Segurança tenta impedir homem de entrar em mercado por usar short curto; veja vídeo

“Homem tem que estar composto”, disse o segurança; vítima irá processar supermercado

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  • Marcela Vilar

Publicado em 21 de setembro de 2020 às 10:17

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução/Twitter

(Foto: Reprodução/Twitter) Um homem foi constrangido por um segurança em um supermercado Walmart, da rede Big Bompreço, no bairro de Itapuã, em Salvador, na noite de sábado (19), por conta do tamanho do seu short. A ele, quase foi negada a entrada ao mercado sob a justificativa de que homens não poderiam usar shorts curtos. "Ao tentar entrar no Walmart, um funcionário tentou negar a minha entrada porque eu estava com um short curto. Mediante a vergonha da cena, abaixei o short duas vezes perguntando ao funcionário se com aquele tamanho eu poderia entrar. Ele fez sinais gestuais dizendo que não, abaixei mais um pouco, já humilhado naquela situação, e consegui entrar", explicou a vítima.Quando estava saindo, o rapaz foi novamente confrontado. "Na hora da saída, ajeitei meu short e novamente vieram me repreender. Dessa vez, questionei ao segurança do vídeo sobre o porquê de todo esse incômodo comigo e a resposta foi essa que vocês estão vendo", escreveu ele, ao acompartilhar o vídeo.

Nas imagens, o segurança diz que, por ser homem, ele deveria ajeitar o short e estar composto, pois havia crianças ali.  “O senhor, até esse momento, o senhor é homem, então o senhor tem que ajeitar seu short. Homem tem que estar composto, temos várias crianças ali”,  disse o segurança. 

Após o ato de discriminação, a vítima divulgou o ocorrido nas redes sociais, gerando grande repercussão. O sentimento da maioria dos internautas era o de indignação. A vítima informou que já está com uma advogada para processar a empresa. “Minha advogada está entrando com uma ação contra o supermercado por todo o vexame que ele me fez passar”, disse. 

Grupo Big afastará funcionário O grupo Big Bompreço, por meio de nota, informou que o segurança será afastado ainda na manhã de hoje (21). Além disso, o grupo fará um ato de sensibilização com os funcionários sobre o código de ética da empresa, que “deixa claro que não aceita qualquer tipo de discriminação”. A empresa ainda disse que pessoas só não podem entrar nas unidades se estiverem com trajes de banho.

“O Grupo BIG informa que o fato ocorrido no supermercado de Itapuã é inadmissível e não corresponde ao procedimentos e valores da empresa. Tomaremos as medidas cabíveis, como o afastamento nesta manhã do segurança terceirizado. A empresa está em contato com o cliente, colocando-se à sua disposição para toda assistência necessária nesse momento. Reiteramos que não aceitamos situações como essa e reforçamos nossos pedidos de desculpas ao cliente”, comunicou. 

Homofobia é crime no Brasil desde 2019 Desde junho do ano passado, o Supremo Tribunal Federal (STF) aprovou a criminalização da homofobia e que atos preconceituosos contra homossexuais e transexuais são enquadrados no crime de racismo. Segundo a Corte, "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito" em razão da orientação sexual da pessoa é considerado crime. A pena é de um a três anos, além de multa. Se houver divulgação ampla de ato homofóbico em meios de comunicação, como publicação em rede social, a pena será de dois a cinco anos, além de multa.

*Sob orientação da chefe de reportagem Perla Ribeiro