Sonia Robatto relança 50 histórias infantis criadas por ela

Contos foram escritos pela atriz nos anos 1970 e chegam ao streaming neste sábado (20)

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Publicado em 19 de março de 2021 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Rafael Grilo/divulgação

A atriz e escritora baiana Sonia Robatto, 82 anos, dedicou boa parte de sua vida profissional às crianças. Calcula que até hoje tenha publicado em torno de 400 histórias para o público infantil. Ela é também a criadora de um clássico que contribuiu para a educação de diversas gerações: a revista Recreio, lançada pela Editora Abril em 1969 e que chegou a vender, segundo Sonia, 180 mil exemplares semanais na década seguinte.

Foi nos anos 1970 que a escritora atingiu o ápice de sua produção infantil: num “surto”, como ela mesma define, partiu para a Ilha de Itaparica e trancou-se na casa de veraneio para escrever nada menos que 365 histórias para crianças. Dali, nasceu a coleção Nana Nenê - Uma História Para Cada Dia, pela mesma editora Abril. Os fascículos chegavam mensalmente às bancas ou eram vendidos de porta em porta. E eram acompanhados de uma fita cassete com a versão em áudio das histórias. As composições e a produção musical são de João Milet Meirelles Agora, praticamente cinco décadas depois, uma parte daqueles contos pode ser ouvida pelas crianças. Mas, em vez da fita cassete, tudo estará em versão digital. O projeto, que ganha o nome Histórias de Vovó Candinha, reúne 50 daqueles textos criados por Sonia, desta vez gravados na voz da própria autora. 

O lançamento será sábado (20), às 16h, no YouTube do Vila Velha, com a presença de Sonia. Além dela, estarão o diretor geral do projeto, Marcio Meirelles, e Vanda Machado, doutora em educação. As histórias ficarão disponíveis no mesmo canal e também no Spotify e no site historiasdevovocandinha.art.

Voz de Sonia A versão atual das histórias tem um charme especial: Sonia dá voz a todos os personagens, ao contrário do que ocorreu nos antigos fascículos, quando a atriz participava interpretando um ou outro personagem. A atriz, que passou quase dois meses nas gravações, montou um pequeno estúdio em casa.  A coleção Nana Nenê saiu pela Editora Abril e foi reeditada pela Editora Globo “Foi uma experiência ótima e, apesar de inédita para mim, já tinha ideia de como fazer, afinal criei os personagens e quando a gente está escrevendo, dá vida a eles na nossa cabeça e 'ouve' as vozes deles. Então, já sabia qual era a intenção de cada um. No mundo do invisível, os personagens estão vivos. Então, é só chamar que eles vêm”, diz a escritora, que chega a fazer quatro vozes diferentes em uma história, que leva, em média, três minutos.

O projeto tem ilustrações e identidade visual de Lia Cunha e Isabella Coretti. As composições e a produção musical são de João Milet Meirelles. “A arte é fundamental para nosso entendimento do mundo e para o entendimento profundo do que está à nossa volta. Esse projeto em específico é importante por dar um calor de vó às crianças nesse momento em que o contato é restrito”, afirma João.

O projeto foi pensado para preencher o tempo das crianças neste período de pandemia. “No isolamento, os meninos estão 'presos' em casa e não saem para brincar. Então me juntei a outros artistas do Vila Velha [Sonia integra a companhia Teatro dos Novos, que faz parte do Vila Velha] e criamos o Histórias de Vovó Candinha para preencher esse espaço das crianças. Também queremos que as escolas adotem as histórias”, diz Sonia. Segundo número da Recreio, revista criada por Sonia Robatto Temas Os temas dos contos são diversos e envolvem temas como ética, natureza, medo e cidadania. Numa delas, por exemplo, É Proibido Proibir, um ratinho instala uma placa que proíbe gatos de passarem ali. Em seguida, o gato proíbe os cães de passarem perto dele. E assim segue, até que todos os animais ficam proibidos de sair de casa. Até que um elefante chega, arranca todas as placas e instala uma nova: “É proibido proibir”. É claramente um recado a favor da democracia e da liberdade.

Mas Sonia não gosta de lições de moral e prefere que a criança tire suas próprias conclusões. “Gosto de inserir a criança em um mundo melhor, de incitá-la ao diálogo e de mostrar que se pode viver bem. E tenho um código de ética onde as coisas não acontecem com violência”, afirma a autora.

Lançamento sábado (20), às 16h, em youtube.com.br/teatrovilavelha. Histórias disponíveis no mesmo canal e no Spotify