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Graziela Domini entrou com queixa-crime contra representante do Ilê Axé Opô Afonjá
Carol Aquino
Publicado em 10 de março de 2018 às 18:03
- Atualizado há um ano
Mãe Stella em Nazaré das Farinhas, ao lado da companheira Graziela (Foto: Betto Jr./Arquivo CORREIO) A psicóloga e companheira de Mãe Stella de Oxóssi, Graziela Domini, 55 anos, entrou com uma queixa-crime por calúnia e difamação contra o presidente da Sociedade Cruz Santa do Afonjá, Ribamar Daniel, no início desta semana. Ela quer uma retratação do atual representante do terreiro Ilê Axé Opô Afonjá, do qual Mãe Stella é sacerdotisa, e contou que essa seria a única coisa que a faria voltar atrás da decisão de processá-lo.
“Se pedirem desculpas, acabou. Interrompo a ação na hora”, afirmou a psicóloga, na tarde deste sábado (10), ao CORREIO.“Não precisa ligar para mim. Basta ligar para você (imprensa) e dizer que estava de cabeça quente, que falou uma coisa que não é real, verdadeira”, continuou Graziela. “Eu só quero que entendam que a vida tem consequências. Eles podem escolher da maneira que quiserem. Eu estou disposta a aceitar. Só não aceito dinheiro. Basta ser público, do mesmo jeito que eles fizeram para me ofender”, reforçou ela, que vive com Mãe Stella na cidade de Nazaré (das Farinhas), no Recôncavo.
O conflito entre a psicóloga e os outros filhos de santo do terreiro se arrasta há meses. Em um vídeo que circulou pela internet, imagens mostram ela sendo agredida e arrastada para fora do terreiro.
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Familiares e filhos do terreiro acusam Graziela de fechar o Museu Ilê Ohun Lailai – primeiro museu do candomblé, criado em 1982 –, além de retirar móveis tradicionais da Casa de Xangô e substituir Mãe Stella em rituais religiosos, “usurpando a condição de ialorixá ou yakekerê do terreiro”. Em dezembro, os membros do terreiro também prometiam processar a psicóloga.
O ápice do imbróglio ocorreu quando as duas deixaram o terreiro e mudaram-se para Nazaré. Mãe Stella chegou a revelar ao CORREIO que não estava se sentindo ouvida no Afonjá.
Declarações O advogado criminalista que representa Graziela, Rogério Matos, explica que devido às publicações terem sido feitas a veículos de imprensa, ele dispensou testemunhas.“Não houve necessidade de arrolar testemunhas porque, tanto a materialidade, como a autoria dos delitos, ficam claras nas declarações feitas pelo querelado (acionado) à imprensa”, explicou Matos. Graziela lamentou e condenou os ataques. “Ele (Ribamar) praticou uma coisa que ele não pode provar. Será que ele vai conseguir provar que eu dopava Mãe Stella e qual o meu interesse em dopá-la? Não. Qualquer um sabe que uma pessoa com 92 anos dorme mais. É só ter um avô”, defende-se Graziela, acrescentando que o motivo maior que a colocou junto de Mãe Stella foi o amor.
O CORREIO entrevistou Mãe Stella na casa onde as duas vivem, em dezembro. Assista a trecho da conversa.
Demora Ela diz ainda que só entrou com o processo agora, em março, apesar de as acusações terem sido feitas em dezembro, porque acreditava que Ribamar e os outros filhos do terreiro iriam se desculpar. “Eu dei um tempo pra que eles colocassem a cabeça no lugar e se retratassem. Sou uma psicóloga e uma filha de Iemanjá, não tinha porque agir impulsivamente”, comentou, acrescentando que os filhos da orixá se caracterizam pela racionalidade.
O CORREIO tentou durante toda a tarde falar com Ribamar Daniel ou outro representante do terreiro, mas sem sucesso.