Setor de imóveis deve gerar até 8 mil vagas na Bahia este ano

Segundo o presidente da Ademi-BA, Cláudio Cunha, 27 novos empreendimentos serão lançados no estado

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  • Priscila Natividade

Publicado em 13 de janeiro de 2020 às 07:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Ilustração: Morgana Miranda/ CORREIO

O setor de construção deve puxar uma boa parte da geração de novos postos de trabalho em 2020. Isto porque, o setor está otimista com a retomada de crescimento, após amargar quatro anos consecutivos em queda. Segundo a Câmera Brasileira da Indústria da Construção (Cbic), o segmento deve fechar 2019 com crescimento de 2% - o dobro da previsão de expansão da economia, de 1%. O aumento acima do Produto Interno Bruto (PIB) não chegava a este patamar há seis anos.

Ainda com base nos dados do Cbic, a expectativa é que o crescimento este ano chegue a 3%, o que representa um potencial para criação de 150 a 200 mil postos de trabalho formais até dezembro. E este cenário deve se refletir também na Bahia, sobretudo, no segmento imobiliário.

"Importante lembrar que os três estados que mais geraram vagas na Construção, de janeiro a novembro de 2019, foram os estados que mais geraram vagas com carteira assinada: São Paulo, Minas Gerais e Bahia", considera o presidente da CBIC, José Carlos Martins.

De acordo com Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), 27 novos empreendimentos devem ser lançados ainda no primeiro semestre na Bahia, o que deve gerar, 7 a 8 mil empregos diretos ao longo do ano. 

“Começamos a voltar a crescer no último trimestre de 2019. De 2012 até o passado recente, perdemos uma boa parte da nossa mão-de-obra. Sofremos muito, mas o setor está otimista em voltar a contratar com essa recuperação”, analisa Cláudio Cunha, presidente da entidade.

Nova fase

O panorama também anima o setor da construção. Para o presidente do Sindicato da Indústria da Construção do Estado da Bahia (Sinduscon-BA), Carlos Marden, afirma que alguns nichos de mercado com experiência de imóveis mais compactos e bem localizados, devem responder, neste primeiro momento, por boa parte da demanda de contratações. 

“Na construção civil, a base ainda é formada pelo o operacional: servente, pedreiro, carpinteiro, eletricista. Isso não muda. Porém, o setor começa a exigir novas especialidades, principalmente na área de tecnologia que já se faz presente no canteiro de obras. O mercado começa a se abrir para quem possui essa qualificação”, considera.

O presidente da Abrainc Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias (Abrainc), Luiz França, reforça o aumento na oferta de crédito imobiliário como outro ponto positivo para engrenar a retomada: 

“Realizamos um levantamento que mostra que a queda da taxa Selic para 4,5%, pode dar acesso a crédito imobiliário a 2,8 milhões de famílias. Cenário capaz de responder por 5% de todos os empregos gerados no país”.     

Qualificação

Empresas como a MRV estão de olho justamente nesses profissionais, que dominam não apenas a capacidade e o conhecimento técnico, mas que precisam vir com uma boa bagagem de competências emocionais, como destaca o gestor executivo da MRV Salvador, Luís Felipe Monteiro. 

A construtora pretende contratar, só em Salvador, mais cinco gerentes, três supervisores e 100 corretores para agregar o time de vendas. Os interessados podem cadastrar o currículo no site da MRV ou acompanhar a oferta de vagas no LinkedIn.“Temos grandes lançamentos para sair este ano. Em média, são 2 mil apartamentos para lançar na Bahia e mais 2 mil em estoque”, pontua Luis Felipe Monteiro. 

Para ele, sai na frente o profissional que tem alto grau de resiliência, proatividade e senso de empreendedorismo. “São características que nós não abrimos mão nos profissionais de liderança. É essencial ter sentimento de dono, equilíbrio emocional para lidar com os desafios e garantir a entrega destes projetos”, acrescenta o gestor da MRV.  

CINCO COMPETÊNCIAS PARA O PROFISSIONAL QUE ATUA NO SETOR

Qualificação O setor da construção civil está em constante transformação. Para o coordenador dos Cursos de pós-graduação de Engenharia da  UNIFACS, Carlos Gantois, tendo em vista os processos de automação é preciso se qualificar. “Saber utilizar a ferramenta BIM é um exemplo disso. Vivemos a era que precisamos de profissionais que saibam operar a tecnologia dentro da indústria 4.0”.

Gestão construtiva Outro ponto importante, segundo Gantois é saber aliar teoria e prática: “É preciso entender a engenharia como ato criar e utilizar as ferramentas para melhorar a produtividade. A partir disso, surgem as oportunidades”. Entre elas ele destaca as obras de infraestrutura: “Energia eólica e solar, ferrovias, rodovias também são mercados que estão se fortalecendo”.

Inteligência emocional  Gantois afirma que é aí que entra o diferencial entre um profissional que domina apenas a técnica de um que agrega, além disso, um perfil de liderança. “Dominar a técnica e ter conhecimento das novas ferramentas, inteligência emocional, liderança, engenhosidade (capacidade de criar), saber enfrentar situações adversas, resiliência”.

Inovação Vale o reforço de agregar conhecimento e  chegar na empresa junto com a indústria 4.0. “Os profissionais que tiverem mais capacitados terão mais oportunidades. Essa base tem que ser incrementada com habilidades de gerenciamento com foco no uso de novas tecnologias, visão holística do processo  e racionalização para melhorar a produtividade”, pontua.

Multifuncional  O profissional precisa conhecer o processo como um todo - desde o acompanhamento do chão da obra, até a operacionalização de drones, por exemplo, o que já é uma realidade dentro dos novos empreendimentos. “Ainda somos um setor que depende muito da mão de obra. Ou seja, a construção civil é uma área de oportunidades”, acrescenta o especialista.