Sob protestos, Villas do Atlântico terá abrigo para médicos com coronavírus

Moradores criticam decisão do governo de usar Hotel Malibu para quarentena

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  • Carmen Vasconcelos

Publicado em 28 de março de 2020 às 16:58

- Atualizado há um ano

. Crédito: Divulgação/ Por Eduardo Coutinho

O anúncio feito pelo governador Rui Costa pelas redes sociais, no início da noite dessa sexta-feira (27), deixou um grupo de moradores de Villas do Atlântico, em Lauro de Freitas, Região Metropolitana de Salvador, em pânico. A perspectiva de ver o Hotel Malibu como um local de abrigo aos profissionais de saúde que tenham contraído a Covid-19 mobilizou os moradores, que passaram a protestar contra a decisão do poder público por, segundo eles, expor a comunidade.

De acordo com a presidente da Associação de Moradores de Villas do Atlântico (Amova), a médica intensivista Janaína Ribeiro, a preocupação dos moradores não reside em preconceito ou falta de senso de colaboração, mas está pautada na completa ausência de precedente técnico para a decisão.

“Não se pode resolver um problema criando outro. O certo seria que esses profissionais fossem atendidos numa unidade de saúde equipada com todo o instrumental necessário para garantir o tratamento desses profissionais”, disse a médica. 

Em nota, a Secretaria da Saúde do Estado (Sesab) salientou que, até segunda ordem, a decisão será mantida e que todas as medidas de segurança serão tomadas no sentido de proteger a comunidade.

Janaína Ribeiro, no entanto, argumentou que, na noite da sexta, a prefeita de Lauro de Freitas Moema Gramacho havia se comprometido a não permitir que o Hotel Malibu fosse usado com essa finalidade. A médica sugeriu ainda que o local mais indicado para esse fim seria o Hospital Metropolitano, que estaria preparado para atender os pacientes hospitalizados pela Covid-19.

“A medida do estado vai de encontro ainda com o Termo de Ajustamento de Conduta do Loteamento Villas do Atlântico, que normatiza o tipo de estabelecimento comercial que pode ser realizado na localidade, composta por uma população prioritariamente de risco, por ser mais idosa”, justificou a presidente da associação de moradores.

Em seu pronunciamento, Rui Costa afirmou que para cada servidor que eventualmente contraísse o vírus, o hotel serviria como uma a opção de 14 dias, evitando o risco de contaminação de sua família.

“Será opcional, mas é uma medida protetiva para as famílias dos servidores da saúde”, afirmou o governador. O Hotel Ibis, que seria utilizado para esta finalidade, não terá mais essa função.

Como instensivista, Janaína afirma que a decisão do governador não se baseia em nenhuma norma técnica e que uma medida como essa não pode tomar como base a pressão popular ou por critérios políticos. “O quartel general de combate à pandemia é o Ministério da Saúde”, falou.