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Da Redação
Publicado em 14 de setembro de 2022 às 13:18
O salário-base de quase metade dos profissionais de educação da rede pública da Bahia em 2021 foi inferior ao Piso Nacional do Magistério. A informação é do Tribunal de Contas do Estado (TCE), cujo relatório revelou que 16.479 (46%) do total de 35.819 servidores tiveram vencimentos iniciais abaixo de R$ 2.886,24, que era o valor vigente no ano passado para jornada de 40 horas semanais. >
Segundo auditoria da Corte, a quantidade de educadores com salários menores do que prevê a lei federal aumentou progressivamente nos últimos três anos. Em 2019 foram 13.393, em 2020 o número saltou para 16.083 e avançou ainda mais em 2021 com um acréscimo de 396 profissionais.>
O descumprimento contínuo à Lei Federal nº 11.738/2008 ocorreu quando a gestão da Secretaria de Educação da Bahia estava sob a responsabilidade de Jerônimo Rodrigues, hoje candidato do PT ao governo da Bahia. >
A passagem do petista pela pasta também ficou marcada pela ausência de ações que pudessem tirar a Bahia do último lugar no ranking nacional que mede a qualidade do ensino médio - faixa escolar de responsabilidade exclusiva do governo estadual. >
Na pandemia, por exemplo, a Bahia tirou nota zero no ensino à distância, segundo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV) que analisou as iniciativas de educação online por todo o Brasil. Sob a administração de Jerônimo os estudantes não tiveram um dia de aula sequer em 2020. Em outra ponta, a prefeitura de Salvador foi referência nacional no ensino à distância, de acordo com o mesmo estudo.>
Para conter a defasagem reincidente dos governos petistas na remuneração dos professores, os técnicos do TCE advertiram o Executivo que o valor base da remuneração já deve constar nos editais de seleção, inclusive nos casos de contratação via REDA (Regime Especial de Direito Administrativo.>
O relatório técnico ressalta ainda que o pagamento do piso se aplica igualmente a todos os profissionais do magistério de diferentes grupos e subgrupos, salve-se quando há diferença na formação inicial, “uma vez que exercerem a mesma função (docência) e que a própria Lei Federal nº 11.738/2008 não faz distinção”.>
Para além do impacto direto no bolso dos professores, o não pagamento do salário-base por parte do governo baiano compromete uma das metas do Plano Estadual de Educação, que é a existência do Planos de Carreira para os profissionais da Educação Básica pública, cuja remuneração deve ter como referência o Piso Salarial Profissional Nacional. >
Desvalorização na carreira Uma Orientação Recomendatória do Comitê Técnico de Educação (CTE) do Instituto Rui Barbosa (IRB), que reúne integrantes de vários tribunais de contas do Brasil, incluindo a Bahia, deliberou que o valor do piso nacional deve, sim, ser aplicado no vencimento inicial da carreira do magistério a fim de que as eventuais promoções e progressões dos professores aconteçam a partir de tal remuneração. >
A medida, ignorada pelo governo da Bahia ao longo dos últimos anos, funciona como um sistema de proteção para não haver a lógica inversa de desvalorizar aquele professor que já ascendeu na carreira e cuja remuneração pode exceder o Piso Nacional.>