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Georgina Maynart
Publicado em 8 de agosto de 2019 às 05:54
- Atualizado há 2 anos
As áreas de florestas plantadas na Bahia registraram um crescimento anual de 9,4% entre 2017 e 2018. Uma expansão que tem estimulado os empresários do segmento, que pretendem investir pelo menos R$ 2 bilhões nos próximos cinco anos no estado.>
“Estes investimentos serão realizados em novos plantios, em programas socioambientais, em pesquisas, inovação e modernização industrial”, afirma Wilson Andrade, diretor-executivo da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF).>
O setor quer aproveitar o momento e estreitar ainda mais os laços com universidades e centros de pesquisas que desenvolvem práticas sustentáveis e produtos inovadores a partir do eucalipto. “Queremos aproximar a indústria da academia e da sociedade. Realizar ações de cooperação com universidades estaduais e federais. A ideia é trocar informações, dialogar cada vez mais, para que possamos crescer juntos”, completa Andrade.>
Segundo o relatório Bahia Florestal, lançado ontem (7/8) em Salvador, durante a aertura do IV Congresso Brasileiro de Eucalipto, o estado possui 657 mil hectares de plantações florestais, o que lhe garante o quarto lugar no ranking nacional no cultivo do eucalipto. A árvore ocupa cerca de 94% da área cultivada por floresta, seguida pelas seringueiras. Ainda de acordo com o documento, as fazendas baianas já possuem a maior produtividade do país no cultivo de florestas plantadas, ultrapassando 30 metros cúbicos por hectare ao ano. E que cerca de 20% dos plantios florestais do estado são mantidos por pequenos e médios produtores.>
O congresso reúne até hoje os principais representantes nacionais do setor, além de produtores rurais baianos, autoridades políticas e pesquisadores.“Acreditamos que as florestas plantadas podem atender a demanda crescente mundial. O mundo precisa plantar 250 milhões de hectares até 2050. Nós podemos fornecer esta bioeconomia que exige cada vez mais sustentabilidade, que retém carbono e preserva as florestas nativas. Usamos cada vez mais tecnologia e ciência aplicada aos nossos produtos e queremos mostrar isso para todos”, afirma Paulo Hartung, presidente da Indústria Brasileira de Árvores (Ibá).>
SUSTENTABILIDADE>
Atualmente 634 empresas de base florestal atuam na Bahia. Elas produzem derivados da madeira nos segmentos de celulose e papel, madeira sólida e material energético. Juntaos, esses cultivos respondem por 7% da produção nacional de madeira e por 15% da celulose gerada do país. E é este uso múltiplo sustentável do eucalipto é um dos principais temas do congresso. Na Bahia, mais de 65% das áreas de cultivo já possuem certificados de sustentabilidade.>
Cerca de 65% dos plantios florestais da Bahia estão na região sul do estado. O litoral norte concentra 23% da área plantada, a região oeste cerca de 6%, e 4% estão na região sudoeste.>
Wilson Andrade e Moacyr Fantini Junior, da Abaf (à esquerda) e Paulo Hartung, do Ibá (de azul) dão entrevista no IV Congresso Brasileiro de Eucalipto (Foto: Valter Pontes) >
Uma das fortes tendências é o fortalecimento dos projetos que envolvem o sistema de integração entre pecuária, lavoura e floresta, o chamado IPLF. “Essa integração entre as culturas permite melhorar o aproveitamento econômico do solo, dos equipamentos e da mão de obra disponível durante o ano todo, favorecendo o abastecimento dos três setores, além de gerar mais emprego e renda no campo”, aponta o relatório.>
Outro desafio do setor na Bahia é aumentar a verticalização da cadeia produtiva, e para vencê-lo é preciso incentivar a instalação de indústrias que beneficiem o eucalipto no próprio estado. Cerca de 80% da madeira consumida aqui ainda vem de outros estados.>
TRIBUTOS>
As florestas plantadas são cada vez mais importantes para a economia baiana. Ano passado, o setor florestal industrial gerou R$ 14,2 bilhões para o Produto Interno Bruto, o que representa 5,4% do PIB do estado.>
A cadeia produtiva do eucalipto é responsável ainda por 18,4% das exportações baianas e chegou a pagar, em 2018, mais de R$ 4,12 bilhões em impostos, o equivalente a 4,3% do total arrecadado em tributos no estado. De acordo com os dados, o setor emprega cerca de 234,5 mil pessoas no estado.“O Eucalipto é um produto do meio rural e temos que ter orgulho deste cultivo que gera empregos formais e leva benefícios para as comunidades ao redor. Este cultivo está ligado ao avanço tecnológico, as pesquisas e ao desenvolvimento social”, afirma Moacyr Fantini Junior, presidente da Associação Baiana das Empresas de Base Florestal (ABAF). CONGRESSO>
Durante o congresso brasileiro, estão sendo discutidos assuntos como segurança jurídica, estabelecimento de créditos fiscais, logística, liberação de compra de terra para empresas com capital estrangeiro e licenciamento ambiental mais ágil e seguro. >
“Ao contrário do que muitos pensam, nós defendemos o código florestal, cumprimos a lei integralmente, e queremos que ele seja cumprido com rigidez. Por isso propomos conversar mais com todos os setores, expor mais o que pensamos e implantamos, para evoluir mais neste processo”, acrescenta Hartung.>
Dados da Ibá mostram que as florestas plantadas ocupam cerca de 8 milhões de hectares no Brasil, o correspondente a 1% do território nacional.>
“Nós temos que discutir a questão fundiária e ambiental. Este é um grande desafio que temos que enfrentar, senão o Brasil não vai avançar”, disse Valdir Colatto, chefe do Serviço Florestal Brasileiro órgão ligado ao Ministério da Agricultura.>
Em todo o país, os investimentos do setor devem ultrapassar os 22 bilhões de dólares entre 2019 e 2024.“As florestas plantadas, assim como a mineração e a produção de energias renováveis são fundamentais para o nordeste. Precisamos trabalhar melhor para agilizar estas atividades comprometidas com o desenvolvimento econômico”, afirmou Ricardo Alban, presidente da Federação das Indústrias do Estado da Bahia na abertura do congresso.>