Série viciante da Netflix lembra que obsessão não é amor

Por Carol Neves

  • D
  • Da Redação

Publicado em 10 de janeiro de 2019 às 15:02

- Atualizado há um ano

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Vamos falar hoje da nova série da Netflix que está todo mundo vendo? (Até famosos, como Maisa e Marília Mendonça, estão trocando figurinhas sobre os episódios). "You", que a gigante do streaming apresenta como uma de suas originais, é na verdade uma produção da Lifetime, baseada em livro de Caroline Kepnes. A história leva ao extremo e mostra o lado obscuro da ideia glamourizada de romance, da eterna procura pelo par perfeito. E sim, é viciante. (Foto: Divulgação) Na série, Joe (Penn Badgley) é um funcionário de uma livraria em Nova York que um dia se interessa por uma cliente que vai ao local, Guinevere (Elizabeth Lail). Ele então decide descobrir tudo sobre a vida da jovem, por quem fica rapidamente obcecado. Com o nome completo dela, que pesca do cartão que ela usa para pagar por um livro, ele acha as redes sociais e logo está seguindo a moça pelas ruas da cidade. Coincidentemente, ao fim do dia, ela acaba caindo nos trilhos do metrô e Joe, sozinho com ela e um pedinte embriagado na estação deserta, acaba salvando-a.

Rapidamente o telespectador vai reajustando suas expectativas com relação ao personagem. Primeiro, ele parece um nerdzinho que se mostra um tanto intenso. Parece ser um cara bom, correto, que ajuda o vizinho criança a superar a infância em meio à violência doméstica. Depois, percebe-se que é quase um stalker profissional. Por fim, cai a ficha (espera-se) que se trata de um sociopata. 

Infelizmente a série depende, para andar, de muita coisa forçada. Desde coisinhas pequenas, do tipo beck nunca fechar as cortinas de casa, não ter senha de celular ou qualquer tipo de cuidado com sua privacidade (tem gente que é assim, né?), até forçadonas. Quais as chances de dois psicopatas obsessivos começarem a manipular a mesma pessoa? 

Apesar disso, é envolvente, daquele tipo que você só vai conseguir parar depois que acabar todos os episódios para ver o que acontece. Ela tem uma pegada afiada, na linha de "Garota Exemplar", especialmente por conta da narração autoconsciente e perene de Joe, interpretado de maneira sardônica por Badgley (que aqui vive uma versão mais doentia do Dan de "Gossip Girl").

A série propõe uma reflexão sobre relações amorosas. Quanto mais Beck se afasta do imaginário ideal projetado por Joe, mais ele fica irritado. Fica o lembrete: obsessão não é amor. Não há muito espaço para sutilezas, mas isso até ajuda - Joe parece, em vários aspectos, ser realmente um cara dos sonhos, e se a história fosse sutil poderia acabar passando outra mensagem (e mesmo assim tem muita gente apaixonada por Joe!). Já os variados plot twists têm diferentes níveis de sucesso, mas são um prato cheio para quem gosta de reviravoltas. Pode nem sempre ser amarradinho, mas não será entendiante!

Bola rolando Para quem gosta de futebol, algumas novidades apareceram nos serviços de streaming. No Prime Video, da Amazon, chegou um documentário feito em parceria com a Federação Francesa de Futebol sobre a conquista da Copa do Mundo na Rússia. Existe um prazer de observar de perto uma preparação desse nível, mas, como se pode imaginar, tem uma pegada chapa-branca e a narrativa não é muito envolvente. Na Netflix, entrou uma produção também ligada à Copa, apresentando as seleções que já levantaram a tão sonhada taça - cada episódio é dedicado a uma campeã do mundo. É bastante elegíaca, mas vale a pena para quem gosta do tema.

A melhor, sem dúvidas, é "Sunderland até morrer", que entrou também na Netflix ainda no ano passado. Talvez porque fuja do roteiro de sucesso. No primeiro episódio vemos que o time caiu da Premier League para a segunda divisão inglesa, o chamado Championship, e quer fazer dessa queda um bate-e-volta rápido. Mas rapidamente as coisas começam a dar errado. A série ainda consegue mostrar como o destino de um time de futebol pode envolver e abalar toda uma cidade.