Seis homens são mortos na região de Cajazeiras; 'Ouvi mais de 100 tiros', diz testemunha

A assessoria da Secretaria da Segurança Pública informou que não há indício que ligue as mortes ao atentado sofrido por policiais militares na sexta-feira (7)

  • Foto do(a) author(a) Thais Borges
  • Thais Borges

Publicado em 8 de julho de 2017 às 12:22

- Atualizado há um ano

Seis homens foram mortos e pelo menos um ficou ferido na região de Cajazeiras entre a noite de sexta-feira (7) e a madrugada deste sábado (8). Ainda na noite de sexta, dois policiais militares foram baleados em Cajazeiras 11, durante uma troca de tiros com bandidos. 

A primeira vítima, um homem que ainda não foi identificado, morreu às 23h35 de sexta, em Águas Claras. Segundo a Central de Polícia, o homem foi encontrado na Avenida 2 de Julho, que liga Águas Claras a Cajazeiras. Ele foi baleado na cabeça e não foram encontradas testemunhas. 

Pouco depois, já na madrugada de sábado (8), por volta da 0h50, Dorival Santos Cabé, 39 anos, foi assassinado por suspeitos que estavam a bordo de um Voyage prata. Ele foi morto em frente ao Condomínio Vivenda de Ipitanga, na Boca da Mata. 

Já à 1h, foi o garçom Alan Carvalho Ferreira, 24. Ele estava trabalhando em um bar, na Rua Direta de Jaguaripe, quando quatro carros chegaram ao estabelecimento. Dos veículos, saíram homens encapuzados. “Eram pelo menos quatro homens em cada carro. Eles estavam armados com pistolas e já chegaram atirando”, contou o dono do bar, pedindo anonimato.

O proprietário do bar disse que o local estava cheio. Cerca de 30 pessoas ainda estavam por lá quando os encapuzados chegaram. “Eles mandaram todo mundo deitar no chão e virar a cabeça para baixo. Alan tinha abraçado um coroa, eles mandaram soltar, pegaram Alan e disseram que iam matar”. Alan foi atingido ali mesmo com tiros na cabeça e no peito. 

O homem que tinha abraçado Alan é conhecido como Zé Zito e, segundo parentes do garçom, ele era aposentado e era dono de um bar que ficava próximo ao estabelecimento onde tudo aconteceu. Ele, que é ex-companheiro da mãe de Alan, foi baleado pelos suspeitos na perna e no braço. “Depois, eles disseram para ele ir embora”. Zé Zito foi levado ao Hospital Eládio Lassérre, mas não há informações sobre seu estado de saúde. 

Já às 2h, quatro homens não identificados invadiram uma casa no Caminho 9, no setor B do Loteamento Jaguaripe, após o Mercado 20 de Março. De acordo com testemunhas, os suspeitos mataram dois irmãos – um deles identificado apenas como Ivan. 

Às 6h40, outro corpo de um homem foi encontrado junto a uma lixeira, na Rua Ulisses Guimarães, em Águas Claras. Segundo a Central de Polícia, ele tinha marcas de arma de fogo no corpo.Sem envolvimentoSegundo a família, o garçom Alan não tinha envolvimento com o tráfico de drogas. “Ele não se envolvia com nada, nem mesmo usava nada”, disse o patrão do jovem, dono do bar onde ele trabalhava e foi morto”. Ele trabalhava no estabelecimento há três anos. Antes disso, tinha trabalhado como pedreito. Após Alan ter sido morto, testemunhas contam que os homens saíram, já de seus carros, atirando de forma aleatória. “Quando eu recebi a notícia, saí correndo. Ainda consegui ouvir que eles estavam dando tiros pela rua”, disse a mulher de Alan, emocionada. Os dois estavam juntos há 11 anos. “Foi muito tiro que deram. Desde que chegaram, ouvi mais de 100 tiros”. 

Um vizinho de Alan que estava no Instituto Médico Legal disse que, após a morte do garçom, o grupo teria ido até a casa dos dois irmãos que também foram assassinados. “Eles acham que só porque mora em Jaguaripe, é vagabundo. Ainda teve uns que disseram que era de facção, mas a gente sabe que não era facção. Acho que era polícia”, desabafou. 

Até o fim da manhã deste sábado, não havia informações sobre o velório de Alan. 

SSP não vê relaçãoOs outros mortos ainda não tinham sido identificados pela polícia. Procurado pelo CORREIO, o delegado Odair Carneiro, da força-tarefa, disse que não comentaria o caso. Já a assessoria da Secretaria da Segurança Pública (SSP-BA) informou que, até o momento, não há nenhum indício que ligue as mortes na região de Cajazeiras com o atentado sofrido pelos policiais militares. 

Inicialmente, os PMs Lucas Cerqueira, 33, e Raul Silvio foram socorridos por viaturas da 3ª Companhia Independente (Cajazeiras) para o Hospital Eládio Lassérre. No entanto, ainda na noite de sexta, foram transferidos para o Hospital Geral do Estado, onde seguem internados. Na manhã deste sábado, a SSP informou que equipes de unidades especializadas estão fazendo o policiamento em Cajazeiras 11, em busca dos autores do atentado.