Sustentabilidade é tema recorrente no trabalho das mineradoras baianas

Empresas que compõem o SINDIMIBA promovem ações que contribuem para a preservação ambiental

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  • Do Estúdio

Publicado em 27 de agosto de 2019 às 06:00

- Atualizado há um ano

. Crédito: Eduardo Moody/divulgação

Duas frentes marcam o trabalho da atividade mineradora na Bahia: o impacto produtivo na economia do estado, que o coloca em destaque no cenário nacional, e as iniciativas de cuidados socioambientais em projetos realizados pelas empresas que compõem o Sindicato das Indústrias Extrativas de Minerais Metálicos, Metais Nobres e Preciosos e Magnesita (SINDIMIBA). O objetivo é pensar em ações que contribuam para a preservação ambiental, além de melhorar a imagem da mineração no estado e melhorar os índices sociais das comunidades nas quais as empresas estão inseridas.

Diretor da Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) e presidente do SINDIMIBA, Paulo Misk elenca as principais áreas de atuação dos projetos sociais desenvolvidos pelas mineradoras associadas:  qualificação profissional e geração de emprego e renda, educação, esporte e cultura, treinamento e desenvolvimento da sociedade e apoio a políticas públicas visando atender as necessidades críticas das comunidades em que as mineradoras atuam. “O foco é criar condições das comunidades se desenvolverem de forma independente e digna. O sindicato é uma ferramenta de apoio e disseminador das melhores práticas. Contribui também para corrigir uma grande deficiência das mineradoras, que é a comunicação com a sociedade”, explica Misk.

Indústria sustentávelPensando sob esta ótica, a Federação das Indústrias do Estado da Bahia (FIEB) realiza o prêmio Indústria Baiana Sustentável com o objetivo de reconhecer, estimular e premiar as empresas que se destacam na implementação de atividades que contribuem para melhoria contínua de seus processos, por meio do aumento de produtividade, com menos recursos e impactos negativos para o meio ambiente, aumentando a competitividade em alinhamento com o conceito de sustentabilidade. Na edição de 2018 foram 45 projetos inscritos e 29 empresas concorrendo. Tecnologia adotada pela Mina Braúna recupera mais de 95% da água utilizada no processamento do minério e evitou a construção de barragem de rejeitos (Foto: divulgação/Lipari) A Lipari é uma mineradora que opera a Mina de Diamantes Braúna, em Nordestina - a 259 quilômetros de Salvador. Com o projeto de recuperação de água da mina Braúna, a empresa foi eleita a segunda melhor iniciativa na categoria Tecnologias Limpas da premiação da FIEB - um case no tratamento de rejeitos de mineração e otimização do consumo de água nas operações mineiras. Gerente de Meio Ambiente e Recursos Minerais da Lipari, Eric Bruno conta que o sistema composto por espessador e centrífuga separa as fases líquida (água) e sólida da lama do rejeito. A água clarificada retorna ao processo com recuperação superior a 95%, enquanto que o sólido, com baixa umidade, é destinado na pilha de estéril, eliminando a necessidade da barragem de rejeitos e reduzindo a captação de água nova do rio local.  Programa de qualificação profissional da Lipari Mineração já beneficiou mais de 300 nordestinenses com cursos em áreas como Mecânica de motos, Produção de alimentos, Soldagem e Construção Civil (Ulisses Dumas/divulgação) “O projeto conceitual da mina previa uma barragem de rejeitos, descartada ao longo do processo de licenciamento ambiental. Independente dos riscos associados a uma barragem de rejeitos, a implantação da estrutura iria duplicar a área ocupada pelo empreendimento atualmente. Com a taxa de recuperação conseguida com o desaguamento do rejeito, o empreendimento capta somente 20m³/h de água no rio Itapicuru, diminuindo a demanda por água, recurso escasso na região”, destaca Bruno.

A empresa realiza ainda o programa Impulso, focado na oferta de cursos profissionalizantes para a melhoria da qualificação da mão de obra local e geração de renda através da empregabilidade ou do empreendedorismo, considerando o potencial, vocações e demanda reprimida do município.

Educação ambientalA BAMIN atuará com extração de ferro da mina Pedra de Ferro e mantém um Centro de Conservação Socioambiental nas fazendas Vale da Cachoeira e Vale do Paraíso, no município de Pindaí. O centro é a base operacional de meio ambiente para programas e atividades de educação ambiental. O projeto tem o Museu Pedra de Ferro, com um acervo arqueológico, de fauna e flora local com destaque para a conservação do Mexerica (sítio rupestre pré-histórico resgatado pela empresa em 2012), o Centro Provisório de Apoio Veterinário de Animais Silvestres, um orquidário, um viveiro de mudas e rustificação, laboratórios de qualidade do ar e de monitoramento dos recursos hídricos e organismos aquáticos.  Centro de Conservação Pedra de Ferro (CCPdF) (Foto: divulgação/BAMIN) A empresa é responsável ainda pelo Centro Ambiental Porto Sul (CAPS), um complexo de estruturas físicas que dá suporte aos programas ambientais para licenciamento das obras do Porto Sul. “Os programas têm impacto positivo nas comunidades, uma vez que favorece as ações educativas de preservação e consciência ambiental. O resgate e a conservação de espécies são fundamentais para a preservação de espécies raras, sobretudo dos biomas que historicamente foram alterados pelas atividades do homem”, afirma Daniel Medeiros, gerente geral de Sustentabilidade e Relações Institucionais da companhia.

Vínculos SustentáveisO SINDIMIBA tem também como associada a RHI Magnesita, que atua na Bahia, em Brumado e Santaluz e desenvolve o Projeto Social Vínculos Sustentáveis. Trata-se da implantação de uma fábrica de vassouras e mini marcenaria que tem como base, princípios como o exercício da responsabilidade social e proteção ambiental com redução de 12 mil garrafas por mês dispostas no meio ambiente. O Diretor da empresa, Pedro Leite explica que a amplitude de ações abrangeu a sociedade e as classes menos favorecidas economicamente, oportunizando geração de renda para as famílias envolvidas no projeto, beneficiando 30 mulheres de baixa renda e oriundas de uma comunidade rural.  Projeto Social Vínculos Sustentáveis (Foto: divulgação/RHI Magnesita) O projeto acontece na comunidade de Campo Seco, em parceria com a associação de moradores, com 30 famílias assistidas e as vassouras são comercializadas em dez supermercados da cidade e também nas comunidades vizinhas. “A RHI Magnesita, além de oferecer emprego a mais de 680 pessoas, desenvolve fornecedores, parceiros, que são responsáveis por empregar mais de 580 pessoas”, afirma Pedro Leite. Ele conta também que neste ano a empresa investiu mais de R$ 2 milhões em projetos sociais, atendendo aproximadamente 6 mil pessoas.

Participação comunitáriaA Leagold, mineradora de ouro localizada no município de Barrocas, na Bahia, abrange as comunidades dos municípios de Barrocas, Biritinga e Teofilândia. No ano de 2018, a mina recebeu o 2º lugar na modalidade Projetos Socioambientais da 12ª Edição do Prêmio Indústria Baiana Sustentável da FIEB, com o projeto Seminário de Participação Comunitária. Este programa é uma ação de responsabilidade socioambiental que financia projetos que contribuem para o desenvolvimento sustentável das comunidades, desde o ano de 2007. Por meio dele, a mina oferece aporte para associações e instituições que desenvolvem projetos de cunho educacional, iniciativas ambientais, culturais, econômicas, saúde e de transformação social, onde gere emprego e renda. Desde que foi criado, o projeto já contemplou 294 projetos com um investimento de mais de R$ 2 milhões, beneficiando cerca de 80 mil pessoas direta ou indiretamente na região. Atualmente, o projeto apoia 105 associações, sendo 43 de Teofilândia, 33 de Biritinga e 29 de Barrocas. Projeto Percussivo Axé Cruz apoiado pela Leagold, através da Associação Desportiva Lagoa da Cruz em Barrocas, na Bahia (Fotos: Ulisses Dumas/divulgação) Um dos destaques contemplado pelo programa, é a Associação Desportiva Lagoa da Cruz, localizada no povoado Lagoa da Cruz, em Barrocas. Há sete anos, a ADELC promove atividades voltadas para esporte, cultura, meio ambiente e geração de emprego para os moradores. Por meio deste programa, a Leagold doa resíduos de madeira que são usados na fábrica de móveis e estofados fundada pela associação, onde jovens da comunidade recebem qualificação profissional e trabalham na produção das peças que depois são comercializadas na região, criando uma alternativa de renda para os moradores. Além disso, a ADELC direciona parte da renda obtida para o Projeto Percussivo Axé Cruz e o Projeto Bola na Rede, que incentiva práticas musicais e esportivas para crianças e jovens, o projeto apoiado já beneficiou direta ou indiretamente 2.680 pessoas da região do povoado. “Na Leagold nós temos o compromisso de contribuir para o desenvolvimento sustentável das comunidades vizinhas às nossas operações. Desde 2007, vimos o Seminário de Participação Comunitária impactar positivamente milhares de vidas, contribuindo para que as comunidades se desenvolvam economicamente e que os moradores sejam os protagonistas dessa mudança”, afirma Karine Barboza Barreto, Analista de Relações Comunitárias.

Integrar e Seminário de ParceriasA Jacobina Mineração e Comércio é a unidade baiana da Yamana Gold - produtora de metais preciosos sediada no Canadá. A empresa desenvolve os programas Integrar e Seminário de Parcerias. O primeiro destina-se a projetos nas áreas de Saúde, Meio Ambiente, Comunidade e Família, definidas com base em pesquisa de interesse com colaboradores, contratados e comunidades. Sandro Magalhães é gerente geral da companhia e conta que as ações possuem um calendário anual: “Em 2018, empreendemos 108 iniciativas, beneficiando mais de 140 mil pessoas. Além disso, essas atividades cumprem 12 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pela Organização das Nações Unidas (ONU), metas recomendadas para instituições, governos e pessoas cumprirem em prol do planeta”, revela. Complexo ambiental da Jacobina Mineração (Foto: divulgação/JMC) O Seminário de Parcerias se une às organizações sociais locais avaliando projetos de interesse da comunidade, classificados em áreas como Educação, Meio Ambiente, Saúde, Assistência Social, Cultura e Geração de Renda. De acordo com a empresa, a própria comunidade discute e define quais deverão ser contemplados com recursos do programa. “Podem participar instituições filantrópicas e de assistência social, escolas, igrejas, ONGs, associações de moradores e de classes, além de cooperativas de agentes econômicos, que sejam legalmente constituídas e atuam em Jacobina e comunidades rurais vizinhas. O apoio se dá por meio de financiamento de recursos e acompanhamento das atividades. Mais de 50 mil pessoas já foram beneficiadas com a medida”, explica Magalhães.

Projetos transformadoresResponsável pela única mina de vanádio das Américas, a mineradora Vanádio de Maracás promove, na região de Maracás, projetos sociais em segmentos diversos - passando pelo ensino de artes marciais, apicultura, culinária e corte/costura e desenvolvimento de docentes. “Ao identificar carências socioeconômicas e socioeducativas na região de Maracás, a Vanádio de Maracás desenvolveu o projeto Sustentabilidade Socioeconômica e Socioeducativa com foco na geração de emprego e renda e do Esporte como agente transformador”, conta Érica Castilho Barbosa, analista de Relacionamento Institucional e Comunidade da mineradora. Projeto de Produção de Mel com a Associação de Apicultores (AMAME) (Foto: Ulisses Dumas/divulgação) É o caso, por exemplo, do projeto Mulheres Ativas, oferecendo cursos de culinária e com o objetivo de lançar outros, como corte e costura, que contará com a disciplina de Empreendedorismo. “Esperamos que essas mulheres obtenham mais autonomia financeira e noção do seu próprio valor. Pretendemos que, com esse curso, elas recuperem e aumentem sua autoestima, percebendo que a mulher pode ocupar o lugar que ela quiser, inclusive ter uma atividade econômica se mantendo perto de casa”, diz Érica. Quando o assunto é preservação ambiental, a mineradora reserva 1.200 hectares para reserva legal e compensação ambiental. Em outros 3.000 hectares, a empresa mantém a área intacta permitindo o desenvolvimento da flora e fauna com ótimos resultados. Além disso, e empresa atua no monitoramento de fauna, flora, qualidade do ar e qualidade da água. A empresa impacta apenas 3,6% da área total que possui.

Atuação abrangenteLíder em produção de ferroligas e única produtora integrada de ferrocromo das Américas, a Ferbasa exerce atividades nas áreas de mineração, metalurgia, florestas e energia renovável. A atuação social da empresa, integrada no programa Aqui Tem Ferbasa, contribui com a tão necessária mudança de realidade da população nordestina, região onde a empresa mantém todas as suas unidades produtivas e administrativas e que, historicamente, possui os indicadores socioeconômicos mais baixos do país. “Assumimos o compromisso firmado pelo nosso instituidor, Dr. José Carvalho, de ultrapassar a fronteira do lucro, formando pessoas, desenvolvendo as comunidades e promovendo cidadania.  Ao todo são 27 municípios baianos beneficiados pelo programa, com linhas de atuação que abrangem as áreas de Educação, Arte e Cultura, Desenvolvimento Rural e Comunitário, Esporte e Meio Ambiente, beneficiando, só no ano passado, cerca de 70 mil pessoas”, explica Marcio Barros, diretor presidente da empresa. Projeto Ferbasa Educa (Foto: divulgação/FERBASA) Entre as diversas atividades estruturantes realizadas no entorno das unidades de Mineração, merece destaque o Centro Comunitário de Medrado. O espaço físico construído pela Ferbasa, e cedido para uso das comunidades, integra laboratório de informática com aulas e acesso à internet, escolinha de esportes, horta comunitária, oficina de costura com treinamento e consultoria do SEBRAE, além de cursos de qualificação profissional e ações para desenvolvimento de leitores, através do subprojeto Boa Leitura. Já o Ferbasa Educa, projeto que visa a complementação de estudos dos colaboradores da empresa, já formou mais de 300 alunos nos níveis Fundamental e Médio. A Companhia desenvolve, ainda, cursos de desenvolvimento de lideranças com foco na formação de representantes comunitários capazes de promover intervenções sociais que contribuam para a redução das desigualdades sociais e econômicas, de forma ética e democrática.

Acionista majoritária da Ferbasa, a Fundação José Carvalho oferta educação gratuita a 3.800 crianças e jovens baianos em seis escolas próprias, localizadas em Pojuca, Catu, Mata de São João, Entre Rios e Andorinha. “A Fundação mantém, também, programas socioeducativos dedicados a atividades de reforço escolar, musicalização e esportes. Isso é possível graças aos recursos provenientes dos dividendos da Ferbasa e dos seus dois centros produtivos, o Laticínio Tina e Rolf e o Parque Rolf”, ressalta Barros. 

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