Suspeitos mortos pela polícia em Santa Cruz são identificados

Suspeitos têm entre 18 e 25 anos; SSP afirma que trio trocou tiros com militares

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  • Tailane Muniz

Publicado em 11 de dezembro de 2018 às 18:24

- Atualizado há um ano

. Crédito: Foto: Almiro Lopes/CORREIO

O Departamento de Polícia Técnica (DPT) informou, no final da tarde desta terça-feira (11), a identificação dos três mortos pela Polícia Militar, na tarde desta segunda-feira (10), no bairro de Santa Cruz, em Salvador. A Secretaria da Segurança Pública da Bahia (SSP-BA) afirmou que o trio faz parte do grupo de traficantes que trocou tiros com PMs das Rondas Especiais (Rondesp) e, em seguida, invadiu o do Centro de Saúde Osvaldo Caldas Campos, no mesmo bairro, fazendo 16 reféns por pelo menos três horas. 

Os mortos são foram identificados como José dos Santos Farias, 25 anos, Cláudio Januário dos Santos, 18 e Éricles Dias Borges dos Santos, 22. De acordo com o DPT, os três corpos continuam no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IMLNR), onde aguardam a liberação dos familiares. 

Em nota, a SSP-BA informou que três armas 9mm das marcas Taurus, Canik Smith & Wesson, além de drogas, foram apreendidas com os suspeitos. De acordo com a pasta, os três chegaram a ser socorridos para o Hospital Geral do Estado (HGE), onde não resistiram aos ferimentos e morreram. Na ação, um PM foi baleado na mão, mas recebeu alta após ser medicado. 

SSP também afirmou que Éricles e José tinham passagem pela polícia, ambos pela prática de roubo. "José acumulava outras acusações, quatro delas por tráfico de drogas e também por fugir da Delegacia de Irará, em 2014", diz a nota. 

Um fonte ligada à polícia afirmou ao CORREIO que o grupo pertence à facção criminosa Comando da Paz (CP), que predomina o comércio de drogas em toda região do Complexo do Nordeste de Amaralina.

Cárcere em posto de saúde Os dezesseis servidores e pacientes do Centro de Saúde Osvaldo Caldas Campos, entre eles uma adolescente de 12 anos, que foram feitos reféns no final da tarde desta segunda-feira (10), dentro do posto, foram liberados às 19h20. Os quatro suspeitos foram levados em viaturas para o Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), na Pituba. Dois deles, identificados como Danilo Santos Nascimento, 28 anos, e Caíque Silva Cerqueira, 19, além de outros dois, que ainda não tiveram os nomes divulgados pela polícia, também foram levados à sede da unidade da Polícia Civil.

Algumas das vítimas também foram levadas até a unidade, ainda na noite de ontem, onde prestaram depoimento. Sem de identificar, algumas conversaram com o CORREIO.

Uma das reféns garantiu que ninguém sofreu violência."Não ameaçaram a gente de morte. O negócio todo foi o susto. A incerteza do que ia acontecer. Mas graças a Deus, tudo terminou bem", afirmou a mulher, que havia ido até o posto buscar remédios.Um outro rapaz, funcionário da unidade, confirmou que não sofreram ameaças ou foram agredidos nas quase quatro horas em que permaneceram dentro do posto. "Eu não sei como foi ao certo, de repente ouvi uma gritaria e uma pessoa armada. Ficamos numa sala de triagem. Senti medo, mas acreditei que tudo ficaria bem", disse, também sem se identificar.

Em frente ao DHPP, familiares de Caíque e Danilo contestaramm a versão da Polícia Militar - que afirma ter sido recebida a tiros por cerca de 20 homens armados. Com os suspeitos envolvidos no cárcere do posto de saúde, de acordo com capitão Luiz Henrique, do Batalhão de Operações Especiais (Bope), um revólver calibre 38 foi apreendido. 

Troca de tiros Mãe de Caíque, a manicure Bárbara Silva Cerqueira, 43, foi levada até o posto de saúde e ajudou nas negociações. "Pedi a ele que se entregasse, que ele não ia ser morto. Minha única preocupação era que ele saísse de lá sem vida. Infelizmente, minha dor é enorme, de ver meu filho nessa situação. Ele não tinha necessidade disso", afirmou ao CORREIO.

Segundo ela, Caíque, que é nascido e criado no Nordeste, foi preso por tráfico de drogas há cerca de dois anos. "Ele passou três meses preso. Saiu e já não estava mais se envolvendo como antes. Eu não acredito que hoje ele estava armado", disse.

Uma testemunha ouvida pelo CORREIO contou que era por volta de 15h30 quando militares das Rondas Especiais (Rondesp) chegaram no Largo do Teodoro, em frente ao posto médico. "Já chegaram atirando. Eu sei que alguns deles se envolviam, mas não houve troca de tiros. Entraram no posto pra não morrer, por medo", disse.