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Da Redação
Publicado em 4 de julho de 2017 às 10:50
- Atualizado há 2 anos
Os corpos que estão no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR) voltaram a descer pelas rampas externas nesta terça-feira (4). O instituto ficou energia elétrica, o que impediu o funcionamento dos elevadores que fazem o transporte dos cadáveres da sala de necropsia, no primeiro andar, até a geladeira, no térreo.>
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Segundo funcionários, que pediram anonimato, os dois geradores do local não estão funcionando. Cerca de 20 corpos estão no IML. A falta de energia começou às 23h desta segunda (3), de acordo com funcionários do instituto. A assessoria do Departamento de Polícia Técnica (DPT) disse que vai verificar a situação.>
Cerca de 30 famílias se concentram na sala do IML, aguardando a liberação dos corpos dos familiares. Os funcionários estão chamando os familiares de dois em dois e as fichas estão sendo feitas com uma máquina de datilografia.>
O consultor de vendas Jailson Conceição, 30 anos, precisava liberar o corpo do tio para o sepultamento que estava marcado para às 11h30. Chegou ao IML às 7h e foi informado por funcionários que as atividades estavam atrasadas por conta da falta de energia. "Isso é um absurdo. Como assim um local com dois geradores não funciona? Um desrespeito com as famílias".>
De acordo com a Coelba, o vento forte partiu uma conexão de fios e faltou energia no local durante a madrugada, por volta das 4h10. O fornecimento foi normalizado às 10h20, segundo a concessionária. Entretanto, reportagem do CORREIO esteve no local e constatou que a energia retornou depois das 11h.>
AtrasoA doceira Conceição dos Santos, 26 anos, veio liberar o corpo do irmão de 16 anos que morreu em uma troca de tiros no bairro do Uruguai. Chegou ao local às 9h e foi informada pelos funcionários que as liberação está prevista para 13h quando a energia deve ser estabelecida. "Um momento difícil desse e ainda temos que ficar aguardando aqui esse tempo todo. Desrespeito total", disse.>
De acordo com funcionários, apenas os corpos que foram periciado antes das 23h estão sendo liberados. As novas perícias só devem ser feitas com a energia restabelecida. >
"Eu queria chegar liberar o corpo do meu filho e ir logo embora daqui. Queria acabar logo com esse sofrimento", lamenta a doméstica Maria José dos Santos, 58 anos. Ela veio liberar o corpo do filho morto depois de ser baleado na noite desta segunda-feira (3) na cidade de Camaçari. >
A doméstica veio da cidade de Barra de Pojuca na companhia da filha. Ela conta que a cerimônia de sepultamento do filho mais velho estava pronta para acontecer nesta terça. "Estava tudo pronto. O restante da família estava na igreja matriz esperando a chegada do corpo. Estamos avisando para todo mundo que não sabemos quando vamos voltar", conta Maria José.>
A previsão é que o sepultamento do filho de Maria José seja atrasado ainda mais. "Os funcionários me disseram que mesmo que a energia volte o corpo do meu irmão não vai ser liberado porque tem muitos corpos na fila", conta a vendedora Cássia dos Santos, 30.>
Carros-pranchaEm setembro do ano passado, os elevadores do IML ficaram quebrados por 11 dias. De acordo com funcionários, os equipamentos quebraram por falta de manutenção. >
Na época, parentes dos mortos ficaram indignados com a situação de transporte dos cadáveres. “Isso é um absurdo, degradante. Além de ser cansativo, porque temos que subir e descer essa rampa com o cuidado para o corpo não cair, tem o fator que os parentes dos mortos ficam horrorizados com tamanho constrangimento”, disse um funcionário. >
RespostaEm nota enviada ao CORREIO, o Departamento de Polícia Técnica (DPT) informou que houve uma queda no fornecimento de energia devido ao mau tempo, que causou a ruptura de uma linha da Coelba. A energia foi restabelecida, "e as necropsias continuam acontecendo normalmente".>