Suspeito de furtar bicicleta de casal que acusou jovem negro é preso no Rio

Branco, ele é conhecido como Lorão e já foi preso outras sete vezes

Publicado em 17 de junho de 2021 às 15:39

- Atualizado há um ano

. Crédito: Reprodução

O suspeito de furtar a bicicleta de Mariana Spinelli e Tomás Oliveira, no final de semana, no Rio de Janeiro, foi preso na noite da quarta-feira (16) por policiais da 14ª Delegacia. O caso teve destaque nacional depois que o casal interpelou o instrutor de surfe Matheus Ribeiro logo após o crime, por estar com uma bicicleta similar. Matheus, que é negro, prestou queixa contra o casal, afirmando que só foi acusado pelo crime por racismo. 

Igor Martins Pinheiro, 22 anos, conhecido como Lorão, foi preso em casa, em um prédio de Botafogo, na zona sul do Rio. No apartamento foram encontrados a bermuda que ele usava no momento do furto, registrado em vídeo, e ferramentas usadas no crime, como o alicate de corte para romper cadeados. 

As imagens mostram que Igor agiu rapidamente, em uma esquisa, arrombando o cadeado, subindo na bicicleta e saindo pedalando. Tudo durou menos de dois minutos. Ele já tem passagem policial, com 14 situações anteriores de furto de bikes, com outras sete prisões. "Chegamos a ele através de uma testemunha que viu o caso e pensou que era algo normal e análise de câmeras de segurança. O suspeito foi reconhecido pela inteligência da delegacia. Ele é um criminoso contumaz", disse a delegada Natacha Oliveira a O Globo. (Foto: Reprodução) Racismo Matheus filmou parte da interação com o casal que o abordou e publicou o vídeo nas redes sociais. “Ela não tem ideia de quem levou sua bicicleta, mas a primeira coisa que vem à sua cabeça é que algum neguinho levou”, escreveu ele na legenda. O casal só desistiu depois de tentar abrir o cadeado dele com a chave e não conseguir. 

Na delegacia, Mariana e Tomás negaram que abordaram Matheus por ele ser negro, afirmando que as bicicletas e cadeados eram idênticos. Ela alegrou que estava desesperada porque acabou de comprar a bicicleta elétrica em 12 parcelas, não tendo nem mesmo pago a primeira ainda.

Para a delegada Natacha, trata-se de crime de calúnia, pois não há nenhum sinal de que houve ofensas de caráter racial. “Em nenhum momento, tanto diante da narrativa do Matheus, como diante da narrativa dos investigados, veio aos autos qualquer menção por parte destes no sentido de terem realizado alguma ofensa expressa de caráter racial. Razão pela qual, com base também na análise dos elementos objetivos do fato, da análise do caso concreto, não houve instauração de procedimento para apurar o crime de injúria racial, e sim o crime de calúnia”, diz.

Matheus discorda. "Se eu fosse branco não seria abordado de tal forma", afirma.