Senai Cimatec inicia testes clínicos da vacina brasileira contra covid-19

Todas as fases de testagem serão realizadas na Bahia

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  • Da Redação

Publicado em 13 de janeiro de 2022 às 22:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Valter Pontes/Coperphoto

A fase de testes clínicos da primeira vacina brasileira, a RNA MCTI Cimatec HDT, teve início nesta quinta-feira (13), com a aplicação do imunizante no primeiro voluntário, Wenderson Nascimento Souza, de 34 anos, na sede do Senai Cimatec. Salvador é a cidade-sede do desenvolvimento da vacina no Brasil, que tem como responsável pela pesquisa o médico infectologista PhD em Imunologia e Doenças Infecciosas, Roberto Badaró, pesquisador chefe do instituto Senai de Inovação em Sistemas Avançados de Saúde e professor titular do Senai Cimatec, que conta também com a parceria da empresa norte-americana HDT Bio Corp.

O objetivo principal desta etapa é avaliar a segurança e a possibilidade da vacina gerar reações adversas no organismo. Segundo Roberto Badaró, o primeiro passo do teste clínico é a escolha da dose e o seu regime, sendo necessária apenas uma, duas ou mais aplicações para que a vacina seja capaz de estimular anticorpos neutralizantes contra o Sars-Cov-2.

"O desenho deste estudo é o que chamamos de fase um, onde iremos escolher a dose através de um estudo unicêntrico, que não precisa ser feito em outros locais, apenas aqui na Bahia. O critério de inclusão abarca homens e mulheres entre 18 e 55 anos e que pelo fato de o programa de vacinação do Brasil já estar avançado, poderá ser feito em indivíduos que já foram vacinados e que não estão com anticorpos suficientes”, esclarece Badaró.

Ainda de acordo com o pesquisador, a RNA MCTI Cimatec HDT terá a potencialidade de conter as cinco variantes (alpha, beta, gamma e delta) e pretende-se que ela seja de dose única ou com dose de reforço a cada uma ano. Nos estudos pré-clínicos, ela demonstrou amplo espectro de proteção contra as variantes e baixíssima toxicidade, ou seja, oferece alta tolerância.

Além disso, explica que todas as outras vacinas utilizam doses em que a concentração de estimulantes de anticorpos é acima de 25µg (microgramas), já com o imunizante da CIMATEC é possível ter esse mesmo nível de estímulo com 1µg. “Qual é a vantagem? Menor quantidade de insumos e menor custo. Seguramente essa vacina custará metade do preço de qualquer outra”, completa Badaró. (Divulgação Valter Pontes/Coperphoto) O desenvolvimento clínico e pré-clínico da vacina faz parte de um plano global que está sendo realizado em três países - Estados Unidos, Brasil e Índia - através da parceria entre as empresas HDT Bio Corp, Senai Cimatec e Genova Bio. No Brasil, a parceria conta com o apoio da Rede Vírus MCTI e com o financiamento, nessa fase, do governo federal por meio do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações.

Para participar dos testes, os voluntários precisam atender ao perfil de pessoas saudáveis, entre 18 e 55 anos e que não tenham alergia, o que Badaró não define como um impeditivo para receber o imunizante, mas que nessa fase de estudos foi excluído para a melhor observação dos resultados.

Os participantes também poderão já ter recebido as duas doses do imunizante ou nenhuma - como é o caso de Wenderson, o primeiro participante do estudo clínico, e que tem duas doses de Coronavac.

Serão feitos três cortes de doses, sendo grupo um, grupo dois e grupo três, onde será usada uma dose de 1µg (micrograma) testada com a aplicação de uma dose no intervalo de um mês nos voluntários do primeiro corte, no segundo corte a aplicação de uma dose terá o intervalo de dois meses e o terceiro corte terá a aplicação de dose única. Todos os pacientes serão acompanhados durante 364 dias, mas em três meses, quando a aplicação das doses será encerrada, já será possível dar início às fases dois e três dos testes clínicos. A previsão é de que a aplicação em massa comece daqui há um ano e meio.

Para o Ministro da Cidadania, João Roma, “é motivo de muito orgulho para todos nós, em pleno dia do Senhor do Bonfim, dar um toque especial na conquista da soberania tecnológica brasileira, para que possamos estar capacitados para situações epidêmicas como essa. Isso está sendo desenvolvido aqui na Bahia, um estado do Nordeste que muitas vezes sofre preconceito e estigmas, mostra sim, que nós estamos habilitados para ser um dos grandes expoentes nacionais na vanguarda tecnologica”, conclui o ministro.