica Maria Nazaré Xavier dos Santos, 51 anos, respondeu às suspeitas de que o dono de lava a jato João Paulo Castro Moreira, 30, acusado pela polícia de matar a recepcionista Marília Matércia Sampaio de Andrade, 32, também tenha sido o responsável pela morte de sua filha, encontrada morta na estrada CIA-Aeroporto, em julho. 

Na ocasião, a comerciante Nadjane Santos de Jesus, 30, filha de dona Nazaré, foi sequestrada na Rua Santos Soares, em Itapuã, onde morava, e, depois, desovada na BA-526, na Região Metropolitana de Salvador. Ela tinha saído com o cachorro Mayck para comprar feijão fradinho para fazer o almoço em sua casa.

Ao CORREIO, familiares da recepcionista disseram acreditar que o suspeito pode ter cometido os dois crimes. O lugar onde o corpo de Marilia foi deixado é perto de onde Nadjane foi encontrada morta. As duas moravam a 15 minutos de distância uma da outra. Nadjane foi sequestrada e encontrada morta em julho (Foto: Reprodução) Dona Nazaré acredita que a forma como as duas foram mortas é um forte indício de relação entre os casos.“De imediato, eu não vi ligação, não. Nadjane foi pega sem roupa, mas não foi estuprada. E, pelo que soube, a outra menina estava com todas as roupas. A maior ligação é de elas terem sido asfixiadas”, afirmou.Logo após cada um dos feminicídios, parentes das duas vítimas disseram que acreditavam que elas tinham sido forçadas a entrar em um carro antes de desaparecer. 

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A mãe de Nadjane chegou a conversar com o delegado que investiga o caso da filha nesta segunda-feira (2), mas diz que sua ida ao Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) não foi motivada pela prisão de João Paulo, que é dono de um lava a jato em Mussurunga e foi preso acusado de matar Marília Matércia, no sábado. “A gente foi porque toda segunda-feira, faça chuva ou faça sol, eu estou lá. Conversando com o delegado, eu perguntei se tinha alguma ligação e ele me passou que ainda não. Ele pediu cautela e disse que a polícia está investigando”, comentou dona Nazaré. Mesmo assim, ela diz que espera que a justiça seja feita. “É só por justiça que eu luto agora. Minha filha era trabalhadeira, nunca se envolveu com droga. A perda de um filho é uma dor inacabável. Essa dor não passa nunca”, desabafou. João Paulo Moreira foi apresentado pela Polícia Civil como suspeito de feminicídio, nesta segunda (Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO) Manifestação Em setembro, a família e os amigos de Nadjane fizeram uma manifestação em Itapuã, cobrando uma solução para o caso. Na ocasião, o padrasto de Nadjane, o aposentado Antônio José dos Santos, 67, contou que eles também pretendiam fazer uma manifestação no local onde ela tinha sido encontrada.

Na manhã desta segunda, ele voltou a afirmar que o ato deve acontecer. “O delegado pediu que a gente tivesse cautela e estamos vendo a possibilidade de fazer uma caminhada no local. A gente fica na expectativa de confirmar a data”, afirmou. Parentes e amigos de Nadjante percorreram ruas de Itapuã, no último dia 17, cobrando respostas sobre o caso (Foto: Evandro Veiga/Arquivo CORREIO) No dia em que foi morta, uma câmera de um estabelecimento da rua registrou Nadjane passando com o cachorro às 7h19. Depois, um vizinho disse à família que viu quando a comerciante passou com o cachorro, nesse mesmo horário.

Desde a morte da filha, dona Nazaré começou uma peregrinação. É por isso que, pelo menos uma vez por semana, vai até a sede do DHPP, na Pituba, cobrar atualizações sobre o caso.