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Yasmin Garrido
Publicado em 11 de setembro de 2018 às 04:00
- Atualizado há 2 anos
Foto: Almiro Lopes/CORREIO Entre os anos de 2014 e 2017, as empresas do setor industrial baiano gastaram cerca de R$ 2,5 milhões em serviços de saúde e segurança dos trabalhadores, a exemplo de consultas e exames. Essas informações agora podem ser armazenadas na nova plataforma do Serviço Social da Indústria (Sesi) na Bahia, lançada nesta segunda-feira (10), no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (Fieb), no Stiep.>
Chamado de Sesi Viva Mais, o serviço permite tanto às empresas quanto aos empregados acessarem as bases de dados por meio de computador, celular, tablets ou qualquer outro dispositivo com acesso à internet.>
O Sesi Viva+ reúne toda e qualquer informação relativa à segurança e saúde do trabalhador e tem o sistema integrado às exigências do e-Social, que recolhe e envia informações ao governo.>
Basicamente, o Sesi Viva+ concentra a gestão de dados sobre saúde e segurança das empresas, além de criar estatísticas sobre o perfil do trabalhador, o que permite à indústria fazer um planejamento das necessidades do quadro de funcionários, além de ajudar na prevenção de acidentes e no aumento da produtividade.>
"Essa é uma solução para um dos aspectos do e-Social, que é o de saúde e segurança do trabalho. Essa área tem um conjunto normativo enorme e que as empresas precisam atender na hora de enviar as informações ao governo", explicou Armando Neto, superintendente do Sesi.>
Segundo ele, "com a base de dados unificada, vai ser possível fiscalizar mais rápido se as empresas estão cumprindo todas as normas legais". "Ao lançar a plataforma, o Sesi pretende ajudar o empresário a atender as regras, diminuindo, inclusive, os riscos de multas", complementa.>
O novo serviço pode ser contratado por qualquer empresa industrial, independente do porte, e prepara as informações de saúde e segurança atendendo já aos critérios exigidos no e-Social: higiene ocupacional, ergonomia, análise de riscos, saúde e segurança do trabalho.>
De acordo com Armando Neto, “a partir de janeiro de 2019, todas as empresas devem alimentar o banco de dados do governo a partir do e-Social e, com isso, a plataforma Sesi Viva+ ajuda a diminuir o risco de aplicação de multa em razão da prestação de informação equivocada”.>
Autofiscalização A gerente de segurança do trabalho do Sesi Bahia, Maria Fernanda Faiçal, explica que “o Sesi Viva Mais nada mais é do que uma autofiscalização, já que são as próprias empresas as responsáveis por enviar as informações”.>
Ainda segundo ela, caso o e-Social seja preenchido de maneira errada, a empresa pode ser multada em até R$ 23.313,00.“Por isso, é importante que se adote esse tipo de base de dados, porque, além de evitar situações como essa, ainda permite que a indústria possa entender como está organizado o quadro de funcionários e identificar o que pode ser feito para melhorar a produção”, explica ela.Prazo Armando Neto ressalta que a previsão do governo federal é de que, até janeiro de 2019, todas as empresas devem enviar informações relativas à saúde e segurança do trabalhador por meio do e-Social. “O Sesi está preparado para atender a todas as indústrias da Bahia, adequando os dados ao formato do e-Social. A gente só pede que os empresários fiquem atentos às datas e aos prazos e não deixem para última hora”, destaca.>
Além de reunir as informações que serão enviadas ao governo, o Sesi Viva+ permite que o próprio empregado acesse seu sistema, podendo controlar resultados de exames, estatísticas de produtividade, o que permite que se tenha maior controle do exercício da função.>
“Outra coisa interessante é que a empresa pode saber como se estrutura o quadro de funcionários, se tem, por exemplo muita gente obesa ou com colesterol alto, o que ajuda na prevenção de acidentes, na redução de custos com afastamentos remunerados, entre outras coisas”, conclui o superintendente do Sesi.>
O que muda com o e-Social e com o Sesi Viva+ O e-Social foi instituído pelo decreto nº 8.373/14 e é um projeto do governo federal que unifica a forma como as informações trabalhistas, previdenciárias, tributárias e fiscais são prestadas pelas empresas brasileiras. Toda a comunicação entre empregado, empregador e governo acontece no meio digital, com o registro de tudo o que diz respeito ao vínculo empregatício.>
De acordo com o Comitê Gestor do e-Social, a não comunicação ou a comunicação incorreta de dados relativos às empresas e aos empregados constitui infração passível de penalidade. Por exemplo, se for constatado que o trabalhador não utiliza equipamentos de proteção individual (EPIs) nas indústrias ou que não foi estruturado o Programa de Prevenção a Riscos Ambientais, a empresa pode ter de pagar multa que varia de R$ 670,89 a R$ 6.708,59.>
Outra fiscalização que se torna mais ágil e eficiente por meio do e-Social é quanto ao afastamento temporário do funcionário e, em caso de omissão de dados, a empresa pode receber multa entre R$ 1.812,87 e R$ 181.284,63.“Muitas vezes, essas informações são omitidas não de má-fé, mas em razão da falta de preparo e intimidade da empresa com a plataforma do e-Social. Por isso, para as áreas de segurança e saúde, o Sesi Viva Mais vai ajudar as empresas a otimizarem tanto o tempo quanto os recursos”, destaca Armando Neto.O coordenador de Gestão de Pessoas do grupo CCR, José Antônio Coelho Junior, que esteve presente no lançamento do Sesi Viva+ nesta segunda-feira (10), contou ao CORREIO que “o grupo é parceiro do Sesi em outros serviços e, por isso, já fez a contratação da nova plataforma”.>
Para ele, o Sesi Viva+ “traz uma solução integrada de informações, que permite sistematizar e qualificar o atendimento dado ao funcionário, constituindo uma política de saúde preventiva do quadro de pessoal da empresa”. Lançamento da plataforma, na sede da Fieb, contou com a presença de empresários do setor industrial (Foto: Almiro Lopes/CORREIO) Já Alan Ribeiro, que é coordenador de uma empresa de médio porte, com 250 funcionários na Bahia e 1.250 em todo o país, foi conferir o lançamento para decidir, posteriormente, se vai ou não contratar os serviços do Sesi. “O mais importante para a empresa é saber em que ponto ela está acertando e em que ela precisa melhorar. O lançamento do Sesi Viva Mais permite alertar a empresa para os riscos em relação à saúde e segurança do trabalho, além de fiscalizar e cobrar os documentos referentes ao registo do e-Social, evitando prejuízos futuros. Por esses motivos, é bem provável que minha empresa contrate os serviços do Sesi mais uma vez”, observa.>
No últimos anos, houve uma redução nos registros de acidente de trabalho em empresas industriais que operam na Bahia. No entanto, de acordo com o penúltimo Anuário Estatístico do Ministério do Trabalho, em 2015 foram 5.167 ocorrências de acidente no estado, número ainda considerado alto para especialistas que estudam o assunto.>
Para adquirir o Sesi Viva+ as companhias do ramo industrial devem entrar em contato com o Sesi Bahia, que atende, atualmente, a 560 mil trabalhadores e dependentes no estado nas áreas de saúde e segurança. No últimos quatro anos, esse número chegou a 10 mil empresas industriais atendidas pela instituição.>
*Com supervisão do editor João Galdea.>